Julgamento de avós baianos acusados de sequestro nos EUA é adiado

Missa foi realizada na Vitória em solidariedade a casal que está em prisão domiciliar após pagar US$ 1 milhão

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  • Nilson Marinho

Publicado em 1 de outubro de 2018 às 16:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

O julgamento dos avôs baianos acusados de facilitar o sequestro do próprio neto nos Estados Unidos, marcado para o início deste mês, foi adiado para o dia 12 de dezembro. Carlos Guimarães, 67 anos, e Jemima Guimarães, 66, são acusados pela justiça norte-americana de ter facilitado e ajudado no sequestro do neto de 9 anos. Eles aguardam a sentença do tribunal americano desde o dia 6 de fevereiro quando foram detidos após desembarcarem no Aeroporto de Miami, na Flórida.

Carlos e Jeminina são pais de Marcelle Guimarães, baiana que, em 2013, decidiu regressar a Salvador com o filho, à época com três anos, após se divorciar do ex-marido americano Christopher Scott Brann, acusado de agressões. Os avós agora cumprem prisão domiciliar utilizando tornozeleira eletrônica na cidade de Houston, no Texas, após pagar US$ 1 milhão de fiança.

Na manhã desta segunda-feira (1°), na Paróquia Nossa Senhora da Vitória, no Largo da Vitória, familiares e amigos da família participaram de uma missa em solidariedade ao casal de idosos. Carlos e Jemima estão em prisão domiciliar na casa de um dos filhos, nos Estados Unidos (Foto: Reprodução) Regresso Após denunciar os casos, a justiça americana concedeu à mulher uma medida de proteção determinando que Christopher não poderia se aproximar da baiana a menos de 300 metros. Mesmo com a medida, as ameaças continuaram e Marcelle decidiu voltar ao Brasil com o filho, tendo a permissão do pai para isso. 

No entanto, ela não voltou aos EUA e no dia 12 do mesmo mês entrou com uma ação no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) pedindo a guarda da criança. O retorno para Salvador foi tratado pela justiça americana como sequestro do menino. O americano Christopher Scott Bran com o filho (Foto: Reprodução) Os pais de Marcelle, sem saber que também estavam sendo investigados pela justiça americana, suspeitos de facilitar e ajudar no sequestro, foram detidos ao desembarcar em solo americano. Eles foram condenados em maio deste ano, antes de permanecer durante 40 dias em presídio federal, sob acusação de terem participado do sequestro do neto.

Aos superiores estadunidenses, amigos do casal irão enviar cartas relatando o dia-a-dia dos avós no Brasil. Os documentos vão ser anexados como provas para definir a pena dos dois. A decisão judicial vai definir como se dará o cumprimento da pena: se em domicílio ou em presídio federal.  "Foram pegos de uma maneira muito injusta e cruel. Foram colocados em uma prisão federal sem ter as chances de ao menos serem ouvidos. Não conseguimos entender tanta injustiça", disse Marcelle, após a cerimônia religiosa. A advogada Leylla Almeida, que defende Marcelle, explica que, de acordo com as leis americanas, a pena máxima por sequestro é de três anos, cabendo ao juiz fixar uma pena restritiva de direito ou qualquer outra.

"À medida que os Estados Unidos não reconhece as decisões tomadas no Brasil há, então, a ruptura do Tratado de Haia. Não podemos comentar sobre os detalhes das investigações porque ocorre sob o mato do segredo da justiça, mas efetivamente era um caso de violência doméstica em que a vida da criança também estava em risco", comentou Leylla.

Ainda de acordo com a advogada, o juiz americano possivelmente pediu um tempo maior para analisar provas que comprovem que o casal tinha uma vida no Brasil longe de qualquer envolvimento com crime.

*Sob a supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro.