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Após ataque, ônibus voltam ao fim de linha da Base Naval

Polícia procura traficante Camarão mandante de incêndio a coletivo

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 19 de setembro de 2017 às 11:08

 - Atualizado há 2 anos

Coletivos estão parando no ponto final desde as 10h desta terça (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) O serviço de transporte público voltou a funcionar no final de linha da região da Base Naval nesta terça-feira (19). O fluxo havia sido suspenso pelos rodoviários depois do incêndio a um ônibus que fazia a linha Base Naval-Lapa no trecho da BA-528, no bairro de São Tomé de Peripe, na tarde da segunda-feira (18). 

Os coletivos rertornaram a circular a partir das 10h. Na segunda-feira, homens armados tiraram os passageiros e queimaram o coletivo, que seguia no sentido Base de Aratu. Nenhum passageiro ou rodoviário ficou ferido no ataque. Três suspeitos foram presos pela polícia. 

Seguindo a Polícia Militar, o policiamento na região foi intensificado com viaturas do Pelotão de Emprego Tático Operacional (PETO) e da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT) Rondesp BTS. A equipe do CORREIO esteve no local, entre 10h30 e 11h, mas não identificou a presença de policiais no final de linha. Já na entrada do bairro de Paripe, duas viaturas da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Paripe).Insegurança Pouco depois que os ônibus voltaram a circular, por volta de 10h30, era pouca a movimentação de pedestres no final de linha. Moradora de Paripe, a ambulante Selma Andrade, 41  anos, trabalha no final de linha há 15 anos e contou que a sensação é de insegurança. "Seguro a gente só vai se sentir no céu. Não tem polícia agora, aqui é um lugar distante. Se quiserem vir fazer um mal, eles vêm e pronto, fica por isso mesmo. O pobre acaba sofrendo muito", disse ao CORREIO.     No ponto de ônibus, poucos moradores aguardavam os coletivos. "Sempre foi ruim, já começa a demora do ônibus, ficamos aqui, expostos, entregues mesmo. Muitas vezes viramos reféns de bandidos por não ter a polícia a nosso favor", disse um morador sem se identificar.         "São 40 minutos, às vezes uma hora aguardando em um ponto de ônibus. Não bastasse isso, ainda tem o risco de morrer a qualquer momento. Porque quando não acontece aqui, acontece no meio do caminho. É uma guerra e a corda só parte para o lado mais fraco", desabafou outro morador, Também sem se identificar.  

Camarão A polícia já identificou o mandante do ataque ao ônibus incendiado em São Tomé de Paripe. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública (SSP), a ordem partiu de um traficante conhecido como Camarão. 

À frente das investigações, o delegado titular da 5ª Delegacia (Periperi), Nilton Borba disse que Camarão é um dos integrantes da facção Bonde do Maluco (BDM) e o motivo do ataque é a morte de um comparsa.“Um integrante do bando morreu em um confronto com a Polícia Militar no sábado em Fazenda Coutos”, conta o delegado Nilton Borba.  (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Camarão atua nas regiões de Tubarão, Base Naval, Paraguari (localidade de Periperi).

“É um bandido muito perigoso. Camarão é o mandante de uma chacina em 2012 no Centro Industrial de Aratu (Cia). Quatro pessoas foram mortas”, diz o delegado. Segundo Borba, Camarão responde a processos por tráfico e é investigado por ser mandante de homicídios quando estava na cadeia. “Ele saiu esse ano. Ficou pouco mais de dois anos presos no presídio de Lauro de Freitas”, explica o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, Camarão disputa o controle das bocas-de-fumo de Fazenda Coutos com o bandido que herdou o tráfico na região após a morte de Alex Cavalo, que não era ligado a nenhuma facção. “Com a morte de Alex Cavalo, assassinado há três meses no interior do estado, Camarão decidiu tomar Fazenda Coutos”, diz. 

Prisão Camarão foi um dos presos numa uma operação do Departamento de Narcóticos (Denarc) em julho de 2014, durante cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão nos bairros de Paripe e Periperi, no subúrbio ferroviário. Sete pessoas foram capturadas, além da apreensão de duas armas, cinco quilos de maconha, cocaína e crack.

Além de Camarão, foram presos Cristiane Ferreira Carvalho, a “Negona”, Rafael Pereira Santos, Jean do Nascimento Marques,  Raudinei Nascimento dos Santos de Jesus, George Henrique Souza de Andrade,  e Eduardo José Santos Alves. Na ocasião, todos faziam parte de uma quadrilha liderada por Joseilton de Jesus Moura, o “Jó”, preso no Complexo da Mata Escura, onde teve um mandado de prisão, contra ele, também cumprido.

Todos estavam com as prisões decretadas pela 2ª Vara Privativa de Tóxicos. Camarão, Cristiane, Rafael, Jean e Raudinei foram flagrados pela polícia num imóvel em São Tomé de Paripe, onde a droga e o revólver 38 estavam escondidos. Camarão portava a pistola ponto 40 apreendida. Os cinco também foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma, tráfico e associação ao tráfico.