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Casa do Carnaval é inaugurada; veja 10 motivos para visitá-la


 

Museu abre ao público dia 15; artistas celebram e relembram dias marcantes da folia

  • Carol Aquino

Publicado em 06/02/2018 às 04:00:00
Atualizado em 18/04/2023 às 01:07:06
. Crédito: Foto: Betto Jr./CORREIO

Foto: Betto Jr./CORREIO Imagine se fosse fevereiro o ano inteiro... Esse sonho carnavalesco de muita gente já está mais próximo da realidade em Salvador. Nesta segunda-feira (5), foi inaugurada a Casa do Carnaval, um grande espaço interativo que reúne a memória da folia na Bahia - incluindo as Caretas de Maragogipe e os Cães de Jacobina. Fica na Praça da Sé, na recém-restaurada Casa do Frontispício. Tudo custou R$ 15 milhões. Vai dar pra curtir de janeiro a janeiro.

O lugar poderá ser visitado a partir do próximo dia 15, de terça a domingo, das 11h às 19h. O ingresso vai custar, a princípio, R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).

No imóvel de quatro pavimentos, entregue pelo prefeito ACM Neto, com presença do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, o folião vai poder reviver os carnavais da Fobica e da Caetanave, conhecer fantasias históricas do Ilê Aiyê, do Cortejo Afro, do Olodum e outros blocos importantes para que o Carnaval baiano se tornasse um evento mundialmente conhecido.

Lá estarão, ainda, réplicas da guitarra baiana, ou “pau elétrico”, além de figurinos usados pelos artistas. Daniela Mercury emprestou, entre outras, as luvas do clipe ‘O Canto da Cidade’ e a roupa branca de renda que usou no DVD Canibália, em 2010. Prefeito confere um dos equipamentos interativos do espaço (Foto: Betto Jr./CORREIO) “Essa Casa vai fazer com que as novas gerações continuem apaixonadas pelo Carnaval”, disse o prefeito ACM Neto, ressaltando que a relação do baiano com a folia é de família. As crianças vão ver os festejos acompanhados pelos pais e, quando adultos, se tornam foliões de carteirinha.

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“Ela é um emblema das festas populares mais tradicionais do nosso país, que é o Carnaval. Aqui, as pessoas vão poder ter uma ideia da força, da potência e da intensidade do Carnaval de Salvador”, avaliou o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. Foto: Betto Jr./CORREIO Outro efeito que se espera é que o turista, de passagem pela cidade, possa experienciar o Carnaval de Salvador e volte para quando a folia de fato acontecer. E quem vem, nunca mais esquece. É o caso da turista do Rio de Janeiro Elisabete Soares, 65. A advogada já pulou quatro folias por aqui.

“O último foi em 2002. Quando passo o Carnaval no Rio, nem saio de casa. Sou louca pela banda Didá, pelo Gandhy. É tudo tão gostoso, que fica até difícil escolher um momento mais especial”, enalteceu a turista.“É um museu para colocar máscara na cabeça e sair pulando, para ter uma experiência aqui dentro”, resumiu a cantora Daniela Mercury.Nas duas salas de cinema da Casa ficam os adereços para o visitante entrar no clima da folia: tem mamãe-sacode, fantasia e até instrumentos de percussão. Nelas são exibidos filmes que ensinam como dançar 11 coreografias do Carnaval.

