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Nelson Cadena
Publicado em 23 de julho de 2020 às 05:00
- Atualizado há um ano
Desde que o carnaval existe nunca deixou de ser realizado em Salvador, no máximo adiado algumas semanas, em inícios do século passado, por conta de fortes chuvas no período cronológico que antecede a quaresma, que no calendário litúrgico vêm a ser uma quarentena, a raiz da palavra explica.
Desta vez, o imprevisível da pandemia, sugere a sua não realização no período acordado (10 a 17 de fevereiro), propõe-se o período de Corpus Christi, última semana de maio e primeira de junho, a conferir, ou meados de julho, para atrair o trade turístico. Tudo depende da vacinação em massa da população, se vacina houver, e do recuo definitivo das ondas contagiosas do vírus, que parecem nunca amainar. Pode até não ter Carnaval, mesmo, se as circunstâncias não forem favoráveis.
Para a cidade é uma tragédia. O Carnaval impacta 100% da população: os 20% que brincam na rua (estatística consolidada em todas as pesquisas realizadas ao longo dos anos); os 20% que viajam para o interior, outros estados e outros países (estatística mais ou menos consolidada) e os 60% que ficam em casa, uns curtindo a festa pela TV, outros frequentando praias, reunindo-se com amigos e familiares (todos consomem e movimentam a economia), ou mesmo resmungando contra a festa por razões muito íntimas; cada um sabe o que sente e como sente e o por que se incomoda com isso.
O impacto econômico para a cidade é devastador. O ciclo de festas de verão, movimenta valores na casa dos bilhões de reais, em torno de dois, na minha estimativa, atualizando pesquisas do passado (R$ 1,5 bilhão em 2014/Diagnóstico Mercadológico da Saltur). No verão, ocorrem mais de 200 eventos e são gerados milhares de empregos temporários, na casa das centenas (115 mil em 2014/Diagnóstico mercadológico da Saltur com base de dados do SEI/Seplan). Há quem fale em exploração de mão de obra, a considerar baixas remunerações, em algumas funções, o que não exclui o fato de ser emprego, ou seja, renda extra, que movimenta a economia.
São empregos para músicos, técnicos e auxiliares de som e iluminação, montadores de estruturas, ambulantes, cordeiros, garçons, receptivo, carpinteiros, decoradores, pintores, auxiliares de cozinha, costureiras, promotores de merchandising, promotores de eventos, transporte legal e ilegal, profissionais de saúde, limpeza e segurança, catadores de lixo para reciclagem... A renda aumenta também para quem tem emprego fixo: policiais e trabalhadores de saúde e de limpeza recebem gratificações extras.
A economia se move, em torno do Carnaval, a partir do intenso fluxo do turismo interno e, em menor grau, do externo. Turistas e baianos consomem vestuário especifico (abadás e camisetas) e convencional, alegorias, cerveja e outras bebidas alcoólicas, e não alcóolicas; hospedagem em hotéis, pousadas e similares, locação de imóveis por temporada e um imensurável número de itens que vão desde o spray de espuminha até o churrasquinho de gato, no quesito alimentação. O Carnaval é o motor da economia baiana no verão. Se desligado queima. Nos resta torcer para que o cenário atual se reverta.
Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às quintas-feiras