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Larissa Almeida
Publicado em 21 de agosto de 2024 às 06:00
Depois de 12 anos dedicados a uma agroindústria, o baiano e então diretor de negócios Alexandre Salles, foi desligado da empresa em que trabalhava no mês de dezembro do ano passado, um mês depois de completar 50 anos, e logo viu a possibilidade de realocação no mercado ficar cada vez mais distante. Ele, que já tinha planos do que fazer quando fosse se aposentar, decidiu antecipar os projetos e colocar em prática o processo de transição de carreira para gerar recursos. Hoje, Alexandre é CEO da (AS) Consultoria, organização que oferece o serviço de C-Level Full Solution, que consiste na consultoria de planejamento estratégico para empresas que não têm estrutura ou demanda suficiente para contratar um diretor financeiro ou CEO. >
O negócio montado por Alexandre, apesar de ter apenas meses de existência, já rende uma flexibilidade que ele não sonhava ser possível alcançar em menos de 15 anos. “Eu era PJ na empresa que eu trabalhei e tinha todo o planejamento de, aos 60 ou 65 anos, parar de trabalhar após fazer meu fundo de reservar e me aposentar. Eu acho que nessa idade já era uma boa época de parar com a carga horária pesada e obrigações diárias, e ao mesmo tempo me manter ativo intelectualmente com trabalhos pontuais com mentorias. Minha ideia era essa”, conta. >
Com a antecipação desse plano, atualmente ele trabalha em horários flexíveis e com demandas específicas por projeto. Apesar de ainda ter o plano de aposentadoria, ele considera que o ritmo de vida que leva já é de bom tamanho e além do que desejava. “Às vezes não faz muito sentido de, aos 60 anos, parar de trabalhar. Eu também não queria ficar em casa enchendo o saco da minha mulher”, brinca. >
Por necessidade de geração de renda, quem também resolveu começar a trabalhar aos 55 anos foi a ex-cantora de axé Laurinha Arantes, primeira cantora da banda Cheiro de Amor. Agora com 68 anos, a artesã e proprietária da loja O Sagrado Ateliê, começou sua trajetória empreendedora trabalhando com arte sacra, após retornar da Europa, continente onde viveu por 20 anos. >
“A partir do momento que eu voltei para Salvador e não havia mais espaço para mim no axé, eu até tentei fazer algumas coisas, mas o tempo foi passando e eu fui envelhecendo. Foi então que comecei a empreender, de verdade, após o câncer que eu tive em 2022, já com 66 anos. Durante a pandemia, pintei imagens sacras até o período que adoeci. Tive problemas com depressão e ansiedade, que trato até hoje, e depois descobri o câncer na base da língua”, relata. >
Laurinha recebeu ajuda de custo de amigos, familiares e fãs para o tratamento e para subsistência, que vinha da revenda de semijoias. No final do tratamento, ela usou o dinheiro para investir na confecção de joias com aço inoxidável e na reforma do ateliê, que hoje lhe rende, em média, R$ 3 mil. “A música nunca me deu dinheiro. Eu sempre precisei completar a renda, principalmente após os 50, porque depois que ficamos velhas, acabamos ficando caras. Então, eu vejo que estou no caminho certo, porque o aço é melhor do que qualquer joia de prata, porque não suja e não perde o brilho. Estou feliz com minha escolha”, afirma. >
Por sua vez, a costureira Selma Pereira, 61 anos, escolheu empreender aos 50 anos porque viu o momento de realizar um sonho antigo. Ela, que desde a infância confeccionava peças de roupa para si e para familiares, abandonou a prática quando se casou e teve dois filhos. Quando os pupilos saíram de casa, ela foi incentivada pelas irmãs a retomar o seu dom e, hoje, mantém um ateliê em Camamu, no Sul da Bahia. >
“Minhas irmãs me encorajaram a, em primeiro lugar, costurar em uma confecção local. A partir daí, eu fui aprendendo, me aprimorando e hoje costuro por demanda. O maior desafio ainda é conciliar os cuidados com a casa, com o neto e com o marido, mas mesmo assim eu ainda consigo a renda de R$ 1 mil no melhor mês. Deus me ajuda porque é o que eu gosto de fazer”, finaliza.>
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*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>