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Dez mitos da amamentação que derrubei na prática

Entre prazer, descobertas e muita diversão, o que quatro anos e meio dando peito me ensinaram

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 21 de agosto de 2025 às 06:00

Amamentação
Amamentar é lindo! Crédito: Reprodução

Antes de qualquer coisa, este texto não julga mulheres que não podem ou não querem amamentar. Muito menos, menospreza dificuldades enfrentadas por outras. Máximo respeito às questões e escolhas individuais. A intenção aqui é apenas compartilhar um pouco do que aprendi em quatro anos e meio de amamentação, derrubando mitos, enfrentando gente chata e me divertindo pelo caminho. Tive uma experiência muito feliz, então, sim, é uma exaltação a essa belíssima mágica feminina que, na maioria das vezes, precisa de pouco para acontecer. Estamos no Agosto Dourado, mês do aleitamento materno, e eu posso garantir: exceto em casos específicos, “dar o peito” não precisa doer, não é sofrimento e pode ser uma experiência profundamente prazerosa, divertida e cheia de alegria. A seguir, te conto dez mitos que derrubei na prática e que a maioria das mulheres pode derrubar também.

Mito 1: “precisa preparar o peito na gravidez”

Muitas pessoas acreditam que é preciso “preparar” os mamilos antes do parto. Na minha prática, querer muito e estudar a “pega” correta foi o suficiente. Coloquei meu filho no peito, da maneira certa, desde a primeira mamada. Depois, deixei que ele sugasse o quanto quisesse, e tudo fluiu naturalmente. Sem dor, sem feridas, sem “bico rachado”, sem sangue, sem febre, sem nada. Ele mamou peito vazio, depois colostro e, depois, leitinho. Como é para ser. Simples assim.

Mito 2: “todo pediatra entende de amamentação”

Das maiores lorotas que existem. Muitos são apaixonados por mamadeiras e “fórmulas”. Na primeira (e última, porque não voltei mais lá) consulta, a médica prescreveu “complemento” porque meu filho estava “magro demais”. Ela não me disse uma palavra sobre técnicas de amamentação. Fiquei arrasada. Então, pesquisei e aprendi sobre o leite inicial e o posterior, que cada qual tem uma função. Ajustei o tempo das mamadas em cada peito e suspendi o “complemento” que comprei porque a “doutora” mandou. Resultado: menino crescendo e engordando normalmente, só com leite materno mesmo.

Mito 3: “amamentação mata a libido”

Dizem que amamentar reduz desejo sexual, mas não perguntam como está o seu romance. Experiência real: cansaço, qualidade da relação e contexto de vida pesam mais do que hormônios. A vontade de namorar - que havia sumido - voltou naturalmente, quando me separei de um casamento que já estava em estado terminal. Ou seja, é possível amamentar e manter a sexualidade viva, torcendo apenas para que a hora da mamada não interrompa a festinha. O que é raro, mas acontece bastante.

Mito 4: “o leite seca se a mãe se estressar”

Sim, emoções influenciam a produção de leite materno, mas isso não é sentença final. Nos dias de estresse, meu leite diminuía temporariamente. Minha técnica era me trancar com ele no quarto, respirar fundo, visualizar águas em movimento e focar no vínculo com meu bebê. O leite voltava, e o momento se mantinha leve, seguro e prazeroso. A amamentação pode ser alegria mesmo nos dias complicados, e até virar uma meditação obrigatória, espaço de saúde mental.

Mito 5: “amamentar ‘estraga’ os seios”

Mais uma bobagem. Eu não uso sutiã, amamentei por anos e meus peitos se mantiveram firmes até depois do desmame. Por outro lado, mulheres que não amamentam podem ter flacidez ou estrias. Então, se você quer amamentar, faça como se sentir mais confortável e deixe para pensar na estética depois que essa fase passar. A surpresa pode ser ótima no final. Porque mudar, muda. Mas nem sempre é para pior.

Mito 6: “amamentação é um sacrifício pelo bem do bebê”

Lorota. Sempre senti muito prazer. Era por ele, mas também era por mim e pelo “nós” - eu e meu filho - que estava nascendo ali. Cada mamada era um momento de segurança, afeto e alegria, com prazer físico e emocional. Ocitocina liberada, vínculo reforçado, estresse reduzido. Amamentar pode e deve ser prazeroso. Sou da opinião de que isso é o normal e de que a gente deve espalhar a palavra de que dar peito é gostoso demais!

Mito 7: “o desmame precisa ser conduzido”

De novo: cada mulher decide como quer fazer, mas aqui o desmame foi totalmente natural. Meu filho escolheu sozinho o momento de se desligar do peito. Sem sofrimento, sem estratégias, sem negociações. Primeiro porque a gente não tinha pressa e, depois, porque aprendi: crianças que desmamam naturalmente desenvolvem autonomia emocional e vínculo seguro. Quando ele decidiu parar de mamar, senti orgulho, leveza e sensação de dever cumprido.

Mito 8: “amamentação atrapalha a alimentação sólida”

Muitas mães temem que continuar amamentando depois dos seis meses dificulte a introdução de alimentos. Na prática, o peito complementa a dieta, garante hidratação, anticorpos e conforto emocional na nova fase. Em viagens ou doenças, o leite materno é a solução nutritiva e prática, garantindo segurança e afeto mesmo nos momentos de caos. Detalhe bônus: é muito mais fácil dar o peito do que carregar purê e potinhos para todo lado.

Mito 9: “só o bebê se beneficia”

Na verdade, mãe e filho ganham juntos. No pacote de benefícios estão recuperação pós-parto mais rápida, risco menor de anemia, imunidade reforçada, regulação emocional e vínculo intenso. Aleitamento materno é estratégia de saúde, conexão e prazer para todos.

Mito 10: “amamentação prolongada já é exagero”

Quando meu filho deixou de ser um bebê, mas continuou mamando em meus peitos, muita gente nos incomodou dizendo que já era “exagero”. Cada um pode achar o que quiser. Daqui, eu apenas informo que nossa “lua de leite” prolongada foi incrível, divertida e cheia de histórias memoráveis. Essa experiência me transformou, inclusive, numa espécie de “consultora de amamentação selvagem” para outras mães, o que também me encheu de orgulho e felicidade. Além disso, nossa prática está totalmente alinhada com a ciência. Como você sabe, o Ministério da Saúde recomenda amamentação por dois anos OU MAIS.

Sim, eu trabalhava. Em dois turnos, inclusive. Sim, viajei sem ele algumas vezes. Ele também ficou só com o pai em muitas oportunidades. Nos reencontros, a gente se ajeitava e a amamentação seguia, sem qualquer ameaça, derrubando também o mito de que, se for amamentar, “vira escrava” da criança. Então, se você está grávida e quer amamentar, se não há nenhuma condição física que lhe impeça de fazer isso, tire da cabeça TUDO de ruim que lhe contaram. Busque um grupo de apoio de mulheres que são fãs da amamentação e entendem do riscado. São elas que podem te ajudar a fazer isso de uma forma bacana - e não o senso comum que ainda pede para a gente se esconder quando está com criança no peito. Amamentar é uma mágica feminina, um privilégio, um presente da maternidade. Me permitir viver isso com prazer e alegria, para mim, foi revolucionário.

Siga no Instagram: @flaviaazevedoalmeida