Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Wendel de Novais
Publicado em 12 de maio de 2023 às 22:19
- Atualizado há 2 anos
A Praia de São Tomé de Paripe, uma das mais conhecidas e frequentadas, amanheceu repleta de peixes e siris mortos na manhã desta sexta-feira (12). Os primeiros a verificarem a situação foram pescadores da região, ainda na madrugada, quando iriam iniciar as atividades de pesca na área.>
Vaneisson Souza, 40 anos, foi um dos primeiros pescadores a notar a situação. De acordo com ele, nada nessa proporção aconteceu antes em São Tomé, o que deixou todos os trabalhadores que dependem da praia para sobreviver assustados.>
"A gente tomou um susto, isso nunca aconteceu antes. De vez em quando, víamos um ou outro morto. Dessa vez, foi demais. Foram muitos siris, camarões e vários peixes mortos aqui. O que a gente pegou dava para encher o pátio de tanta coisa morta. E vai aparecer mais quando a maré vazar", afirma ele.>
Outro pescador, Renato Figueiredo, 37, afirma que, pela quantidade de frutos do mar mortos, poderá haver uma escassez para quem trabalha no pescado. >
Agentes do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) foram até o local ainda nesta manhã de sexta-feira para verificar a situação. O órgão foi procurado pela reportagem para responder sobre as possíveis causas do problema e, na manhã deste sábado (13), informou que, "após receber informações da imprensa sobre a mortandade de siris na região da praia de São Tomé de Paripe, próximo da empresa Intermarítima, enviou uma equipe técnica de fiscalização para inspeção em campo".>
"Foram colhidas informações com populares na praia e os mesmos relataram que devido às fortes chuvas teria ocorrido o desmoronamento de uma parte do muro da empresa Intermarítima e produtos químicos teriam sido carreados (levados) para a maré, ocasionando a morte dos animais. Em virtude do indicativo feito pelos populares, os técnicos do Inema realizaram inspeção nas dependências da referida empresa, confirmando in loco que parte do muro cedeu, mas sem indicativo de qualquer vazamento. A empresa disponibilizou cópias da Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ dos produtos em operação e estocados no pátio, bem como de outros documentos, que serão analisados pela equipe de fiscalização deste Instituto, que continua acompanhando a situação", seguiu.>
"Durante a vistoria também estava presente a equipe da Marinha do Brasil que informou ter realizado uma inspeção marítima na área relatada pelos pescadores e no entorno da empresa, não encontrando vestígios de derramamentos de produtos químicos na área. O Instituto aproveita para ressaltar que a população ao perceber qualquer dano ambiental nos ecossistemas naturais, deve comunicar imediatamente ao Inema, por meio do disque-denúncia 0800 071 1400 ou pelo e-mail denuncia@inema.ba.gov.br", completou.>
Nascida e criada nas proximidades da praia de São Tomé, Floricelia Santos Sá, 63, tem uma barraca no local. Como vive do que consegue na praia há mais de 40 anos, ela fala em tragédia ao conversar da situação e pede resposta dos órgãos fiscalizadores.>
"A praia de São Tomé de Paripe é uma preciosidade, uma das melhores da nossa cidade. Daqui, muita gente tira o pão e outras tantas vêm aproveitar uma beleza que é de graça e é nossa. Não é possível que vamos deixar estragar tudo dessa forma", desabafou ela.>