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Portal Edicase
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 19:44
As festas de fim de ano costumam ser associadas a celebração, descanso e reencontros. Não faltam festas, almoços, jantares, reuniões familiares e de amigos, férias, viagens, e assim por diante. No entanto, para muitas pessoas, esse período também traz um aumento nas sensações de ansiedade, sobrecarga emocional, cobrança e até exaustão. >
Segundo a psicanalista e presidente do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino (Ipefem), Ana Tomazelli, é justamente nessa época que práticas intencionais de cuidado emocional se tornam ainda mais importantes. >
“O fim do ano desperta muitos sentimentos, sensações, e estimula diversas camadas emocionais. Para algumas pessoas, é um momento de alegria, festa, encontros, confraternização, leveza; já para outras, de balanço, luto, fadiga ou expectativas frustradas. Reconhecer essa complexidade e entender que esses são sentimentos humanos, comuns a todos nós, já é, em si, um ato de autocuidado”, afirma. >
O acúmulo de demandas profissionais, a pressão por metas, o excesso de confraternizações e a sobrecarga emocional das relações podem tornar esse período especialmente sensível. “Em um cenário de hiperconectividade e produtividade constante, o período de recesso corre o risco de perder o caráter de pausa e passa a ser vivido como extensão do trabalho ou como fonte de ansiedade por conta da chegada de um marco, da reta final do ano, e do indivíduo se deparando com coisas a fazer, tarefas não concluídas, e tudo isso tende a contribuir para o esgotamento emocional”, explica a psicanalista. >
Para que o fim de ano seja mais tranquilo, sobretudo considerando as particularidades da época, Ana Tomazelli elenca 10 passos simples para cuidar da saúde mental e cultivar bem-estar emocional durante o período. Confira! >
Cada pessoa vive o recesso de maneira diferente, nem sempre o ritmo social acompanha a necessidade individual. Estabelecer limites claros ajuda a evitar desgaste emocional. “Limitar o tempo em eventos, recusar convites quando necessário e organizar pausas reais não é falta de educação, e sim saúde emocional. O corpo e a mente precisam de intervalos para recuperar energia”, explica a psicanalista. >
A pressão para organizar festas, viajar, atender expectativas familiares ou “dar conta de tudo” costuma aumentar nesse período. Planejar e delegar tarefas reduz o estresse. >
Além de parar, é importante descansar de forma adequada ao tipo de desgaste acumulado ao longo do ano. “Quem vive predominantemente em esforço intelectual pode descansar pelo movimento, praticando atividades ao ar livre. Quem passa o dia em alta demanda emocional pode encontrar repouso em atividades artísticas ou silenciosas. Nem todo descanso é igual e precisamos aprender a combiná-lo com o que nosso corpo realmente pede”, orienta Ana Tomazelli. >
O excesso de estímulos digitais aumenta ansiedade, comparação social e sensação de inadequação. Estabelecer horários para checar mensagens, desligar notificações e limitar redes sociais contribui para recuperar a estabilidade mental. >
O fim do ano costuma ativar memórias, expectativas e balanços sobre o que “deu certo ou errado” no período, mas a psicanalista reforça que é “muito importante acolher emoções sem julgamento, respeitar seus sentimentos e entender que o que era possível de ser feito, foi feito. Há um caminho pela frente e, muitas vezes, oportunidades de fazer de outras formas”. >
Estar genuinamente presente, seja em um almoço, seja em um momento de autocuidado, ajuda a reduzir a sensação de aceleração constante. Esqueça o celular e se coloque inteiramente no momento que está acontecendo. >
As festas podem intensificar tensões familiares ou sociais. Priorizar relações que oferecem apoio e segurança emocional reduz os gatilhos e sobrecargas. “Muito do nosso bem-estar emocional depende da qualidade dos vínculos. E isso não tem diretamente a ver com quantidade, com muitos encontros, e sim com estar em espaços onde você pode existir sem se defender o tempo todo”, analisa Ana Tomazelli. >
Alongamentos leves, caminhadas, respiração profunda e pausas para esticar o corpo durante as atividades do fim de ano, como a correria para cumprimento de metas, fechamentos no trabalho, organização na casa ou nos estudos, ajudam a regular o sistema nervoso e a reduzir a ansiedade. >
O ritual pode ser o que mais combina com a personalidade da pessoa. Escrever, meditar, revisar conquistas, agradecer ou simplesmente permitir-se um momento de silêncio são atos que ajudam a marcar simbolicamente o fechamento de ciclos. >
A cultura da alta produtividade frequentemente transforma descanso em um ato transgressor. Mas ele é indispensável. “O corpo humano não foi feito para funcionar sem intervalos. Quando naturalizamos a exaustão, adoecemos. Precisamos parar de ver o descanso como luxo. Ele é fundamental para a segurança emocional e a qualidade de vida”, finaliza Ana Tomazelli. >
Por Letícia Carvalho >