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Vizinha da Arena, Ladeira do Pepino subverte ‘padrão Fifa’ e atrai torcedores

No tal perímetro de segurança da Fifa, a Ladeira do Pepino é um dos poucos territórios onde ela não manda como gostaria

  • Foto do(a) author(a) Alexandre Lyrio
  • Alexandre Lyrio

Publicado em 20 de junho de 2014 às 06:56

 - Atualizado há 2 anos

Nas cantinas da Arena Fonte Nova, onde aliás tem faltado troco e sobrado filas durante a Copa, o “hot-dog” é o carro-chefe do cardápio. Pela iguaria (apenas salsicha e pão, sem molho!)  paga-se salgados R$ 8. O alemão Thomas Ruckleschell, 38 anos, certamente dispensou o cachorro quente “padrão Fifa”. É que uma hora antes do jogo contra Portugal, na segunda-feira (16), ele degustava uma porção de passarinha e fígado com molho lambão.

Molho lambão, diga-se, padrão seu Zelito de qualidade. O gringo comia com a mão e lambia os dedos em um bar da Ladeira do Pepino, famoso aclive que liga o  Dique do Tororó à Avenida Dom João VI, em Brotas, perto do estádio. Com preços mais em conta, Ladeira do Pepino é opção no esquente(Foto: Marcio Costa e Silva)José Ferreira Lima, 85, ou seu Zelito, é dono de um dos bares que fica na ladeira, que tem ficado lotada em dias de jogos da Copa e já foi eleita a melhor opção para os que querem driblar a carestia  e a caretice da Fifa em Salvador. No tal perímetro de segurança, a Ladeira do Pepino é um dos poucos territórios onde ela não manda como gostaria.

IGUARIAS

Além de passarinha, ali é possível encontrar peixe frito, pititinga e o clássico churrasquinho de gato; tem também pastel, saltenha, enroladinho, tudo com preço honesto. É possível ainda tomar cerveja de tudo que é marca e gosto, beber de Coca-Cola a Pepsi, de 51 a batida de maracujá.

“A Fifa aqui não se mete, não. Sou registrado na prefeitura e vendo o que quiser”, confirma seu Zelito. Enquanto isso, o alemão se aplicava com gosto na passarinha, talvez sem saber que comia o baço do boi. “Isto é exótico e ardente. Mas é bom”, disse Thomas, com a camisa 13 de seu xará, Thomas Müller. “Ele gostou, foi? Eu não entendo nada que eles falam. Às vezes, acho que estão xingando”, conta seu Zelito.Torcida sobe a Ladeira do Pepino em busca de comes e bebes baratos(Foto: Alexandre Lyrio)Melhor opção financeira no esquente para os jogos da Copa na Fonte Nova, no Pepino é possível comprar duas “piriguetes” por R$ 5 - no isopor da Fifa, só daria para uma. Cerveja de 600 ml do bar de Zelito sai por R$ 5 e “litrão” por R$ 6. A questão é que, muitas vezes, os estrangeiros pagavam além do valor. “Eles pagam sem pena. Tem uns que deixam R$ 20 por uma piriguete e vai embora, sem pegar o troco”, relata o comerciante Dernival Rocha, 35.

A galera de Salvador, gente que frequenta a Fonte há anos, já sabe que a Ladeira do Pepino é o canal. “Aqui já conheço desde menino. Quando venho ver o Bahia jogar é aqui que eu como minha água”, diz o administrador Roberto da Cruz, 33.Ele gostou foi? Eu não entendo nada que eles falam. Às vezes, acho que estão xingandoSeu Zelito, sobre seus clientes estrangeirosPoderia ser melhor. Houve ambulante que reclamou da proibição da venda de comida no meio da rua. “Todo jogo do Bahia e do Vitória eu boto mocotó e sarapatel aqui. Disseram que só podia quem tem bar. Os ambulantes, não”, lamenta Ana Cardeal, 43.

DIFERENCIADO

Mesmo assim, o Pepino consegue ser lugar diferenciado. Rapidinho, quem é de fora é atraído pelo ambiente ao mesmo tempo simples e organizado. Por vezes, gente “da casa” é que leva os visitantes. “Trouxe a galera porque aqui a gente toma a cerveja que quiser e come esses salgados baratos. Não dá para cair naquele rango caro da Arena”, explica Rafael Moreira, 38, baiano que levou um recifense e um acreano ao local.  

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Mas, quem levou os gringos para a Ladeira no Pepino? Além de alemães e portugueses, subiam e desciam argentinos, americanos, bósnios... Um grupo de ingleses ficou postado na encosta em forma de muro que separa a ladeira da pista principal.

“É um lugar diferente de onde a gente veio”, aponta  Shortall, 34. “Queremos conhecer os lugares e as pessoas como eles e elas são”, completa  Maria Harte, 35.