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Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 05:39
- Atualizado há 2 anos
A Coca-Cola pretende devolver à sociedade toda a água usada na fabricação de seus produtos e zerar, até 2030, o impacto das suas embalagens no planeta. Essa é uma meta de ESG – sigla que na tradução do inglês significa Governança Ambiental, Social e Corporativa, uma abordagem que as empresas utilizam para avaliar até que ponto a corporação trabalha em prol de objetivos sociais e não apenas na maximização de lucros. Na Bahia, práticas de ESG são realidade em companhias como a Braskem e a Acelen. >
Representantes das três grandes marcas participaram, ontem, do painel ESG do Fórum Agenda Bahia 2022. A head de Relações Corporativas e ESG da Coca-Cola Brasil, Katielle Haffner, reconhece que a última meta [zerar o impacto das embalagens] é ambiciosa e, para chegar lá, será preciso que a as práticas de governança ambiental e social da empresa caminhem juntas. >
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“Dentro do Brasil, hoje, a gente tem 1 milhão de pessoas que vivem da catação [de recicláveis]. Toda vez que você está falando de gerar um impacto ambiental positivo, está falando de gerar um impacto social positivo também”, afirma Haffner. >
No evento, Katielle compartilhou experiências da Coca Cola com o público do Agenda Bahia 2022 e com a gerente de Relações Institucionais da Braskem, Magnólia Borges; e o vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da Acelen, Marcelo Lyra em uma mesa mediada por Leonardo Barros. >
Ainda em 2002, ano de criação da Braskem, surgiu o compromisso público da companhia petroquímica baiana com o desenvolvimento sustentável e os princípios norteadores do ESG. Em 2009, a empresa assumiu o primeiro compromisso público de longo prazo e, em 2020, após revisão, definiu sete novos macro-objetivos. Dois são reduzir a emissão de gases de efeito estufa até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. >
Além disso, a organização tem uma estratégia global de responsabilidade social focada em três áreas de atuação: educação, economia circular e empreendedorismo local. >
“Nos últimos dois anos, a Braskem destinou R$ 9 milhões para projetos, principalmente naquelas comunidades mais próximas de nossas operações”, revelou Magnólia Borges. >
Já a Acelen, dona da Refinaria de Mataripe, a primeira privada no país, é uma “startup de 70 anos”, como definiu Marcelo Lyra. A empresa, criada pelo fundo Mubadala Capital, surgiu a partir da venda de ativos da Petrobras, nesse caso, da antiga Refinaria Landulfo Alves (Rlam). E, por esse motivo, a Acelen apresentou seu próprio case no painel de ESG. >
“A gente nasce olhando a produção de energia a partir de combustível não renovável como o pilar para o investimento em outras alternativas energéticas no futuro”, explicou Lyra. Até agora, a companhia já reduziu 92% na taxa de enxofre emitido para o meio ambiente e fez o transporte pioneiro de 1 milhão de barris de petróleo com uma logística marítima com carbono zero, enumerou.>
Mercado Financeiro Há empresas em que a adoção de práticas ESG se dá de forma orgânica, como defende, no caso da Braskem, a gerente Magnólia Borges: “O ESG sempre esteve no nosso dia a dia. É algo necessário, presente. Hoje, realmente, as iniciativas nessa direção entendo que são vitais”, disse. >
Em outros casos, as iniciativas voltadas para o meio ambiente, sociedade e governança corporativa acontecem por pressão do mercado financeiro. Conforme relatório da PwC Brasil, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos — ativos compostos de grupos de ações, títulos ou outros valores mobiliários — na Europa serão destinados a fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões. No fim do ano passado, o número correspondia a 15,1%. >
Somado a isso, 77% dos investidores institucionais ouvidos pela PwC devem parar de comprar produtos que estiverem em desacordo com os padrões ESG nos próximos dois anos. Em 2020, no Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões, segundo um levantamento da Morningstar e da Capital Reset. >
Para o vice-presidente de Relações Institucionais, Comunicação e ESG da Acelen, Marcelo Lyra, isso faz com que o ESG seja mais resiliente. Ele argumenta que, apesar das inúmeras comprovações científicas sobre questões ambientais, o conceito do termo não surge, necessariamente, de ‘conceitos dogmáticos e ideológicos’, e sim do empurrãozinho de uma força externa: “É o mercado financeiro dizendo: ‘Ó: se você não tiver fundamentos ambientais, sociais e de governança, eu não vou mais investir na sua empresa’”, ilustrou Lyra. >
O Agenda Bahia 2022 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Acelen e Unipar, parceria da Braskem e Rede+, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Fieb, Sebrae, Rede Bahia e GFM 90,1 e Apoio da Suzano, Wilson Sons, Unifacs, HELA, Socializa e Yazo>
*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>