Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Apresentadora vai falar sobre antivacina. Ministério mudou estratégia para focar nas duas doenças
Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2018 às 08:12
- Atualizado há um ano
Diante do risco da volta de doenças contagiosas graves consideradas erradicadas no Brasil - como sarampo e poliomielite -, o Ministério da Saúde decidiu mudar a estratégia de imunização. Vai retomar procedimento bem-sucedido nos 1980 e 1990: as campanhas específicas.
Com apelo tanto aos pais quanto às crianças, a estrela da campanha de vacinação será Xuxa. O filme de conscientização, em 3D, põe a apresentadora para fazer uma viagem ao passado, nos anos 1980 e 1990, quando ela era a "Rainha dos Baixinhos", nasceu o personagem Zé Gotinha e o País assumiu compromisso de erradicar pólio e sarampo. "Esse papo de ‘não precisa vacinar não’ é mentira. Tem de vacinar, sim", diz Xuxa no vídeo.
Segundo o ministério, o investimento nas campanhas para alertar a população sobre a importância da imunização na prevenção de doenças é crescente. Houve um aumento de 60% do valor dos recursos de campanha de vacinação, de R$ 33,6 milhões em 2015 para R$ 53,6 milhões no ano passado. Até o meio deste ano, a pasta afirma já ter destinado R$ 31,9 milhões para campanhas.
Relembre a campanha na década de 1980:
Campanha Este ano, de 6 a 31 de agosto, em vez da já tradicional campanha de multivacinação, o Brasil terá uma ação mais focada, contra a pólio e o sarampo. O investimento do ministério nas campanhas deste ano já passa dos R$ 30 milhões. "As baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de 5 anos, acenderam uma luz vermelha no País", informou o ministério, diante da lista de 312 municípios que estão com cobertura abaixo de 50% para poliomielite, como adiantou o Estado. Há também o reaparecimento de casos de sarampo em cinco Estados e em países vizinhos.
Em 2017, todas as vacinas oferecidas gratuitamente ficaram abaixo da meta de 95% preconizada pela Organização Mundial de Saúde para o controle de doenças infecciosas. Em 2011, por exemplo, as coberturas para pólio e sarampo - consideradas graves - eram de 100%.
Oferta Segundo o Ministério da Saúde e Biomanguinhos (principal fabricante das vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizantes. Para a campanha deste ano, por exemplo, já estão disponíveis 15,5 milhões de doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e outras 11 milhões da pólio. Em Rondônia, por exemplo, o surto de casos de sarampo fez o governo antecipar a campanha de vacinação, que começou esta semana.
O problema, dizem autoridades e especialistas, não é a produção. "Quando doenças estão erradicadas, com elas vai o medo e a percepção do risco", diz a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Os pais das crianças de hoje nunca viram sarampo ou pólio; eles mesmos foram vacinados na infância."
Para Pedro Bernardo, da Interfarma (que reúne laboratórios privados de produção de vacinas), médicos e farmácias deveriam entrar mais nas campanhas. "E os planos de saúde deveriam cuidar dos beneficiários, focando na prevenção." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.