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CEO da TAV Brasil, Bernardo Figueiredo teme que a logística estoure quando economia do país crescer
Carolina Cerqueira
Publicado em 24 de agosto de 2024 às 05:00
O crescimento econômico do Brasil pode ser sinônimo de preocupação. Bernardo Figueiredo, CEO da TAV Brasil, empresa responsável pelo projeto de implantação de um trem bala que ligará Rio de Janeiro e São Paulo, teme as consequências para a logística de transporte de carga no país. Ele argumentou que o setor não está preparado e pode sofrer grave crise.
"Nossa logística é uma bomba-relógio que vai estourar quando a economia voltar a crescer", afirmou Figueiredo durante palestra na 15ª edição do Agenda Bahia, que aconteceu nesta sexta-feira (23), em Salvador.
O CEO da TAV Brasil ressaltou a pressão que pode haver sobre a malha rodoviária. Ao relembrar a greve dos caminhoneiros em diversas regiões do país em 2018, ele disse acreditar que é possível acontecer um cenário parecido se a demanda aumentar. "Vai faltar caminhão e vai explodir o frete. Durante a greve, eles pediam um frete mínimo e, no futuro, vamos ver a busca por um frete máximo", avaliou.
Por ano, dois bilhões de toneladas são movimentadas no Brasil, em média, com o desafio de percorrer cerca de 800 quilômetros, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Depois do minério de ferro, os alimentos e os manufaturados são os mais volumosos e os que provocam maior preocupação em relação ao abastecimento do mercado interno. A distribuição de alimentos foi um dos pontos mais afetados durante a paralisação dos caminhoneiros.
Segundo Figueiredo, a malha rodoviária enfrenta precariedades devido à restrição de investimentos e à proximidade de seu limite de capacidade. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), em 2022, 66% das rodovias - grande questão responsável pelo escoamento de produtos internamente - foram classificadas como regular, ruim ou péssima. Sem contar com o minério de ferro, a participação das ferrovias fica em apenas 15%.
Na avaliação do CEO da TAV Brasil, a saída para esta situação é incluir na lista de prioridades investimentos na malha ferroviária, mas o retorno só acontecerá a longo prazo. Por essa razão, disse ele, é inevitável aplicar mais recursos na ampliação da capacidade das rodovias.
Em entrevista antes do início da palestra, o CEO da TAV Brasil também demonstrou preocupação com o isolamento logístico da Bahia em relação ao restante do país. Segundo o economista com experiência em transportes, falta ao estado uma ferrovia eficiente que a conecte com outros estados e regiões.
"A Bahia está isolada logisticamente, embora seja um lugar onde circula grande volume de carga, tanto tendo como destino final o próprio estado quanto tendo o território como passagem", disse.
Bernardo Figueiredo garantiu que há viabilidade de implantação de ferrovia na Bahia. Para ele, o que tem faltado no Brasil é investimento.
"O governo não tem recursos para investir, embora isso seja uma opção, porque você não investe nisso para investir em outra coisa. Então, não temos a priorização da logística", analisou, o o CEO da TAV Brasil, durante o evento Agenda Bahia.
O Agenda Bahia é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Tronox e Unipar, apoio institucional da FIEB, Sebrae e apoio da Bracell, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Plano Brasil Saúde, Salvador Bahia Airport, Suzano, Wilson Sons e parceria da Braskem.