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Raquel Saraiva
Publicado em 25 de junho de 2018 às 10:26
- Atualizado há 2 anos
É improvável que a baleia jubarte encontrada morta no domingo (24) na praia do Jardim de Alah seja a mesma localizada ferida na última sexta-feira (22) no ferry-boat em Salvador. O animal da praia era um macho jovem com até 2 anos. "É difícil identificar as causas da morte devido ao estágio de decomposição deste animal", afirma o biólogo Sérgio Cipolotti, do Instituto Baleia Jubarte (IBJ), que acompanhou a retirada da carcaça da praia.>
Ele confirmou ser improvável se tratar do mesmo cetáceo que encalhou no ferry-boat por conta do avançado estado de decomposição - a estimativa é que o animal encontrado na praia do Jardim de Alah tenha morrido há pelo menos cinco dias.>
A informação de que se tratava do mesmo animal havia sido repassada, no início da manhã, pelo gerente operacional da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), Marco Bandeira. >
Os restos do animal começaram a ser retirados nesta segunda-feira (25). A baleia que encalhou na última sexta-feira no terminal de São Joaquim se debateu por mais de uma hora até conseguir sair por conta própria.>
O mau cheiro exalado pelo animal na praia surpreendia e enjoava quem passava na região. Na calçada, mesmo onde nem se via o mamífero, as pessoas cobriam o nariz com a mão ou com a camisa. “Deve ser um esgoto”, comentou um homem que caminhava no local. O vento que vinha da praia espalhou o fedor nos dois sentidos da Avenida Octávio Mangabeira. O mau cheiro resulta dos gases gerados na decomposição da carcaça.>
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Até os curiosos se afastaram - o único que assistia ao trabalho dos 12 funcionários da Limpurb na praia era o músico Marco Jones, 43 anos, que teve que começar a segunda-feira com o fedor dentro de casa. >
“A gente acordou com o fedor. Horrível, insuportável, tava sem saber de onde vinha. O porteiro disse que era a baleia e eu vim ver", conta o músico que mora em frente ao local onde o animal morto encalhou, próximo ao Chalezinho.>
Operação Os restos do animal de oito toneladas foram afastados da água e cortados por funcionários da Limpurb com o auxílio de uma retroescavadeira. Na operação, que foi iniciada no início desta manhã e acabou por volta de 12h30, a maior preocupação era afastar da água os restos da baleia. >
"É mais difícil retirar o animal que morre na água, porque temos que cortar no facão. A escavadeira não entra na água, e a motosserra desliza na gordura do animal", explica Marco Bandeira, gerente operacional da Limpurb. >
Após serem levados por um trator até uma caçamba da Limpurb, os pedaços serão transportados até o aterro sanitário do CIA, onde ficarão enterrados. >
No mesmo dia em que a baleia encalhou no ferry-boat, um tubarão-martelo foi morto na praia de Armação. Pescadores se assustaram com a presença do animal e atiraram nela com arpão.>
Encalhes O número de encalhes deve aumentar a partir de agora por causa do início da temporada de migração das jubartes ao litoral brasileiro. As jubartes permanecem nas águas do hemisfério sul de junho/julho até novembro/dezembro, quando retornam para o hemisfério norte. >
Em 2018, oito encalhes já foram registrados no Brasil, segundo o Instituto Baleia Jubarte - em 2017 foram registrados 128. Elas viajam até 8.000 quilômetros para o hemisfério sul a fim de se reproduzir. “As baleias encalham porque estão debilitadas, na sua grande maioria por causas naturais. Se ela encalhou ali, estava com algum problema”, acrescenta Marcovaldi.>
A probabilidade de sobrevivência de uma baleia após o encalhe é baixa, de acordo com a bióloga marinha Luciana Leite. "Elas dificilmente sobrevivem. O resgate é muito difícil porque são toneladas que precisam ser deslocadas e não temos material necessário para auxiliar. Muitas vezes dependemos de barcos de pescadores que voluntariamente ajudam no resgate, rebocando o animal. Mesmo nos casos em que o resgate é impossível, há uma preocupação em manter o bem-estar animal e diminuir o nível de estresse até que ele venha a óbito naturalmente", explica Luciana Leite.>
Veja o que fazer se encontrar uma baleia encalhada:Isole a área e entre em contato com o Programa de Resgate do Projeto Baleia Jubarte - outras espécies de baleias, lobos marinhos botos e golfinhos também são atendidos. Sede da Praia do Forte: (71) 3676-1463 ou 8154-2131 Sede de Caravelas (sul do estado): (73) 3297-1340 ou 98802-1874 (ligações a cobrar são aceitas); Não toque e nem se aproxime, além do tamanho e do peso que podem oferecer riscos, animais encalhados, vivos ou mortos, também podem transmitir doenças aos seres humanos; Animais domésticos, como cães e gatos, também precisam ficar longe do local, pelos mesmos motivos; Não se aproxime da cauda - são animais grandes em situação de debilidade física, que podem se tornar ariscos com a aproximação de outros indivíduos e causar ferimentos; Não tente salvar o animal ou devolvê-lo ao mar se ele estiver com vida - o trabalho deve ser feito por especialistas; Evite respirar o ar expirado pelos animais; nunca toque e ingira nada do animal morto. Tire fotografias do animal, para possibilitar a identificação da espécie e documentação do caso *com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier>