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Murilo Gitel
Publicado em 10 de setembro de 2017 às 05:55
- Atualizado há 2 anos
Priorizar os elementos que podem ser recuperados de eletroeletrônicos - a exemplo de ferro, prata e alumínio - é uma das alternativas apontadas pela professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Viviana Zanta para diminuir a degradação ambiental decorrente do descarte e do manuseio incorretos desses materiais.
A professora destaca também a importância da produção de equipamentos mais duráveis e limpos, priorizando-se componentes atóxicos e recicláveis, e, ainda, um mesmo produto com menos componentes. Para ela sempre é possível investigar e inovar com novos materiais, mas isso exige investimento e tempo, além de visões estratégica e de responsabilidade ambiental das empresas. “Também há que se considerar que a legislação e fiscalização podem e devem existir, mas questões de viabilidade técnica e econômica influenciam na velocidade das mudanças, muitas vezes tornando o processo lento por se ter visão de mercado em curto prazo. Esquece-se que resíduos são recursos econômicos, fontes de matéria prima e de energia que, se não utilizadas, são desperdiçadas”, observa.
E o caminho da reciclagem é o que está previsto em lei. Sancionada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) oficializou a responsabilidade compartilhada de toda a sociedade na gestão dos resíduos sólidos urbanos (logística reversa), o que inclui os próprios fabricantes - que passaram a ter a obrigação de receber dos consumidores os produtos inservíveis dos consumidores -, supermercados, farmácia e lojas de celulares. São estes estabelecimentos que vão destinar o lixo eletrônico ao tratamento adequado. A cada setor foram atribuídos diferentes papéis a fim de solucionar ou mitigar os problemas relacionados ao lixo no país.“A logística reversa, mesmo já com sete anos de implantação, ainda caminha de forma incipiente. Os acordos setoriais em muitos estados, inclusive na Bahia, não foram firmados. As ações que existem são por iniciativa de empresas que disponibilizam o recebimento de certos produtos que comercializam”, critica Viviana Zanta.Maior produtor de lixo eletrônico da América Latina (1,4 milhão de toneladas), o Brasil precisa investir R$ 11,6 bilhões até 2031 na infraestrutura para universalizar a destinação final adequada dos resíduos sólidos. A este valor se somam R$ 15,59 bilhões ao ano para custear a operação e manutenção das plantas de tratamento de resíduos que serão construídas. Estes dados constam de estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em parceria com a Go Associados, divulgado em junho.