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Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2019 às 05:50
- Atualizado há 2 anos
O bloqueio de cerca de R$ 53 milhões no orçamento da Universidade Federal da Bahia fez com que a instituição instaurasse medidas para a redução de gastos, em portaria publicada nesta terça-feira (24). Além da Ufba, as outras cinco universidades federais que funcionam no estado também estabeleceram um corte de despesas para lidar com o corte no repasse do Ministério da Educação (MEC).>
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), além das instituições do Recôncavo da Bahia (Ufrb), do Sul da Bahia (Ufsb), do Oeste da Bahia (Ufob), a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), com sede em Petrolina (PE), mas que tem campi em Juazeiro, Senhor do Bonfim e Paulo Afonso, completam a lista das seis universidades federais do estado.>
Em todas estas instituições, as medidas de redução de custos foram parecidas com as tomadas pela Ufba nesta semana. Na Ufsb, foram bloqueados quase 54% do orçamento discricionário da instituição - a maior percentagem de contingenciamento do país segundo o Painel dos Cortes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Lá, obras da construção de um bloco pedagógico nos três campi (Teixeira de Freitas, Itabuna e Porto Seguro) está quase paralisada pela falta de recursos.“Sendo uma Universidade novíssima, implantada em território que antes não contava com a presença de ensino superior público federal, a Ufsb tem funcionado em locais improvisados”, explicou a instituição em nota.Em Itabuna, por exemplo, as aulas acontecem em galpões de armazenamento de cacau.>
A Federal do Sul da Bahia também afirma que apenas 20% do orçamento de investimento disponível foi liberado. De acordo com a assessoria, a instituição necessita de cerca de R$ 1,2 mi para atender as condições mínimas de funcionamento mensal, com a exclusão do valor das obras em andamento.>
Em agosto deste ano, a administração da Ufsb também suspendeu a aquisições de equipamentos, materiais permanentes, material de consumo e de laboratórios. Além disso, houve a restrição de viagens administrativa e acadêmica, a redução de manutenção predial e a suspensão da capacitação de servidores.>
Outra instituição afetada pelo bloqueio promovido pelo MEC é a Univasf. Os cerca de 10 mil alunos da universidade sofreram com a redução do alcance dos Restaurantes Universitários e o corte de mais de 150 postos de trabalho de terceirizados, o que dificulta o funcionamento da entidade.>
Assim como na Ufba, a Universidade Federal do Vale do São Francisco restringiu o uso do ar-condicionado. Em nota, a Univasf informa que o funcionamento do aparelho vai ser mantido apenas nos ambientes que dependem de sistema de refrigeração em horário integral, como nos laboratórios com experimentos, bibliotecas, restaurantes universitários e em salas sem ventilação natural.>
Desde a semana passada, as portarias da universidade passaram a funcionar em horário diferenciado. No campus de Juazeiro, o portão de veículos da guarita principal começou a ser fechado às 18h30, enquanto a entrada de pedestres se encerra às 22h30. A guarita da rua do Paraíso também fecha às 22h30 durante a semana e às 18h30 aos sábados. O acesso de pedestres se encerra ao meio dia e meio nos sábados.>
No oeste baiano, a Ufob adota medidas de redução de despesas discricionárias desde 2018. A administração já revisou todos os contratos com empresas terceirizadas de limpeza, vigilância e manutenção. Com o corte nas verbas realizado neste ano, a instituição suspendeu programas de bolsa de pesquisa e monitoria, além de reduzir em 70% o número de estágios remunerados. A Universidade do Oeste da Bahia informa que toda restrição orçamentária afeta diretamente suas ações por se tratar de uma instituição em expansão. A administração da universidade também suspendeu o contrato do serviço de telefonia móvel e limitou as viagens e diárias nacionais para atividades administrativas e aulas de campo de disciplinas de graduação. Dividida por sete cidades, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia teve mais de R$ 16 mi bloqueados, o que corresponde a 32,92% do orçamento de custeio e investimento em estruturas físicas, segundo a própria instituição. Com a redução nas verbas disponíveis, a Ufrb deve anunciar, em outubro, a intensificação de medidas de ajustes e adequações de gastos. Desde 2015, a Federal do Recôncavo possui restrições orçamentárias. Para lidar com a situação, foram pensadas ações e estratégias de redução de despesas administrativas referentes a diárias e passagens, despesas com estagiários, contratação de prestação de serviço de pessoa física, material de consumo, auxílio-moradia de servidores.Também há um esforço para o corte de gastos com energia, água, correspondência, combustível e telefonia. Tanto a Ufob quanto a Univasf afirmam tentar dialogar com o Ministério da Educação para a liberação de mais recursos. No dia 10 de setembro, a Federal do Vale do São Francisco enviou um ofício ao ministro Abraham Weintraub solicitando a liberação imediata de cerca de R$ 5,7 milhões. Em resposta ao CORREIO, o MEC informou ter enviado R$ 382,4 milhões para as universidades federais no mês de setembro. Desde janeiro, foram destinados mais de R$ 187 milhões de limite de empenho para as instituições geridas pelo Estado na Bahia.>
Recursos de limite de empenho liberados pelo MEC em 2019>
Ufba - R$ 106.215.094Ufrb - R$ 28.597.769Ufob - R$ 16.687.861Ufsb - R$ 11.898.347Univasf - R$ 24.322.611>
Paralisação na Ufba Nessa quinta-feira (26), a comunidade da Ufba paralisou as atividades para se manifestar contra os cortes de recursos e o programa Future-se. Durante a plenária ocorrida na manhã desta quinta, foi redigida uma carta aberta com a posição política da comunidade da universidade quanto às pautas do movimento. De acordo com a presidente da Apub Sindicato, Raquel Nery, a carta é um apoio da comunidade à Ufba. “A carta é uma manifestação política. Ela serve de subsídio para a posição oficial que a universidade precisa tomar em relação ao tema. Esse documento apoia o Conselho Universitário, aprova o manifesto que subsidia o conselho na posição de dizer não ao Future-se”, afirmou. O vice-reitor Paulo Miguez informou que o Conselho Universitário ainda não tem um posicionamento oficial quanto ao projeto. “A ufba está se posicionando, toda a congregação e movimentos estão se reunindo. O consuni se reunirá quando o future-se for enviado como projeto. Então, o Consuni também se posicionará”, afirmou. A coordenadora de políticas sociais e anti-racistas do Assufba Sindicato, Lumusi Munzanzu, reafirma a importância da manifestação desta quinta para a manutenção da universidade pública. “Estamos em movimento, o que devemos levar a diante é manter a mobilização crescente e fazer todos os movimentos em unidade contra a investida do governo que retira a autonomia da universidade e de recursos”, disse. No ato dessa quinta, foi anunciada a suspensão do aviso prévio dos funcionários terceirizados da limpeza da Ufba. Os profissionais da empresa Liderança só trabalhariam até o dia 10 de outubro, com a mudança, a companhia continua a oferecer o serviço para a Federal da Bahia até janeiro de 2020. A paralisação começou às 7h com um café da manhã na Faculdade de Arquitetura, seguido de uma plenária no mesmo local. A tarde, na praça das artes do campus de Ondina, ocorreu um almoço da comunidade e um ato político-cultural, às 14h. Uma mobilização nacional em defesa da educação está marcada para os dias 2 e 3 de outubro. O chamamento é para uma greve de todos os setores da educação.>
*Com orientação da editora Mariana Rios>