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Gustavo Acioli: A praça do poeta Castro Alves agora é o Facebook

  • D
  • Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2012 às 02:11

Gustavo Acioli*

Em pleno século XIX, quando escreveu que “a praça é do povo, como o céu é do condor”, o poeta Castro Alves jamais imaginaria que seu querido equipamento público perderia, no futuro, o posto de palco das insatisfações e clamores populares. Pois é, perdeu, caro leitor. A praça - e não me refiro apenas à Castro Alves - viu sua condição ruir e isso já faz até um certo tempo. Quem tomou a posição atende pela nomenclatura de ‘redes sociais’.A dinâmica do modo de vida contemporâneo nos pôs mais próximos à tela de um computador do que das ruas. Estamos ficando branquelos e cada mais vez mais distantes da vida ao ar livre. Talvez seja a vitória dos escritórios, da luz branca, das persianas, dos elevadores, do individualismo(?)... Pessoas fechadas em seus universos particulares. Fechadas a tão ponto, inclusive, que fazem das redes sociais suas janelas para o mundo, onde a interação entre humanos acontece sem as ameaças das ruas indomáveis, violentas. Há quem diga que o que não está no Facebook não existe. Tanto que não há protesto, reclame ou mesmo revoltazinha de nada que não esteja nele. Faixas, cartazes e pichações agora são bits e bytes e formam pixels.O tal Facebook se tornou solo quase que hegemônico dos insatisfeitos com a ordem atual das coisas. Tanto que praticamente todos os segmentos sociais se fazem presentes na rede, que já abriga 1 bilhão de usuários cadastrados.Há também fenômenos que existem apenas nela e em função dela. A revolta recente sobre a suposta proibição da venda de acarajé na Arena Fonte Nova, durante a Copa do Mundo de 2014, encontrou na rede o seu fórum mais representativo, fazendo eco ao que publicaram os jornais e forçando a Fifa a se comprometer com o respeito das tradições regionais.

Do mesmo modo, diversas outras causas do ativismo social atual têm conseguido ampliar repecussões em função da internet. Afinal, a disseminação de ideias a partir da facilidade de contato entre um ou mais indivíduos nunca antes na história da humanidade foi tão favorecida.

Assim como o acarajé, outros episódios surgem na rede a todo instante. Quem não  lembra da pequena Isabela Faber, que, revoltada, resolveu mostrar ao mundo as condições de sua escola? Não só o colégio foi reformado, como a garotinha de 13 anos foi alçada à condição de web celebridade.

Por aqui, recentemente, outro movimento foi deflagrado: internautas injuriados com as mazelas urbanas de Salvador capturadas pelo Google Street View resolveram criar uma página no Facebook para compartilhar imagens sobre problemas da capital baiana. Rapidamente o movimento reuniu mais de 10 mil pessoas, que criaram um manifesto político e fizeram entrevistas com os candidatos a prefeito. O grupo virtual segue até hoje.

O mundo mudou, as pessoas se relacionam de forma mais rápida e intensa nesses novos tempos de novos paradigmas e desafios. Talvez, estejamos vivendo de forma cada vez mais solitária, porém cada vez com mais capacidade de estarmos juntos.

Gustavo Acioli  É editor multimídia do CORREIO