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Carol Aquino
Publicado em 1 de maio de 2017 às 06:01
- Atualizado há 2 anos
(Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO)Arranjar um comprador para o Hospital Espanhol é uma missão quase impossível, já que a unidade está cheia de problemas. Dívidas milionárias, ameaça de desapropriação e deterioração do equipamento são alguns dos desafios de quem arrematar o hospital.>
Por causa de um decreto de utilidade pública de 2014, o terreno em que está localizado na Barra, área nobre da cidade, só pode ser utilizado para abrigar uma unidade de saúde. Ou seja, outros tipos de empreendimentos imobiliários - comerciais ou residenciais - estão descartados.>
Adicionando mais fermento neste bolo, o governador Rui Costa (PT) tem dito abertamente à imprensa que tem interesse no Hospital Espanhol. Há chances reais de o estado participar do leilão ou até mesmo desapropriar o bem para que a unidade seja administrada pelo Planserv e passe a atender os funcionários públicos estaduais. O difícil será encontrar alguém que tenha coragem de investir quase R$ 200 milhões em um prédio que pode ser desapropriado depois.>
Há dois processos correndo na Justiça que tentam impedir a venda do hospital. Um é da Sociedade Real Espanhola de Beneficência, responsável pelo Espanhol, que considerou que no edital não estão claros os critérios que levaram à avaliação de R$ 195 milhões pelos prédios e equipamentos. O outro é da Desenbahia, que pediu a falência da unidade devido a uma dívida não quitada de pelo menos R$ 53 milhões, sem contar os juros e correções monetárias. Com a falência, cancela-se o leilão, e as dívidas com cada credor serão recalculadas.>
Os dois processos tiveram um resultado negativo em uma primeira decisão, mas ainda correm recursos na Justiça. O hospital ainda tem dívidas com antigos fornecedores, como a Caixa Econômica Federal, depois de um empréstimo de R$ 57,6 milhões, e o Município de Salvador (impostos não pagos).>
Para completar, o novo dono do Espanhol terá que fazer um bom investimento em reforma e requalificação para dar ao hospital, fechado desde 2014, condições de funcionamento.Entenda a crise do Espanhol:>
10 de setembro de 2014A Real Sociedade Espanhola de Beneficência leva ao MP-BA a necessidade de dois novos empréstimos: R$ 2,5 milhões para pagamento de honorários e a suspensão de pagamento em 120 dias das prestações devidas aos credores. A Caixa Econômica Federal e a Desenbahia pedem 30 dias para avaliar a moratória das parcelas.>
11 de setembro de 2014Decreto 15.425 do então governador Jaques Wagner (PT) transforma o hospital em bem de utilidade pública – ou seja, só poderia manter a mesma atividade (saúde). Na época, Wagner explicou que a intenção era evitar especulação imobiliária.>
25 de setembro de 2014Reportagem do CORREIO mostrou que, em 15 dias, com o hospital fechado, a dívida aumentou R$ 1,2 milhão – antes, era de R$ 200 milhões. Por dia, custo de unidade fechada é de R$ 80 mil.>
28 de novembro de 2014A Real Sociedade Espanhola de Beneficência informa que recebeu proposta de três grupos para reabrir hospital.>
23 de fevereiro de 2015Um decreto no Diário Oficial do Estado determina que a Caixa passa a ser proprietária do Centro Médico Manuel Antas Fraga, anexo do Hospital Espanhol - que seria garantia pelo empréstimo feito pelo banco.>
23 de abril de 2015Sócios e colaboradores do hospital se reúnem para discutir a composição da diretoria da instituição. Ao todo, o hospital conta com 2,4 mil sócios, além de outros dois mil dependentes.>
24 de abril de 2015Tribunal Regional do Trabalho (TRT5) define que a Real Sociedade tem seis meses para concluir a venda dos prédios e quitar as dívidas trabalhistas.>
26 e 27 de setembro de 2016A Real Sociedade informa que aceitou uma proposta do Grupo Promédica, operadora de saúde baiana, para compra do hospital. A empresa se compromete a apresentar proposta: negócio ultrapassa R$ 104 milhões.>
12 de outubro de 2016Em meio às comemorações pelo Dia da Espanha, o cônsul-geral em Salvador, Gonzalo Fournier, decide celebrar missa na capela do hospital.>
17 de outubro de 2016Sem solução, os sócios se reúnem com o conselheiro de emprego da Espanha, Pablo Figueroa, para discutir a situação do hospital – dívida é de R$ 500 milhões.>
20 de outubro de 2016TRT5 divulga que o hospital tem 1.831 processos que totalizam uma dívida trabalhista de quase R$ 125 milhões.>
07 de março de 2017TRT5 publica edital de venda do Hospital Espanhol.>
17 de março de 2017Justiça nega pedido de falência do Hospital Espanhol impetrado pela Desenbahia.>
10 de maio de 2017Último dia para envio das propostas da Oferta Pública do Hospital Espanhol>