Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carol Aquino
Publicado em 30 de dezembro de 2017 às 13:12
- Atualizado há 2 anos
Quinta atração do segundo dia de shows do Festival Virada Salvador, o cantor Saulo trouxe um show agitado e cheio de axé, marcado pela presença da percussão, por sucessos de sua carreira solo e de canções antigas de outros nomes da música baiana. Não faltaram clássicos como Faraó, Araketu Bom Demais e Frevo Mulher. E do seu repertório, o público ouviu o poema cujo título nomeou o seu último álbum: O Azul e o Sol, o segundo hino da Bahia - Raiz de todo o Bem - e hits como Agradecer, Preta e Anjo.>
“Tocar em casa é delicioso. Antes, a gente fazia um show da virada, agora é um festival. Estar em um festival dessa grandeza, ainda mais depois que Gilberto Gil esteve ontem nesse palco, o mesmo que eu vou pisar”, disse, na entrevista coletiva, aparentando nervosismo antes de fazer a apresentação no Festival que tomou uma dimensão nacional.>
No seu show, houve vários momentos em que usou o termo 'axé música'. Segundo ele, essa é uma forma de afirmar a brasilidade de coisa. “Eu não quero falar music mais. A gente é Suassuana (Ariano), gosta de oxente”, diz, se referindo ao escritor nordestino. Afirmando que queria ouvir mais percussão, ele cantou desde o axé até o pagode baiano, passando por sucessos do passado, como Só as cabeças, do grupo Parangolé. A ideia era fazer um show mais direto e animado para o Festival. “Eu tô a fim mesmo de me divertir e divertir as pessoas. E colocar uma energia pra cima para receber o ano de forma bacana”, declarou.>
Marcas na pele É essa simplicidade de Saulo, esse jeito poético de dizer as coisas, que fez com que o cantor e compositor conquistasse ao longo dos anos uma legião de fãs fieis. Alguns vão para quase todos os shows do cantor. Como o pernambucano Hugo Rodrigues, 26, que veio de Recife para assistir à apresentação do seu ídolo no Festival Virada e participar de uma festa de ano novo onde Saulo é a atração principal. Foto: Carol Aquino/CORREIO Sua paixão por Saulo começou quando um amigo lhe apresentou a Música Dia de Frevo. Os versos, que são uma homenagem do compositor à cidade pernambucana de Olinda, ficaram gravados no coração e na pele de Rodrigues. Ele tatuou os versos no braço, além do título da música “Agradecer” e o símbolo estampado do cd Baiuno. Virou membro do fã clube Chinelistas e já encontrou diversas vezes com o cantor pessoalmente. Professor de Português, ele conta que admira a poesia nas letras de Saulo. “Meus alunos já estão cansados de ver questões com as músicas dele nas provas”, diz, em tom de brincadeira.>
Outra fã que veio de longe para ver o show de Saulo foi a também professora de português Fernanda Bastos. Ela veio de Jequié para assistir pela primeira vez a um show do cantor, cujas letras ela acredita que lhe salvaram a vida. “Passei por uma depressão muito forte, tentei me matar mais de dez vezes. Minha mãe colocava as músicas dele e eu me acalmava. Foi quando eu passei a prestar atenção nas letras dele que eu comecei a melhorar”, revelou. A mulher superou a síndrome do pânico e estava na frente do palco, no meio de uma multidão. No braço direito, uma tatuagem escrito “Lerifore”, uma adaptação do que Saulo fala durante a música “Tão Sonhada”, que seria algo como “Let it be forever”, deixa ficar para sempre.>