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Luiza Gonçalves
Publicado em 26 de outubro de 2024 às 11:00
Exuberância nos tecidos, silhuetas com movimento em cores vibrantes, rendas, paetês e macramê. Desde 2014, a marca da estilista baiana Mônica Anjos marca presença na passarela do Afro Fashion Day, com looks que até hoje compõem seu acervo e são de grande apreço pela designer. Um exemplo é o macacão mostarda da edição de 2020, que teve como tema o Dendê, e que quase não faria parte do Afro daquele ano: “E aí eu cheguei no meu ateliê e vejo um tecido dobrado com o exato tom do tema. Peguei o tecido, fiz a metragem e consegui fazer um macacão lindíssimo. E depois do desfile, a peça saiu na Vogue Online. A Vogue conheceu o trabalho da marca Mônica Anjos a partir do Afro Fashion Day”, relembra.
Veja o mini-doc completo sobre Mônica Anjos:
Esse reconhecimento reforça a potencialidade e a responsabilidade no fazer da moda preta, trilhado por Mônica ao longo dos anos. Apesar de a marca ter surgido fisicamente em 2010, em sua primeira loja no Rio Vermelho, Mônica Anjos atribui seu surgimento e atuação na moda aos anos de ativismo no movimento negro: “Ela nasce a partir de um processo não só criativo, mas de transformação e resgate identitário da estética preta brasileira, a partir da militância do Movimento Negro Unificado. A marca nasceu neste lugar de contribuição da indumentária para o resgate da cultura africana dos corpos pretos, para um outro olhar de autoconhecimento e autocuidado”, explica.
Apesar de ser filha de costureira, foi em sua imersão na luta política que Mônica entendeu que a moda seria seu chamado e principal contribuição para a comunidade negra. Por isso, afirma até hoje: “Não existe fazer moda sem fazer militância”. Em seus designs, busca explorar identidade, resgate cultural e construção da cidadania a partir da união com outras vertentes artísticas. Um exemplo é sua coleção mais recente, Olhos D’água, inspirada na obra de Conceição Evaristo. “Com a escrevivência de Conceição Evaristo, combinada com Capim, um designer baiano, fizemos essa leitura e trouxemos essa passarela inclusiva na relação da literatura com a moda”, compartilha. São mais de 20 anos de trajétoria na moda, vestindo potências como Milton Nascimento, Margareth Menezes e Lazzo Matumbi, e desde 2021, integrando o núcleo de designers da Casa de Criadores.
Para Mônica, o Afro Fashion Day marca sua trajetória pela disciplina exigida ao construir o processo criativo, orientado por um tema e periodicidade, e que, com o passar dos anos, acabou alinhando-se com o desenvolvimento de suas coleções. Fator que, segundo ela, impacta também o cenário dos criadores baianos: “O Afro é importante porque foi um acontecimento. Nós éramos e estávamos, de alguma forma, no anonimato. Os criadores ainda tinham muita dificuldade com relação à visibilidade e a dar visibilidade ao seu processo criativo. Então, ele chega nesse lugar que nos dá visibilidade e ressalta a importância de estar nesse processo. Ao longo desses 10 anos, foram 10 anos de aprendizado. A gente chega aqui muito feliz com esse projeto. Vida longa ao Afro”.
Mini docs Afro Fashion Day:
Editor de Mídia e Estratégia Digital: Jorge Gauthier
Estagiária de cultura: Luiza Gonçalves
Equipe de mídias: Eduardo Bastos, Arthur Leal e Gabriel Cerqueira
O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com patrocínio da Avon e Bracell, apoio CAIXA, Shopping Barra, Salvador Bahia Airport e Wilson Sons e apoio institucional do Sebrae e Prefeitura Municipal de Salvador.