Filme mostra movimento de resistência dos Guarani-Kaiowá

Documentário dirigido por Vicent Carelli dá visibilidade à reivindicação por terras ancestrais dos povos indígenas

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  • Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2017 às 06:12

- Atualizado há um ano

Há mais de 100 anos, a tribo Guarani-Kaiowá luta pela sobrevivência diante das constantes ameaças de ter suas terras ancestrais confiscadas. Mostrando boa parte dessa resistência, o documentário Martírio é uma das grandes atrações do Cine Kurumin - Festival de Cinema Indígena, que ocupa a Saladearte Cinema do Museu até domingo, com entrada gratuita. Serão, ao todo, 60 filmes apresentados entre longas e médias-metragens. Filme Martírio retrata 100 anos de luta pela sobrevivência dos índios guarani-kaiowá (foto/divulgação)

 Dirigido por Vicent Carelli, em parceria com Ernesto de Carvalho e Tita, Martírio foi lançado no Festival de Brasília e tem sido considerado pela crítica como uma obra definitiva para dimensionar a situação dos povos indígenas no interior do Brasil, dominado por questões do poder ruralista. Seguindo uma ordem cronológica, de 1988 até 2012, quando os guarani-kaiowá receberam uma ordem judicial de despejo em suas terras no Mato Grosso do Sul. Foi quando os remanescentes da tribo enviaram uma carta pública ao governo federal e mobilizaram a população em torno dos direitos de mais de 50 mil índios em situação de vulnerabilidade no país.

Segundo Vicent Carelli, que visitou os guarani-kaiowá diversas vezes, sua obra é uma chance para que os cidadãos que adotaram a campanha de proteção à tribo conheçam sua real situação. Quem começa contando essa história triste é um índio que assume o microfone e guia a câmera pela mata para mostrar seus mortos e dizer que, junto com sua senhora, é um dos poucos sobreviventes do ataque dos brancos que queimaram suas casas, seus pertences, bateram em crianças, idosos e mulheres e os deixaram na miséria. “Os pistoleiros queriam queimar a gente junto com nossas casas”, conta.

O curioso é que o cerne do documentário original não era a questão política. “Fui levado ao Mato Grosso do Sul para ver o transe religioso, as grandes rezas que reuniam os índios guarani-kaiowá de diversos lugares da região”, narra Carelli logo no início da narrativa. A realidade, ele logo veria, era outra.