O museu permite uma viagem no tempo. “É uma casa que tem todo o conteúdo histórico do Carnaval. A gente vai poder viajar por séculos, desde o início do Brasil, até agora para ver o que mudou”, explica o curador do acervo da Casa do Carnaval, Gringo Cardia. Foto: Betto Jr./CORREIO CORREIO lista dez motivos pelos quais a Casa do Carnaval é imperdível: História do Carnaval: É a primeira vez que há uma compilação sobre o surgimento da folia de momo na Bahia e sua evolução. “É comum as pessoas que moram aqui e as que nos visitam procurar se informar sobre a festa. E antes não existia um local que abrigasse esse conhecimento”, explica o consultor acadêmico de conteúdo, o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e pesquisador do Carnaval, Paulo Miguez.  Miniaturas de personagens: O museu abriga 200 miniaturas com personagens do Carnaval. As peças são de autoria da artesã Cibele Sales. Entre as figuras representadas estão o folião, o ambulante, a baiana do acarajé e, claro, os músicos que fazem a festa, como aqueles dos grupos percussivos. Vídeos do Carnaval: A folia baiana será apresentada por seus artistas. A cantora Daniela Mercury, por exemplo, vai falar sobre os blocos afro Ilê Aiyê e Olodum, com quem tem uma ligação forte. Também há um vídeo chamado ‘O carnaval da bahia visto pelo mundo’, que mostra a presença de figuras internacionais aproveitando o gingado dos baianos, como Michael Jackson, Paul Simon e até Charles Darwin. Acervo de figurinos: Dentro do museu há um espaço dedicado à exposição de algumas das roupas usadas pelos artistas durante a folia, como figurinos de Daniela Mercury, Carlinhos Brown e Ivete Sangalo. No caso de Daniela, por exemplo, estão as luvas usadas no clipe de ‘O Canto da Cidade’ e uma peça utilizada no DVD Canibália, de 2010. Vitrine do Interior: A Casa do Carnaval não é um museu que retrata somente a folia em Salvador, mas também de toda a Bahia. Na seção Vitrine do interior estarão expostas tradições dos festejos no interior, como Os Caretas de Maragogipe e Os Cães de Jacobina. Instrumentos Musicais: O visitante que for ao espaço também irá conhecer os instrumentos que são símbolos da folia baiana, como a guitarra baiana, tambores e os famosos timbaus usados por grupos como a Timbalada. Uma réplica do pau elétrico, embrião da guitarra baiana, também estará exposta no local. Histórias de trios famosos: Visitando o museu, será possível conhecer a história de trios elétricos que marcaram a folia momesca em Salvador, a exemplo da Caetanave e da Fobica - que, aliás, tem uma réplica desfilando ainda hoje no Carnaval. Sala de dança: Nas salas de cinema da Casa do Carnaval serão exibidos vídeos com coreografias famosas, ensinadas por coreógrafos. Monitores do museu, que também são bailarinos, ajudam na missão de ensinar a galera a dançar. há, por exemplo, coreografias de é o tchan e harmonia do samba, além de performances de igor kannário, saulo e carlinhos brown. Referência para estudos: Pesquisadores que estudam o Carnaval podem ter acesso a livros, vídeos, áudios e documentos em geral que retratam a história da folia na Bahia e sua evolução. e, mesmo quem não seja pesquisador, poderá ter o local como uma referência para entender um pouco da folia baiana. Terraço: A  parte superior da Casa do carnaval, que fica na antiga casa do Frontispício, construída após a reforma, tem uma vista imperdível para a Baía de Todos os Santos. O espaço abriga ainda estrutura para pequenas apresentações e lançamentos. [[galeria]]

Artistas também guardam memórias da folia

Todo Carnaval marca o folião de alguma forma. Pode ser uma história de amor, uma situação inusitada ou aquele desfile de arrepiar a pele. E não é diferente para os artistas que se apresentam na folia. Em um dos clássicos encontros de trios na Praça Castro Alves, uma ausência foi notada por volta de uma da madrugada por Osmar Macêdo, pai do guitarrista Armandinho Macêdo. “Cadê Caetano? Não está aqui”, conta o filho.

Após várias horas, um amigo descobre que Caetano Veloso já estava em casa dormindo. Telefonam para ele e o filho de Santo Amaro prontamente atendeu ao chamado. Foi às pressas para a Castro Alves, do jeito que estava. “Quase cinco da manhã aparece Caetano de pijama na Praça de Castro Alves, a pedido do velho Osmar”, relembra Armandinho aos risos.

Outro momento clássico foi aquele em que Gerônimo desfilou pela primeira vez na Barra, em 1987, inaugurando o futuro circuito Dodô. O artista contou que estava descendo pela Avenida Sete após se apresentar no Campo Grande, com o dia já amanhecendo e, empolgado, cantou até Ondina.

“Comecei a descer a Ladeira da Barra e a cantar ‘Já é Carnaval cidade, acorda pra ver’. Então as pessoas foram andando dos prédios, aquilo me empolgou tanto que fui cantando do Farol  até Ondina. E hoje o Carnaval termina aonde?”, desafia.

Para o cantor Márcio Victor, do Psirico, é o Carnaval de 2014 que está na memória. "Foi o ano do Lepo Lepo, que a gente ganhou como a música do Carnaval aqui e no mundo inteiro. Ver As Muquiranas gritando ‘É a música do Carnaval’ foi marcante demais", diz.

Xanddy, do Harmonia do Samba, não esquece da folia do ano 2000. "Daniela estava voltando no circuito do Campo Grande. Ela me viu no camarote e me chamou para ir com ela para o Farol da Barra. E lá estava ninguém menos que Caetano Veloso, Gilberto Gil e Moraes Moreira. Eu nunca tinha imaginado encontrar com eles, muito menos estar em cima do trio cantando com eles", lembra.

Já Vovô do Ilê conta a história que marcou seu Carnaval em 1975. "Saímos com aproximadamente cem pessoas. Faltou energia no Curuzu e a gente não tinha instrumentos. A gente saiu cantando ‘Que bloco é esse’, tanto na Liberdade quanto na Avenida (Circuito do Campo Grande)", conta.