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Conselho de Sustentabilidade


 

Jorge Cajazeira é Ph.D. e presidente Conselho de Sustentabilidade da Fieb

  • Da Redação

Publicado em 16/05/2018 às 01:22:00
Atualizado em 18/04/2023 às 10:12:04
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O movimento do desenvolvimento sustentável e o da responsabilidade social têm origens distintas e antigas. Esse último começa com o desejo de diminuir o sofrimento dos pobres, abundantes na Europa durante a Idade Moderna, na mesma época que surgem as empresas. A ideia oriunda do catolicismo de que a riqueza acumulada nesta vida por uma pessoa poderia condená-la ao inferno foi a base para que a caridade cristã fosse elevada ao patamar de virtude como pregava Santo Tomás de Aquino.

Primariamente, a responsabilidade social corporativa estava associada ao auxílio dos desvalidos e desafortunados. Essa visão foi suplantada pelo triunfo das ideias liberais quando outras considerações foram adicionadas ao conceito, como o respeito à diversidade humana, o combate à corrupção, a promoção da qualidade de vida no trabalho e o cuidado com o meio ambiente.

Já o conceito de desenvolvimento sustentável tem suas origens nos movimentos ambientalistas que começaram a se formar em meados do século XIX. A expansão da industrialização e da ocupação de áreas para exploração agrícola e mineral gerou efeitos nocivos sobre o meio ambiente, levando ao surgimento de diversas iniciativas com o objetivo de criar áreas protegidas das ações humanas.

Apesar de toda a degradação causada, a maioria dos humanos vivia em condições precárias. Por isso, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada no Rio de Janeiro em 1982, apresentou um passo fundamental na aproximação da dimensão ambiental à social, tornando-se um marco na aproximação dos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social. A definição de desenvolvimento sustentável decorrente dessa conferência é formada por dois pactos entre gerações.

No primeiro pacto, a geração existente se compromete com o atendimento das necessidades básicas para todos. O segundo pacto é com relação às gerações futuras, que devem usufruir do mesmo patrimônio ambiental que dispomos no presente. Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades.

A melhor tradução desse modelo para a linguagem empresarial é o uso da linguagem contábil de resultados líquidos de um balanço patrimonial. O conceito conhecido por triple bottom line, cunhado pelo inglês John Elkington, prega a simultaneidade de lucros econômicos, ambientais e sociais.

A Fieb – Federação da Industria do Estado da Bahia dá  um passo importante ao fundir os conselhos de responsabilidade social com o de meio ambiente. Na Bahia, esses conceitos estão ainda separados com desvios conceituais que têm causando sérios problemas empresariais. Por exemplo, uma empresa baiana promove um prêmio anual que reconhece projetos universitários que propõem soluções sustentáveis.

Por outro lado, a mesma empresa precisa pagar em seu acordo de leniência, decorrente da Operação Lava Jato, devido pagamento de propinas, um total que beira os 4 bilhões de reais. Como se fosse possível separar a generosidade que premia a inovação ambiental da responsabilidade social de manter um relacionamento ético e transparente com agentes públicos. Tenho a honra de ter sido escolhido pelo presidente Alban para liderar o Conselho de Sustentabilidade. Os temas sobre responsabilidade social e meio ambiente não comportam respostas fáceis nem receitas acabadas. Buscaremos, juntos, respostas para questões cruciais na gestão moderna. Em suma, o Conselho de Sustentabilidade não fornece peixes, pretende ensinar a pescar.

Jorge Cajazeira é Ph.D. e presidente Conselho de Sustentabilidade da Fieb