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Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 10:36
- Atualizado há 2 anos
A Justiça negou o pedido de suspensão da travessia Salvador-Mar Grande, ajuizado pelo Ministério Público na quarta-feira (30). Na decisão, o juiz Substituto de 2º Grau Adriano Augusto Borges afirmou que para paralisar o serviço totalmente, seria necessário que a parte autora comprovasse com dados concretos que existe a possibilidade de outros acidentes e que a tragédia com a lancha Cavalo Marinho I, que deixou 19 mortos, não foi um fato isolado>
"Para afastar a presunção de regularidade da fiscalização feita pela Marinha do Brasil e pela Agerba [agência estadual que regula o serviço], adotando tão gravosa medida de paralisação total do serviço, seria necessário que a parte autora trouxesse dados concretos da iminência ou da acentuada probabilidade de nova ocorrência de acidente de consumo, mostrando que a lamentável tragédia do dia 24 de agosto não se tratou de um fato isolado em décadas de travessia", diz a nota enviada pelo Tribunal de Justiça da Bahia. >
O juiz alegou também que o pedido do MP fere os princípios de Proporcionalidade e Razoabilidade, que causa uma medida "excessivamente onerosa e prejudicial", sem que tenha sido demonstrado "sua absoluta e concreta necessidade". Ainda de acordo com a decisão, o serviço é uma atividade de interesse coletivo, de caráter essencial. >
A travessia Salvador-Mar Grande foi retomada na última terça-feira (29), após o serviço ficar parado por cinco dias. Na quinta-feira (24), a lancha Cavalo Marinho I virou 10 minutos após sair do Terminal de Vera Cruz - 19 pessoas morreram. Uma adolescente de 12 anos continua desaparecida. >
ACOMPANHE A COBERTURA COMPLETA SOBRE O ACIDENTE COM O BARCO>
O CORREIO procurou o Ministério Público, mas ainda não teve resposta. Em nota, a Agerba informou que "a operação está sendo realizada normalmente. A Agerba irá aguardar o resultado do inquérito instaurado pela Marinha e seguirá os critérios estabelecidos por ela".>
A empresa CL Empreendimento, afirmou, por meio de sua assessoria, que a decisão da Justiça confirma que a empresa está operando dentro da legalidade e que caso haja alguma mudança na legislação ou nas orientações da Capitania dos Portos, irá se adequar para atender as normas. >
A Vera Cruz Transportes informou, por meio de nota, que "a população deve ficar tranquila ao fazer uso das embarcações da empresa". A nota diz ainda que duas embarcações da empresa passaram por uma vistoria do Departamento de Portos e Costas (DPC) de todos os itens de segurança, além de averiguando as condições de navegação. >
"A Marinha do Brasil solicitou dois oficiais do Rio de Janeiro, além de engenheiros navais, para compor a equipe que está investigando a segurança dos barcos que fazem a travessia Salvador/Mar Grande. A perícia de hoje foi realizada nos barcos Anita Garibaldi e Maria Quitéria, tendo sido ambos aprovados", diz a nota da empresa.>
PedidoO pedido foi ajuizado pela promotora Joseane Suzart, que chegou a pedir à Justiça que a análise fosse feita com zelo, "pois, caso o serviço seja mantido nas atuais condições, novas mortes e lesões corporais poderão advir, acarretando danos materiais e morais, quiçá, irreversíveis".>
No documento, o MP pedia que o serviço só fosse retomado a partir da entrega de alguns documentos: estudos técnicos sobre a segurança das embarcações, com a presença de todos equipamentos exigidos por lei; documentos da habilitação técnica e profissional de toda a tripulação (comandante e demais funcionários); e exame pericial em todas as embarcações das duas empresas, a ser realizado com urgência por profissional a ser indicado pela Justiça, como também perícia nos terminais náuticos de Salvador e Vera Cruz.>
Na ação, são citadas as empresas CL Empreendimentos Ltda e Vera Cruz Ltda, além da Agerba, a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), a empresa Socicam Administração, Projetos e Representações, o Centro Náutico da Bahia e o governo da Bahia. (Foto: Betto Jr/CORREIO) "A precariedade da prestação do referido transporte hidroviário de passageiros já estava sendo denunciada, assim como as péssimas condições dos terminais localizados em Salvador e em Vera Cruz", diz documento ajuizado pelo MP-BA. >
O MP-BA cita que não havia quantidade suficiente de salva-vidas para todos os passageiros embarcados e também sinalizadores, além da falta de orientação dos funcionários sobre os procedimentos que devem ser adotados em casos de acidentes.>
"A inexistência de coletes salva-vidas em quantidade satisfatória, higienizados e em condições de retirada imediata, visto que os passageiros relatam que estavam amarrados, é outro fator de extremo risco. A ausência de sinalizadores para comunicar que o acidente estava materializando-se constitui outro aspecto extremamente grave", diz o documento.>
"Relatam os passageiros ausência de funcionários prestando informações e esclarecimentos no âmbito interno da embarcação Cavalo Marinho I. Nos terminais, quer seja no momento do embarque ou do desembarque, pessoas questionam também a ausência de funcionários instruídos para os orientar", destaca outro trecho.>