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Quem sou eu sem o digital?

É preciso que as tecnologias permitam circular conteúdos simbólicos e identidades livres e autênticas

Publicado em 21 de agosto de 2025 às 05:00

Tecnologias do Futuro
Tecnologias do Futuro Crédito: GPTW

Seis projetos relevantes para a educação nacional foram selecionados, em abril de 2025, para a 4ª edição do Prêmio LED – Luz na Educação, promovido pelo Grupo Globo. Desses, quatro buscam promover o desenvolvimento social, emocional e profissional dos estudantes, fortalecendo as relações com seus territórios de convívio. Tal cenário reforça que, atualmente, o objetivo da formação integral dos estudantes aponta para o fortalecimento das identidades e pertencimento social.

As psicologias, em seus diversos ramos, ensinam que o pertencimento social à cultura é pressuposto para a construção da identidade. No mundo hiper conectado em que vivemos, integramos constantemente em nosso comportamento elementos da cultura material e digital. Nesse contexto, as tecnologias digitais desempenham a função social de mediar e expandir a construção de nossas identidades, permitindo o acesso a elementos que nos são próprios e compartilhados socialmente.

Entretanto, vivemos sob um capitalismo plataformizado que orienta o fluxo de informação na direção dos interesses mercantis de grandes corporações. Nossas identidades, ou nossos dados, são constantemente armazenados e explorados por algoritmos treinados para nos oferecer “experiências personalizadas” de navegação. Podemos até achar que controlamos o barco, mas é o mar que determina nosso destino. Somos atravessados por conteúdos repetitivos de bolhas algorítmicas, retraindo a expansão de nossa identidade, enquanto nossos gostos e preferências são modelados por “conteúdos patrocinados” promovidos pelos influenciadores que nos afeiçoam.

A plataformização e mercantilização da cultura e das identidades avança de modo tão expressivo que mesmo a educação, responsável por nos inserir à cultura, cede ante esse imperativo, ainda que de modo controverso, pois, enquanto proíbem celulares por um lado, vetando possibilidades de expressão identitária dos estudantes, por outro, entregam essas identidades, ainda em formação, às grandes corporações, quando lhes permitem o gerenciamento dos dados educacionais, eximindo-se de analisar profundamente o universo digital e seu impacto na construção de conhecimento, identidade e cultura.

Por isso, compreendo que a cultura digital deva ser pensada criticamente, articulada a seu potencial de transformação social. Partilho a compreensão de Nelson Pretto, professor titular da Ufba e ativista, de que as tecnologias digitais são produtos culturais e científicos autênticos, capazes de ressignificar conteúdos e intensificar o compartilhamento, co-criação, remixagem e o trabalho em equipe. É preciso que as tecnologias permitam circular conteúdos simbólicos e identidades livres e autênticas.

Pedro Lucas Oliveira Santos é psicólogo com ênfase em educação, Oficineiro do Educa Mais Bahia e Mestrando no Grupo de Pesquisa EPIS (Educação, Política, Indivíduo e Sociedade) /PGEDU FACED/UFBA. Email: ped.oliversantos@gmail.com