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Milena Hildete
Publicado em 29 de setembro de 2017 às 20:55
- Atualizado há 2 anos
O motorista de ônibus Valdemy Andrade dos Santos foi autuado por desacato a autoridade depois de uma confusão envolvendo um policial militar que também é examinador do Detran, na Ribeira, na tarde desta sexta-feira (29). Depois da briga, que foi parar na delegacia, os rodoviário fecharam o final de linha do bairro em solidariedade ao colega das 15h às 18h30, quando a situação foi normalizada.
A confusão começou às 14h40, quando o ônibus da Integra dirigido por Valdemy freou bruscamente atrás de um carro dirigido por uma aluna de autoescola que passava por exame com Edmundo Moreira Santos Filho. Segundo Valdemy, ele freou para evitar um choque, porque o veículo de passeio freou antes. Já Edmundo disse em depoimento na 3ª Delegacia (Ribeira) que o motorista freou repentinamente sem razão. Depois disso, o policial anotou a placa e o número de ordem do coletivo.
"Em momento nenhum vim em velocidade, infringi direção defensiva... Até porque existe um quebra-mola e dez metros depois outro.. Saí dessa curva e fui surpreendido pelo veículo da autoescola que freou bruscamente na minha frente. Acredito que ela (motorista do veículo) deixou interroper o carro, estava nervosa. Então não me restrou outra alternativa senão também fazer a frenangem, frear para não bater no fundo dela", disse o rodoviário ao CORREIO.
O motorista diz que viu o instrutor anotando os dados do seu ônibus e foi falar com ele. "Dei boa tarde educadamente, dei minha mão para que ele apertasse. Ele virou de costas, não apertou minha mão. Eu disse 'tudo bem, pelo menos responda o boa tarde, gostaria de saber o que fiz para que o senhor notificasse o veículo", afirma. "A resposta dele foi para que fosse para a garagem e aguardasse a notificação. Que estava cansado de rodoviário. Eu faço parte de uma categoria e não me espelho por ninguém. Quando me olho no espelho eu vejo meu rosto", diz.
O rodoviário afirma que o instrutor se irritou com um comentário dele. "Ele se zangou quando eu disse: 'a minha carteira não foi comprada, eu tirei há 29 anos e eu sei o que é tirar carteira. Eu tenho filho em idade de tirar habilitação e sei o quanto eles ficam preocupados de fazer exame", conta "Ele entrou no prédio e saiu com arma em punho, ele mais três pessoas, me pegando pelo pescoço, querendo botar algema em mim. Rasgou minha roupa toda com as tentativas de algemar. Isso aqui é uma agressão. Verbal, moral.. ", afirma.
O motorista não aceitou ser algemado e afirmou que não iria ser levado no camburão. "Disse que ele não ia botar algema em mim que eu não era ladrão. Eu sou rodoviário há 28 anos, pago meus impostos em dia, pago o sindicato. Cabeças quentes em momento quente, se ele não virasse as costas e não desfizesse dos rodoviários... Sou pai de família, não vejo isso ser humilhante, nossa responsabilidade é tão séria quanto de policial militar", afirma. "Ele saiu com revólver na mão na frente de todo mundo e aí sim vim saber que ele era policial militar, quando a guarnição da PM chegou e quis me levar".
A delegada Celina de Cássia, responsável pelo caso, disse que o motorista foi conduzido para a delegacia, por volta das 16h30. Segundo ela, Valdemy será indiciado por desacato."O policial também foi ouvido. Ele falou que só fez anotar a placa do ônibus e que o motorista foi até o Detran para tirar satisfação". "Agora o processo vai seguir para a Justiça", completou. Valdemy informou que fará exame de corpo de delito para provar a agressão.
O CORREIO não conseguiu falar com o PM.