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Giácomo Mancini: O rim e a ovelha

  • D
  • Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2014 às 05:29

 - Atualizado há 2 anos

Para quem mora no Sul do Rio Grande do Sul, ir ao Uruguai é como ir à esquina. De Pelotas, de carro, em pouco mais de uma hora se chega a Rio Branco, do outro lado da fronteira, depois de passar uma velha ponte - Ponte Barão de Mauá, que começou a ser construída em 1927 e ficou pronta 3 anos depois. Hoje mal suporta o tráfego intenso de carros brasileiros que vão à zona franca de Rio Branco fazer compras. Não há muitas lojas, e as que existem, vivem cheias de gente à procura de eletrodomésticos, roupas, bicicletas, cosméticos, alimentos e bebidas. Vale a pena? Claro. É um free-shop, sem impostos. Quer um exemplo? Uma garrafa de Dom Melchor, que no Brasil custa entre R$ 480 e R$ 600, lá sai por US$ 110, cerca de R$ 250. E um Catena Malbec por US$ 16 e um Catena Alta ou Angélica Zapata por US$ 49. Isso sem falar nos queijos, nos embutidos e nos doces de leite do Uruguai. Uma perdição. Carne uruguaia Salvador fica longe, uma pena. Mas não se vai ao Uruguai sem que se prove uma carne. Isso seria imperdoável. O lugar é pequeno, fica bem na beira do rio e ali os restaurantes são poucos. Há um, pelo menos, em que se come uma carne muito, muito boa, como tem que ser. É o Barranco. Uma casa de dois andares com uma parrilla bem na entrada. Lá se pode comer um bom bife de tira(costela) ou o contrafilé(chourizo). Ou uma milanesa, um bife empanado, recheado com queijo que dá para duas pessoas. Preço mais caro do cardápio de carnes, R$ 30. A carne uruguaia é imbatível. Pedi um bife de chourizo e vieram dois pedaços deliciosamente no ponto, com salada e batatas fritas. Paguei R$ 28. Mas antes do almoço, pedimos, também da parrilla, um rim de boi assado. Maravilha. Memória do sabor. A infância. A adolescência. Comi um ensopadinho de rim com batatas, feito por dona Marlene, que era de repetir duas, três vezes. O rim assado na brasa me trouxe lembranças da vida no campo. Estava suculento, no ponto correto de sal, da pimenta moída na hora, no sabor fantástico que tem uma carne assada no contato com o fogo do carvão incandescente. Ainda que seja uma parte do boi pouco nobre. Mas os miúdos têm um sabor forte e marcante. Aqui na Bahia se usa para fazer o meninico ou o sarapatel, de bode ou porco. Lá não é muito comum nenhum dos dois. Fígado para bife, coração assado, rim para ensopado ou churrasqueira. Nada se perde, tudo se transforma em pratos do dia a dia.Memória Tudo isso por causa de um pedaço de rim assado? A memória do paladar é algo fantástico. A gente não esquece nunca dos pratos de que sempre gostou e dos que a gente sempre comeu obrigado. O ensopadinho de rim é comida obrigatória em casa quando vou a Pelotas. O churrasco também. Alexandre, meu cunhado, é um mestre. Ninguém assa uma costela de boi ou uma paleta de ovelha como ele. E já faço a encomenda antes de viajar. Para mim, a paleta de ovelha assada lentamente no fogo do carvão é um sabor guardado a sete chaves na memória. E ativar a memória para comer o que se gosta e o que faz parte da nossa vida, seja um ensopadinho de rim ou uma paleta assada, não tem preço.RECEITAGuisadinho de rim com farinha de mandioca(Receita de família)Ingredientes2 rins de boi2 cebolas2 tomates2 colheres de sopa de molho de tomatePimenta do reinoSal Farinha de mandiocaPreparoCorte os rins bem miudinho com uma faca, limpando as partes brancas. Faça um refogado com duas cebolas, os tomates, temperos, molho de tomate. Junte os rins picados. Refogue bem. Ponha um pouco de água e vá controlando até que os rins fiquem cozidos. Se for necessário, use mais água. Cuide para não secar. Quando estiver pronto, e bem  molhadinho, junte um pouco de farinha de mandioca, sempre mexendo. Deixe bem úmido. E cuide para não botar farinha demais. Sirva bem quente com um copo de cerveja forte bem gelada.