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Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2022 às 07:18
Casos suspeitos e confirmados de varíola dos macacos em crianças alertam para os cuidados contra a doença nessa faixa etária. No Ceará, pelo menos quatro crianças entre seis e 11 anos estão com suspeita de Monkeypox. Grávidas, crianças com menos de oito anos e imunossuprimidos integram o grupo de risco para a varíola dos macacos.>
Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), doença pode ser mais grave em crianças. Entendimento tem como base informações de pacientes de regiões do continente africano, onde o vírus é endêmico. Mas não se sabe ainda se tendência vai se repetir nos países que estão sendo afetados por surtos atualmente.>
Conforme infectologista pediátrico Robério Leite, professor adjunto de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretor da Regional Ceará da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm-CE), não há evidências bem definidas nesse sentido, mas, provavelmente, as crianças são mais vulneráveis ao vírus.>
"Casos de Monkeypox na África mostravam maior risco de complicações da doença em crianças menores de 8 anos. Provavelmente, isso deve estar relacionado com uma imaturidade do sistema imunológico", detalha.>
No cenário atual, como protegê-las do risco de infecção? Conforme o infectologista pediátrico, a identificação e isolamento precoces de indivíduos com a doença representam uma maneira mais acessível de prevenção em qualquer idade no momento atual.>
"A vacina, quando disponível, pode ser uma estratégia de prevenção e de bloqueio após contato com caso confirmado. Existe ainda a possibilidade de uso de imunoglobulina específica e de antiviral", complementa.>
Principalmente durante a infância, os sintomas da varíola dos macacos podem ser confundidos com os de outras enfermidades, como catapora ou sarampo. Mas o professor explica que existem algumas peculiaridades do quadro clínico de Monkeypox que podem ajudar a diferenciar dessas doenças.>
"Destacaria as lesões bolhosas e vesiculares com maior distribuição nas extremidades e na face, do que no eixo central do corpo, não poupando a palma das mãos e a planta dos pés, são dolorosas e o fato de se encontrarem num mesmo estágio evolutivo numa área próxima da pele", diferencia.>
Leite ressalta outro aspecto: na catapora, por exemplo, a distribuição das lesões é o inverso do que ocorre em Monkeypox e as lesões se encontram em diferentes estágios evolutivos numa área de pele próxima. Em caso de aparecimento de lesão parecida com qualquer doença do tipo, deve-se procurar atendimento médico.>
Ele acrescenta que a informação de que uma criança que desenvolva lesões compatíveis tenha tido contato recente com indivíduo suspeito pode ser uma pista fundamental para o diagnóstico.>
O tratamento das pessoas infectadas envolve o suporte para as manifestações clínicas, como antitérmicos e boa hidratação, e o uso do antiviral específico. Ele aponta que "a questão é a dificuldade global para o acesso ao antiviral e à vacina, em função da rápida escalada global de casos e a ausência de estoques".>
Recomendação para gestantes, puérperas e lactantes Nesta semana, o Ministério da Saúde emitiu nota técnica na qual recomenda o uso de máscaras para mulheres grávidas, lactantes e com bebês recém-nascidos para prevenção contra a varíola dos macacos. >
As recomendações da pasta alertam que o quadro clínico de gestantes tem características similares ao de outras pessoas. Entretanto, nesse grupo, a gravidade da doença pode ser maior. Nota orienta que gestantes, puérperas e lactantes devem se manter afastadas de pessoas que apresentem febre e lesões cutâneas.>
O que sabemos sobre a doença Como é transmitida? - Principalmente por meio de grandes gotículas respiratórias. Como as gotículas não podem viajar muito, é necessário um contato pessoal prolongado;>
- Fluidos corporais, contato com alguma lesão ou contato indireto com o material da lesão;>
- Por meio da mordida de animais que carregam o vírus ou consumo destes.>
Como se prevenir? - Evitando contato com pessoas com caso suspeito e objetos que essas pessoas tenha usado, bem como com animais que possam estar doentes;>
- Uso de máscara de proteção e distanciamento.>
Quais os principais sintomas? - A doença tem período de incubação pode variar de 5 a 21 dias;>
- O estágio febril da doença geralmente dura de 1 a 3 dias (febre, dor de cabeça intensa, inchaço dos gânglios linfáticos, dor nas costas, dor muscular e falta de energia);>
- O estágio de erupção cutânea, com duração de 2 a 4 semanas (lesões evoluem de máculas — lesões com base plana — para pápulas — lesões dolorosas firmes elevadas).>
Qual a gravidade da varíola dos macacos? - Além de transmissão menor, a letalidade da varíola dos macacos também é bem menor em comparação à varíola humana. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de mortalidade da doença surgida mais recentemente é de 3% a 6%. A mortalidade da varíola humana chegava a 30%, conforme o órgão.>
- Em geral, os pacientes tomam remédios apenas para tratar os sintomas como dor de cabeça e febre. Casos mais graves podem ocorrer em gestantes, idosos, crianças e pessoas que têm doenças que diminuem a imunidade.>
Existem vacinas disponíveis que protegem contra a doença? - As vacinas contra varíola comum (humana) protegem também contra a varíola dos macacos. Com a erradicação da doença no mundo, em 1980, a vacina deixou de ser aplicada. Pessoas que foram vacinadas há mais de 40 anos contra a varíola humana ainda podem ter alguma proteção;>
- Alguns países da Europa e da América do Norte já começaram a vacinar alguns grupos populacionais. O Ministério da Saúde informou que está contato com entidades ligadas à Organização Mundial da Saúde (OMS) para adquirir o imunizante. (Com agências)>
Originalmente publicada em O Povo>