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Copa América em casa faz diferença


 

Publicado em 13/06/2019 às 05:00:00
Atualizado em 19/04/2023 às 21:45:08
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O Brasil com coletivo e sem Neymar, a Argentina de Messi e em renovação, o Uruguai de Suárez, raça, tradição e de um meio-campo ainda sem protagonismo: quem vai ganhar a Copa América?

A história da competição mostra que, na América do Sul, o mando de campo tem peso relevante para as potências do continente, que juntas conquistaram 37 dos 45 títulos já disputados. O Brasil sediou o torneio quatro vezes e foi campeão em todas. O mesmo fez o Uruguai, anfitrião de sete edições. Entre o trio de ferro, só a Argentina não é 100% em seu território, pois organizou a Copa América em nove oportunidades e ganhou seis - o Uruguai comemorou as outras três (1916, 1987 e 2011), sempre eliminando os donos da casa naquela que, por cultura e história, é a maior rivalidade do continente.

O mando de campo é um grande trunfo da seleção brasileira, que até 1989, ano em que foi sede pela última vez, só havia levantado a taça em casa - foi nos últimos 30 anos que ganhou seus outros quatro títulos do total de oito. Na edição que começa amanhã, o Brasil é o time que tem mais jogadores de destaque na Europa entre os titulares, como o goleiro Alisson, Daniel Alves numa lateral (e o luxo de não convocar Marcelo na outra), Thiago Silva na zaga, Casemiro e Coutinho no meio e Firmino no ataque. Mas o talento de Neymar sempre fará falta.

É diferente da Argentina, por exemplo. Messi está quilômetros à frente do segundo melhor jogador do torneio, seja ele Suárez, James Rodríguez, Guerrero, Coutinho ou outro que o leitor escolher. Mas, além da pressão de 26 anos sem título e de jogar no Brasil, o craque argentino tem ao seu redor uma equipe em fase de renovação após o trauma da eliminação nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2018. 

Armani, Saravia, Otamendi, Pezzella e Tagliafico; Guido Rodríguez, Paredes, Lo Celso e Di María; Messi e Agüero. A provável escalação da estreia na Fonte Nova, sábado, contra a Colômbia, só é temida nos três últimos nomes da lista de 11.

Já o Uruguai, recordista com seus 15 títulos, é um time de extremos, mas cada vez mais próximo do equilíbrio. Explico: a dupla de ataque Suárez e Cavani e a dupla de zaga Godín e Giménez começam a ter um meio-campo de qualidade entre eles. Nández, 23 anos, atua no Boca Juniors há duas temporadas; Bentancur ganha cada vez mais espaço na Juventus mesmo tendo só 21 anos (estreou no Boca aos 17); o volante Vecino é da Inter de Milão. A outra vaga, segundo a imprensa uruguaia, deve ficar com o ex-botafoguense Lodeiro, atualmente no futebol dos EUA, embora o flamenguista Arrascaeta seja uma opção muito mais talentosa à disposição do técnico Óscar Tabárez. E falando no técnico uruguaio, um parêntese: ele também comandava a seleção na Copa América de 1989, a última realizada no Brasil.

Saindo da trinca do Mercosul, vale ficar de olho na Colômbia, que jogará duas vezes em Salvador.  A segunda geração talentosa dos colombianos já não corre tão por fora assim. Ganhou traquejo em duas Copas do Mundo e pode realmente incomodar, a começar pela estreia contra os argentinos.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras