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'Falta maior suporte do governo estadual aos municípios' para melhorar a saúde da Bahia, diz Leo Prates

Ex-secretário da Saúde e deputado federal propõe que os hospitais gerais se tornem especialistas e que os serviços de saúde sejam descentralizados

  • Foto do(a) author(a) Rodrigo Daniel Silva
  • Rodrigo Daniel Silva

Publicado em 19 de junho de 2025 às 05:00

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Ex-secretário da Saúde de Salvador e deputado federal Leo Prates Crédito: Marina Silva/CORREIO

Ex-secretário da Saúde de Salvador, o deputado federal Leo Prates (PDT), 47, avalia que o principal gargalo da saúde na Bahia está na alta demanda pelos serviços. Segundo ele, o problema não está na oferta, mas na sobrecarga do sistema. “Se não reduzir a demanda, pode construir 1 milhão de hospitais que não vai dar conta”. Para isso, Prates defende que o governo estadual fortaleça os municípios, responsáveis pela atenção básica. Ele também propõe que os hospitais gerais se tornem especialistas e que os serviços de saúde sejam descentralizados da capital para o interior.

O senhor tem dito que o problema da saúde na Bahia hoje não é a falta de hospitais. Na sua avaliação, onde exatamente está o principal gargalo?

Acho que a grande vantagem que ACM Neto enxergou quando me nomeou secretário de Saúde foi que eu sou engenheiro, e engenheiro sabe enxergar sistema. Eu diria que hoje há um desequilíbrio no Sistema Único de Saúde na Bahia. Como assim? Eu acho que nós estamos olhando uma ponta do problema. O problema é oferta e demanda. Nós estamos olhando a ampliação da oferta e não estamos cuidando da redução da demanda. O que hoje se chama de regulação nada mais é do que o intermediário entre a oferta e a demanda. Se eu tenho uma grande demanda e a minha oferta não é suficiente para atender essa demanda, você vai ter problema no intermediário. Então, o que eu defendo hoje é investir em áreas que não necessariamente são ligadas à saúde. O que nós temos que ter é um investimento amplo em logística na Bahia. Eu diria que é preciso também uma descentralização dos serviços de saúde.

Nós temos hoje muitos hospitais gerais e que precisam receber a sua vocação. É muito importante vocacionar alguns hospitais, especial- mente, no interior da Bahia

Leo Prates

Ex-secretário da Saúde e deputado federal 

O sistema de saúde é muito centralizado na capital?

Sim. Enalteço o Hospital Ortopédico, mas eu defendia que o hospital fosse utilizado como vetor de crescimento da saúde. O ex-senador ACM usou a rodoviária em Salvador como vetor de desenvolvimento para a região do Iguatemi, que era uma região pouco frequentada. Eu defendia que o Hospital Ortopédico fosse feito no interior para fixar médicos na região e desenvolver as residências em saúde ortopédica. E o grande problema hoje dos acidentes de moto está no interior da Bahia, por ter uma maior população. São vários acidentes, jovens esperando um, dois anos para fazer uma cirurgia ortopédica. Então, o Hospital Ortopédico é um acerto, mas, no meu entender, deveria ser colocado em Alagoinhas, Santo Antônio de Jesus ou em Barreiras.

É um erro os hospitais estaduais funcionarem como unidades gerais, e não especializadas?

Acredito que sim. Quando foi governador, o ex-senador Antonio Carlos (Magalhães) vocacionou o HGE (Hospital Geral do Estado) para queimados. Nós tivemos um acidente muito grave em Maraú, eu e (e o ex-secretário estadual da Saúde) Fábio Vilas-Boas, nos juntamos à época para ajudar essas pessoas. Essas pessoas mesmo tendo recursos foram colocadas no HGE, que é um dos melhores centros de queimados. Eu diria, da América Latina, quiçá do mundo. Eu acho que nós temos hoje muitos hospitais gerais e que precisam receber a sua vocação. É muito importante vocacionar alguns hospitais, especialmente, no interior.

Qual a maior demanda hoje dos prefeitos baiano?

Logicamente, há um subfinanciamento do SUS. Mas na época que eu era secretário, a maior demanda eram ambulâncias avançadas, que são aquelas ambulâncias que atendem as pessoas em risco de morte. Eu tenho chamado a atenção para a questão do giro de leitos.

Por quê?

Eu fui ajudar um paciente em Irecê. Fiz um apelo às pessoas da regulação, ele estava em risco de morte. Ele foi regulado para Salvador. Só que houve demora no transporte. Acho que foi 24 ou 48 horas. Esse paciente bloqueou um leito em Salvador e estava ocupando um leito em Irecê por 24 ou 48 horas. Então, se ele fosse transportado assim que ele fosse regulado, nós teríamos um giro de leito maior e nós aumentaríamos a capacidade de oferta . Uma logística de investimento em ambulâncias avançadas, em UTIs aéreas, eu acho que seria muito importante. Na época da pandemia, criamos, junto com Fábio Vilas-Boas, uma espécie de Bope, para olhar quem poderia ter alta. Não era dar alta a qualquer um, mas isso aumenta o que nós chamamos de giro de leito. Ou seja, possibilita o aumento da oferta.

Há críticas dos servidores ao Planserv. Tem solução?

Há um grande problema nos planos de autogestão. Esses planos estão fora do regramento da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e não prestam um bom serviço. Acredito que o plano de autogestão precisa ser regulado. Eu apresentei um projeto de lei na Câmara para tratar disso, sobretudo, dos aumentos abusivos. Os planos de autogestão não prestam um bom serviço e têm preços exorbitantes. Precisa ser regulamentado.

Se não reduzir a demanda, pode construir 1 milhão de hospitais que não vai dar conta

Leo Prates

Ex-secretário da Saúde e deputado federal 

O que deve ser discutido na eleição de 2026?

Acho que precisa ter o debate da redução da demanda. Como é que se reduz a demanda? Hoje, não tem uma política estadual para contribuir com os postos de saúde. Eu defendo premiar os municípios que reduzirem determinados indicadores que estão prejudicando a Bahia. Por exemplo, a Bahia é um dos estados que mais tem amputação. Se o estado remunerar as cidades que reduzem a questão da diabete, por exemplo, vai reduzir os casos de amputação. Se não reduzir a demanda, pode construir 1 milhão de hospitais que não vai dar conta. Eu acho que ACM Neto vai trazer esse debate, e eu defendo e acredito na candidatura dele.

Falta então suporte maior do governo aos municípios?

Sim. Falta uma política mais organizada para os municípios de como funciona o sistema de saúde.