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Carmen Vasconcelos
Publicado em 12 de janeiro de 2014 às 10:53
- Atualizado há 2 anos
Se você é uma daquelas pessoas que aproveitam o calor para passar o dia todo com roupa de banho molhada, cuidado! A junção da umidade da roupa, a temperatura mais alta em contato com a pele pode gerar um problema muito comum no Verão: a candidíase! >
Provocada por fungos, a doença aparece na forma de coceiras na região íntima, vermelhidão (no pênis e prepúcio no caso dos homens e na região exterior da vagina no caso das mulheres), corrimentos e inchaço. >
Embora o problema atinja a região íntima de homens e mulheres, não se trata de uma doença sexualmente transmissível, mas de fungos que se proliferam com o aumento da umidade e do calor.>
De acordo com a ginecologista Cláudia Lordelo, para evitar o problema é necessário que as pessoas vistam roupas secas assim que saírem dos banhos de mar, piscina ou rio. “A roupa da academia também deve ser trocada imediatamente após o treino”, esclarece a médica, salientando que a candidíase pode ser transmitida em água de piscina, especialmente se não for tratada. “No mar, a própria salinidade impede que haja contaminação”, completa.>
Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas da FMUSP, Carmita Abdo lembra que além da proliferação de fungo gerado pela umidade, o banho em água contaminada (de rio, lagoa ou piscina) pode predispor às doenças, tanto do trato urinário (uretrites, cistites, por exemplo), quanto do aparelho ginecológico (vulvovaginites, por exemplo).>
“Vale lembrar que outros fatores podem contribuir para infecções na região genital, tais como alterações hormonais, gravidez, baixa imunidade, uso de antibióticos e de produtos íntimos que alterem o pH e, consequentemente, o equilíbrio da flora vaginal”, ressalta.>
PrevençãoPara a professora Carmita Abdo, evitar compartilhar roupas de banho ou toalhas de outras pessoas também ajuda a manter as infecções longe. A dica vale tanto para mulheres como para homens. “É recomendado não depilar a vulva na véspera do banho de mar ou de piscina, pois a depilação causa microlesões, onde fungos e bactérias podem se instalar”, explica.>
O ginecologista e diretor médico do Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana (Ceparh), Jorge Valente, também destaca que quando o assunto é cuidado preventivo, é fundamental criar uma proteção entre a areia da praia e a região íntima. “As areias das praias terminam sendo cenário de contaminação e por isso, o contato com a pele deve ser intermediado sempre, seja por cangas, toalhas e até mesmo sandálias de borracha”, destaca.>
Ele chama atenção para o fato de que além da candidíase, doenças como o HPV também podem ser transmitidas pela água, em ambientes como o chão de banheiros ou chuveiros. “Os sorotipos do HPV do grupo A causam lesões de pele como o Olho de Peixe (que se assemelha a um cravo no pé) e as verrugas”, salienta, ressaltando a necessidade de se precaver.>
No quesito cuidados, os médicos chamam atenção para o uso de roupas leves nessa época, especialmente vestidos e saias, no caso das mulheres. >
“É importante que as mulheres prefiram às calcinhas totalmente de algodão, que permitem a ventilação da vagina e da região anal, evitando a proliferação de fungos e bactérias”, salienta Carmita Abdo. >
“Para os homens, está indicado usar cuecas de algodão para arejar a região genital e anal”, diz, lembrando a necessidade de lavar bem os genitais com sabonete neutro, especialmente nas áreas de dobra de pele, como virilha, ânus, prepúcio e abaixo do escroto, que são propensas a odores, micoses e assaduras. Depois, secar bem. “A higiene inadequada dos genitais masculinos é o maior fator de risco para o desenvolvimento de câncer de pênis, por exemplo”, completa a professora. >
O uso de sabonetes que equilibram o pH da região também é indicado.>
TratamentoPara quem não tomou os cuidados necessários e agora pena com a candidíase, a saída é buscar um médico imediatamente para ter a certeza do diagnóstico. >
“O tratamento da candidíase é feito com medicação oral e tópica”, diz a médica Cláudia Lordelo, ressaltando que durante o tempo de tratamento, os pacientes devem passar cerca de uma semana evitando praias, rios e piscinas, além do contato sexual. >
Como a candidíase também tem uma relação muito estreita com a baixa da imunidade, Jorge Valente orienta que as pessoas potencializem o tratamento com bastante hidratação e uma dieta menos inflamatória.>
“Ingerir muita água e líquidos, cuidar para comer mais frutas, verduras e integrais, reduzir o consumo de açúcares e gorduras. Esses são cuidados que auxiliam o organismo a reagir e cria um ambiente pouco hospitaleiro para os fungos”, finaliza.>