Roubo é infração mais cometida por adolescentes infratores

Nos oito primeiros meses do ano, foram registrados na capital 1.425 casos de infrações cometidas por adolescentes

Publicado em 11 de outubro de 2015 às 09:43

- Atualizado há um ano

Quanto a situação é inversa e o adolescente é quem comete uma infração, a história é contada ao lado da Dercca, mas desta vez na Delegacia do Adolescente Infrator (DAI). A proximidade entre as delegacias não é coincidência. Ao lado das duas unidades também funciona a sede da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), onde muitos jovens cumprem medidas sócio educativas.

Nos oito primeiros meses do ano, foram registrados na capital 1.425 casos de infrações cometidas por adolescentes. O maior número é de roubo (241 registros), seguido de tráfico de drogas (218) e lesão corporal (197). Em todo o ano passado, a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI) registrou 2.491 ocorrências envolvendo adolescentes infratores. Roubo é infração mais cometida por adolescentes infratores (Foto: EBC)O número é menor do que as denúncias feitas à Dercca. O presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente  (Ceca), Edmundo Kruger, aponta que quase “sempre tem um adulto por trás” dos crimes.

“O adolescente é normalmente aliciado. Quando ele comete o primeiro ato, as medidas são muito fáceis, porque são  em meios abertos, como prestação de serviços à comunidade. Mas o pessoal só reflete na privação de liberdade, que é  em casos infracionais muito graves”, diz Kruger.

A delegada da DAI Patrícia Atanázio conta que o maior número de adolescentes apreendidos é do sexo masculino, em geral usuários de drogas, que traficam para ter acesso à droga e roubam para manter o vício. Já no caso das mulheres, há muitos casos de furtos em lojas e envolvimento com homens ligados ao tráfico.

Também há casos de pais ou mães que percebem um comportamento agressivo nos filhos e levam à unidade. “Às vezes, quando o adolescente ainda não cometeu o primeiro ato, a gente consegue  evitar que ele entre na criminalidade”, pontua a delegada. 

Ela reforça que, em muitas das situações, há um adulto por trás dos crimes e que o ambiente familiar também influencia. “Quase todos eles têm um quadro de família desestruturada: 90% é o mundo quem cria, o pai está preso ou morreu, a mãe também está presa. Muitas vezes, eles chegam na delegacia, dizem o nome da mãe, mas nem sabem quem é o pai”, afirma.

O presidente do CMDCA, Rodrigo Alves da Silva, pondera sobre o histórico familiar dos adolescentes. “Eles estão matando, mas também estão morrendo. Tem muito infrator que é da classe alta e que sai matando pessoas que ele entende que são diferentes. A gente não pode achar que o perfil da pessoa que foi violentada é o perfil do serial killer de amanhã”, explica.

A procuradora Márcia Guedes, do Coaca, diz que é preciso ainda que as prefeituras implantem os Planos Municipais de Atendimento Socioeducativo. O objetivo é possibilitar as medidas de meio aberto, aplicadas a adolescentes que cometem infrações mais leves, uma vez que o internamento na Comunidade de Atendimento Socioeducativo (Case) só deve ser feito nos casos mais graves.