Humilhação, legados e independência

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  • Darino Sena

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A expulsão de Rodrigo, da Ponte Preta, após dedada em Tréllez, do Vitória, mostra que o futebol mudou. Não, não dá mais pra considerar aquilo um gesto de esperteza. É, antes de mais nada, um ato de constrangimento e humilhação a um colega de profissão. Bom vê-lo rigorosamente punido.

A exclusão do zagueiro Pablo da festa do título do Corinthians, por outro lado, mostra que o futebol não mudou tanto. Uma atitude profissional do jogador – não aceitar as bases pra uma renovação de contrato -, foi punida com total antiprofissionalismo dos cartolas: impedir uma figura essencial para a conquista de confraternizar com seus colegas de profissão.

É desumano criticar o goleiro Muralha pelas sucessivas falhas no Flamengo? Não. Desumano é atacar sua índole, fazer chacota ou humilhá-lo. A quantidade e visibilidade das críticas são proporcionais à responsabilidade do cargo que qualquer pessoa pública ocupa. Não dá pra passar a mão na cabeça de quem erra tanto diante do gol do maior clube do Brasil. Dizer que Muralha não tem mais condições de vestir a camisa do Flamengo é apenas uma conclusão, quase óbvia, após tantos erros. Uma propensa desumanidade não pode servir de escudo pra mascarar incompetência.

Por falar em incompetência, após meses de licença, Ivã de Almeida finalmente renunciou. Deixa uma lição: a de que ser presidente de clube não é apenas aumentar o número de seguidores em rede social, ser assediado pra entrevistas e reconhecido pelas pessoas nas ruas. Pra comandar um clube do tamanho do Vitória, é preciso muito mais que sentar na cadeira e delegar poderes. Espero que ainda dê tempo de evitar aquele que seria o pior legado técnico da curta gestão – o rebaixamento.

Ao longo de três anos à frente do clube, Marcelo Sant’Ana mostrou pouca maturidade pra lidar com as críticas. Em entrevista ao Bar Futebol Clube, sugeriu que eu teria pegado pesado em uma delas e que, por isso, parou de falar comigo. O cartola também não deixou claro qual foi o motivo específico de sua chateação. E também não me respondeu quando tentei saber. Paciência. Não é pela desavença pessoal, porém, que deixo de reconhecer o grande trabalho administrativo que ele fez em seus três anos de mandato. Marcelo transformou o Bahia numa empresa equilibrada, ao sanear as finanças e preparar o clube pro futuro. Ao contrário do colega rival, já citado, Marcelo deixa um legado prá lá de positivo. Fez história. O calo da gestão, porém, foi o futebol. A arrancada na reta final deste Brasileirão não apaga isso. O próximo presidente, seja quem for, só conseguirá dar um passo à frente se tiver essa consciência. Não pode ter medo de mudar.

Como já é público, fui sondado pra ser candidato a presidente do Bahia nas eleições passadas. Isso foi citado num debate entre os presidenciáveis ao próximo pleito, mediado por mim na semana passada. Escrevo aqui o que disse lá. Apesar do convite, nunca fiz e nem pretendo fazer parte da política do clube. Tenho orgulho de ajudar nesta trincheira aqui, como crítico, cobrando posturas distintas diante dos erros e aplaudindo os acertos. Como fazer isso e contar com o prestígio da sua leitura, caro leitor, sem independência?*Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras