Irmã de Sharon Tate diz que rezou pela alma de Charles Manson

Grávida de 8 meses, atriz foi brutalmente assassinada por membros de seita em 1969

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  • Da Redação

Publicado em 20 de novembro de 2017 às 15:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Youtube

Debra Tate, irmã de Sharon Tate, vítima mais famosa de Charles Manson, comentou nesta segunda-feira (20) a morte do mentor do assassinato da atriz. "Fiz uma oração pela alma dele", afirmou ela à revista People. "Um policial da prisão em que ele estava me avisou que ele tinha morrido", conta. Manson morreu aos 83 anos, de causas naturais. Ele estava preso desde 1969, ano em que comandou um culto responsável por nove mortes.

“Eu e cada uma dessas pessoas (Manson e seus seguidores) temos os nossos espíritos e os nossos destinos ligeiramente conectados", diz Debra, que hoje tem 65 anos e lidera uma organização que presta auxílio a familiares de vítimas de assassinato. Na época que uma das assassinas morreu, Debra afirmou que nunca desejou coisas ruins aos criminosos. "A cruz em meu quarto ainda tem flores que coloquei nos pés de Jesus quando Susan (Atkins) morreu", diz. "Eu chorei e pedi que Ele perdoe a alma dela. Farei o mesmo quando Charlie morrer", disse na ocasião. Apesar disso, ela sempre batalhou para que Manson e os seguidores não saíssem da cadeia. "Eles são sociopatas. Eles não são menos violentos hoje do que eram antes". Debra Tate sempre se opôs à liberação dos assassinos da irmã (Foto: Reprodução/ABC) Sharon foi assassinada em 9 de agosto de 1969. Ela estava grávida de oito meses do cineasta Roman Polanski, seu marido. No dia do crime, o diretor estava filmando em Londres. Sharon estava em casa com os amigos Jay Sebring, Wojcieh Frykowski e Abigail Folger. Steven Parent, que tinha ido visitar um funcionário de Tate na casa anexa, foi a quinta vítima. 

Charles Manson ordenou que seus seguidores fossem até a casa, na Cielo Drive, em Beverly Hills, para matar todos que estivessem lá. Ele conhecia o local da época em que o músico Terry Melcher morava na residência. Os dois foram apresentados por Dennis Wilson, do Beach Boys. Melcher negou um contrato para Manson, que também era músico e tinha algumas canções - suas músicas chegaram a ser lançadas em disco em 1971, quando já estava preso pelos crimes que cometeu.

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Por volta de meia noite de 9 de agosto, Charles Watson, Susan Atkins, Linda Kasabian e Patricia Krenwinkel cortaram o fio telefônico da casa e invadiram a propriedade. Lá estavam Sharon, Frykowski, amigo de Polanski da Polônia, a namorada dele, Abigail, e o cabelereiro Sebring, amigo e ex-namorado de Sharon.

Frykowski estava na sala e foi o primeiro a ser atacado. Os outros três, que estavam nos quartos, foram trazidos depois para a sala, amarrados e esfaqueados várias vezes. Watson revelou depois que esfaqueou dezesseis vezes Tate, que implorava para que poupassem seu filho e morreu chamando pela mãe. Antes de deixar a casa, Atkins usou o sangue da atriz para escrever "porco" na parede. A intenção era simular um crime motivado por tensões raciais. Manson acreditava em uma guerra entre raças e queria criar animosidade em relação aos negros. Para ele haveria uma espécie de apocalipse, que terminaria com um mundo só de negros, dominados pela Família Manson. Tudo isso era uma "profecia" que Manson decifrou da música Helter Skelter, dos Beatles. Tate na porta da casa onde seria assassinada (Foto: Reprodução) Na saída, o grupo encontrou Steven Parent, de apenas 18 anos, que tinha ido até a casa para tentar vender um som de carro para o caseiro de Tate e Polanski, que morava em um imóvel anexo. Ele também foi morto, dentro do seu carro. Na noite seguinte, foram assassinados de uma forma semelhante o comerciante Leno LaBianca e sua esposa, Rosemary. A brutalidade dos crimes fez com que o incidente macabro entrasse para a história.

Os assassinos foram presos somente em dezembro de 1969 - Atkins, detida por outro crime, confessou seu envolvimento com a morte de Tate na cadeia. O julgamento começou em 1970 e todos foram condenados à pena de morte, posteriormente reduzida para prisão perpétua, por conta da suspensão da pena capital na Califórnia.

Linda Kasabian, que foi uma das principais testemunhas de acusação, fez um acordo e acabou liberada. Na cadeia, Patricia Krenwinkel se tornou professora e tem comportamento conhecido por ser exemplar. Ela tentou pedir liberdade algumas vezes, sem sucesso. Charles Watson se converteu ao cristianismo e escreveu um livro sobre seu envolvimento com a Família Manson. Susan Atkins morreu vítima de um câncer no cérebro.Carreira Sharon Tate estava deslanchando na carreira de atriz quando foi assassinada.  Nascida em Dallas, nos Texas, ela se mudou para Los Angeles no início dos anos 1960 para seguir o mundo artístico. Ela apareceu em filmes como "O Olho do Diabo" (1966) e "A Dança dos Vampiros" (1967), de Polanski, quando conheceu o diretor e começou o envolvimento que culminou com o casamento dos dois. Em 1967, foi lançado "O Vale das Bonecas", seu filme mais famoso, pelo qual recebeu a indicação para o Globo de Ouro. Ainda saíram "Arma Secreta contra Matt Helm" (1969) e "12+1" (1969). Sharon Tate (Foto: Divulgação) Tate e Polanski casaram em janeiro de 1969 e esperavam o primeiro filho na época do crime - a criança nasceria em quinze dias. Em 1977, o diretor se envolveu em um escândalo sexual, depois de ser acusado de abusar sexualmente de uma garota de 13 anos. Ele foi embora dos EUA para evitar uma condenação pesada e desde então não retornou ao país. Em 2002, ele recebeu o Oscar de Melhor Diretor por "O Pianista", filme que se passa no Holocausto - o diretor perdeu parte da família na Segunda Guerra. Ele vive atualmente na França, com a esposa Emmanuelle Seigner, com quem tem dois filhos. Roman Polanski (Foto: AFP)