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Espetáculo infantojuvenil reflete sobre o poder da entonação e do uso das palavras


 

Peça reúne diversas pequenas apresentações e faz curta temporada a partir deste sábado (30)

  • Vanessa Brunt

Publicado em 29/06/2018 às 08:50:00
Atualizado em 18/04/2023 às 14:20:09
. Crédito: Foto: Divulgação

Uma palavra pode ampliar preconceitos ou alimentar solidariedades e empatias. É com essa noção que o espetáculo O Mundo das Minhas Palavras discute a força das falas a partir deste sábado (30), no Laboratório de Experimentação Estética do Museu de Arte da Bahia. A peça, que fica em cartaz em curta temporada e custa R$ 20 e R$ 10, é direcionada ao público infantojuvenil e tem como mote principal a construção do vocabulário e da linguagem das crianças.

Com texto de Wanderley Meira, que divide a direção com Guilherme Hunder, a montagem reúne diversos pequenos contos que promovem, de forma lúdica, cenas variadas para os ilustrarem. A apresentação, com sessões às 11h e às 16h, é feita por Augusto Nascimento e Fernanda Beltrão, integrantes do Núcleo Teatro Viável, que iniciam a peça estabelecendo um bate-papo com os pequenos. Aos poucos, os atores vão se alternando entre papéis de adultos, crianças, palavras, professores e outros personagens do mundo infantojuvenil, construindo a reflexão sobre o assunto.  Espetáculo traz várias pequenas apresentações em uma união de contos que refletem sobre a importância da conotação e entonação das palavras (Foto: Divulgação) “O universo do espetáculo é o espaço da subjetividade das crianças: colorido, não linear, mas, ao mesmo tempo fluido, e em constante construção – essa é a máxima que norteia a construção da encenação, do cenário, do figurino, da iluminação e dos efeitos que ambientam a cena, associada ao pensamento de viabilidade de execução que norteia o pensamento do Núcleo”, diz o roteirista Wanderley Meira, formado em Letras. “Certo dia li numa página de rede social que não tem como as crianças crescerem afastadas dos preconceitos. E isso é real, principalmente, por vivermos numa sociedade que muitas vezes dão sentidos às palavras que elas não têm. Nesse mundo machista e que segrega, as palavras ganham conotações sexuais e violentas, que vão influenciar diretamente na formação do vocabulário da criança e na forma como ela pode se comportar ao longo da vida. Trazemos esse debate de forma divertida”, realça Augusto Nascimento, protagonista da obra.O espetáculo dialoga de maneira lúdica com as crianças sobre suas próprias experiências com a construção de significados, mas, ao mesmo tempo, é um alerta para a responsabilidade dos adultos sobre a entrega que se faz desses significados. “Toda palavra vem impregnada de discursos e, muitas vezes, os próprios adultos não percebem os perigos disso, foi essa inquietação que me levou a escrever. Esse espetáculo é para as crianças, que vão se divertir enquanto aprendem, mas é também para os adultos, que vão poder refletir sobre o que estão passando para os pequenos e sobre o que estão disseminando nos próprios cotidianos entre si”, alerta Wanderley. O diretor ainda complementa que a peça vem a refletir não somente sobre os significados mais profundos das palavras, mas também sobre a importância dos tons utilizados. “É muito mais fácil conseguir coisas e não se arrepender ao utilizarmos tons mais serenos, mais gentis. Até o conceito das palavras pode mudar a depender desse contexto de altura de voz e entonação. Isso também é discutido”, pontua.De forma ágil e contemporânea, a apresentação reúne histórias como a de dois irmãos que vão aprendendo o quanto as próprias palavras podem impactar nas ações do outro. Assim, a peça debate sobre como a educação formal e a sociedade vão disponibilizando as palavras para a construção da personalidade da criança e, consequentemente, dos seus discursos pessoais, sociais e políticos.SERVIÇO Laboratório de Experimentação Estética do Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória). Sábado (30) e domingo (1º), com sessões às 11h e às 16h. Ingresso: R$ 20 | R$ 10. Também nos dias 07/07 e 08/07.