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O que esperar das aplicações? Veja como fica o rendimento do seu dinheiro


 

CORREIO ouviu especialistas que analisaram como o cenário eleitoral e a queda dos juros devem impactar nos principais investimentos

  • Priscila Natividade

Publicado em 16/04/2018 às 06:00:00
Atualizado em 18/04/2023 às 07:30:07
. Crédito: Ilustração: montagem de morgana miranda sobre foto do Library of Congress Prints and Photographs Division Washington

A menos de seis meses das eleições ainda persistem incertezas com relação ao caminho que o cenário político deve tomar e, consequentemente, como isso vai refletir na economia. Junto a isso, a queda da taxa básica de juros (Selic) atualmente em 6,5% mas que pode fechar o ano em 6,25% é outro ponto que pode interferir no rendimento do dinheiro que o investidor está aplicando. 

O CORREIO conversou com especialistas no assunto para entender que rumo deve tomar seis dos principais produtos do mercado financeiro: Ações e Fundos de Ações, Tesouro Direto, Poupança, CDB (Certificado de Depósito Bancário), Letras de Crédito (LCI e LCA) e Fundos Multimercados (confira as análises abaixo).

“O país está vivendo esta momentânea instabilidade política, mas o pior momento da economia brasileira já passou. A retomada de confiança vai ser gradativa. Isso ainda torna as aplicações de renda variáveis muito perigosas para quem não conhece o mercado", diz o economista e professor, Gustavo Casseb. "Por isso, mais do que nunca é ficar no conservadorismo e nas aplicações em torno doa ativos de renda fixa”, aconselha. 

Conservadores

Ainda de acordo com Casseb, os fundos multimercados e de renda variável acabam criando a curto e médio prazos toda esta “ansiedade”. Quanto aos juros, a Selic caiu tanto que o rendimento dos ativos de renda fixa estão com ganhos muito parecidos.

“Do ponto de vista de retorno a longo prazo, minhas apostas são as Letras de Crédito (LCIs e LCAs) porque aí pesa o melhor custo benefício devido à isenção do Imposto de Renda". Para ele, o investidor ainda precisa esperar um pouco para deixar os pré-fixados. “É observar o ganho real e comparar as vantagens. Ainda existe muita indefinição politica", complementa o economista.   

AÇÕES E FUNDOS DE AÇÕES

Pedro Henrique Rabelo, presidente da WM Manhattan  O Índice Bovespa (IBOV) teve um desempenho extraordinário no 1º trimestre. Os fundos de ações seguem na esteira desse bom humor na bolsa de valores. Em função da recuperação da economia e da sequência de cortes na taxa básica de juros, é de se esperar que a bolsa siga na tendência de alta acima dos 80.000 pontos. Além da questão eleitoral é necessário monitorar o acirramento das tensões entre EUA e China com a possível eclosão de uma guerra comercial. O investidor deve também  buscar conhecimento a fim de não tomar atitudes precipitadas e comprometer o risco/retorno de suas operações. 

TESOURO DIRETO

Thiago Nigro, consultor de investimentos e educador financeiro do Canal O Primo Rico O ritmo do Tesouro Direto deve continuar o mesmo, com possíveis quedas de rentabilidade caso realmente aconteça mais reduções na taxa Selic. O Tesouro  continua sendo uma opção ao investidor, principalmente porque ainda é um ativo do qual tem um desempenho melhor do que à poupança. O Tesouro Selic é o mais sugerido para constituir um fundo de emergência, enquanto que para aposentadoria o mais sugerido acaba sendo o Tesouro IPCA. O meu conselho é: foque menos em rentabilidade e mais em objetivos. É fundamental olhar para a compatibilidade do investimento com a sua necessidade.

POUPANÇA

Meire Cardeal, educadora financeira A Caderneta de Poupança deve ser a última alternativa conservadora para quem tem poucos recursos e não abriu, ainda, uma conta no Tesouro Direto, por exemplo. Com a Selic igual ou inferior a 8,5% a.a, a regra da Caderneta de Poupança mudou e passou a ser 70% deste indicador + TR (Taxa Referencial). Após sucessivas quedas, a Selic está em 6,5% a.a, e a expectativa do mercado é que se mantenha neste patamar até o final do ano. Assim, a poupança deixou de ser atrativa, mesmo considerando ser isenta de Imposto de Renda e outras taxas. Idependente de qual seja o cenário político vai ser muito díficil a Selic voltar a superar o patamar de 8,5% e com isso melhorar a rentabilidade da poupança. 

CDB

Edval Landulfo, economista e educador financeiro O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um investimento de baixo risco e o seu rendimento depende, direta ou indiretamente, da taxa Selic - hoje em 6,5% a.a., e com uma ligeira tendência de queda até o fim do ano. Mesmo com esse cenário, esse investimento conservador ainda é capaz de proporcionar, em um período de 12 meses, bons ganhos para o investidor. Lembrando que toda decisão deverá ser tomada baseada em conhecimento prévio sobre esse e/ou outro papel, com prudência. A dica é pesquisar as melhores remunerações entre os bancos para esse papel e estudar para entender os três tipos de rentabilidade oferecidos pelos bancos (Prefixado, Pós-fixado e Indexados a inflação).  

LETRAS DE CRÉDITO (LCI e LCA)

Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil Importante deixar claro que as Letras de Crédito (LCIs e LCAs) têm uma vantagem em comparãção com outros ativos: a inseção do Imposto de Renda.  A remuneração que pode parecer menor acaba valendo a pena  por conta disso. 100% da Selic sem Imposto de Renda é muito bom, principalmente diante de um cenário de retomada que estimula tanto o crescimento do crédito agrícola quanto o do setor imobiliário. O investidor está acostumado com taxas de juros muito altas. Com a nova política mometária e a Selic mais baixa ele precisa se acostumar a olhar os investimentos de outra forma. Essa fase atual é a de analisar o ganho real.

FUNDOS MULTIMERCADOS

Angelo Guerreiro, educador financeiro  Tenho defendido que este é o momento dos fundos multimercados por algumas razões: 1) Com Selic a 6,5% os investidores e gestores precisarão correr mais riscos; 2) Nos últimos anos, em função da crise, muitos fugiram de ativos de risco, gerando agora margem de crescimento. Para quem nunca investiu em multimercados sugiro começar com 20% da carteira. Os melhores  estão sendo distribuídos em plataformas digitais, a exemplo da Orama, XP, BTG Digital, Modal Mais, Guide. Graças a estas plataformas fundos de gestoras até então restritos a clientes dos Private Banks dos grandes bancos estão acessíveis ao investidor do varejo, inclusive com excelentes fundos de previdência privada.