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Deusa do Ébano tem candidatas de Salvador, Camaçari, Lençóis e EUA; conheça


 

Escolha acontecerá neste sábado (20)

  • Milena Hildete

Publicado em 17/01/2018 às 13:33:00
Atualizado em 17/04/2023 às 23:21:05
. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A gestora de Recursos Humanos, Ialê Marley Freitas da Silva, viu o Ilê Aiyê passar na avenida quando ainda estava na barriga da mãe. Dos 25 anos, 24 são dedicados ao bloco afro. Na infância, ela saía de casa ansiosa para subir a ladeira do Curuzu e encontrar a Deusa do Ébano dançando até as ruas do Campo Grande. Era naquele momento que Ialê se sentia representada. Era ali que a jovem conseguia ver gente com cabelo, cor, gestos e expressões iguais aos seus. 

“Eu olhava aquelas mulheres e tentava ser igual a elas. Eu me descobria quando estava ali. Acho que é uma ligação ancestral”, conta. Este ano, Ialê vai realizar o sonho que a acompanha desde a infância. Ela é uma das 16 candidatas a Deus do Ébano 2018.  A disputa da Deusa do Ébano deste ano tem candidatas de 9 bairros de Salvador, duas cidades da Bahia e uma dos Estados Unidos. 

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Na tarde de ontem, a jovem se  reuniu com mais 15 candidatas para realizar a última oficina de dança antes da grande final do concurso, que vai eleger a rainha do Ilê Aiyê, no próximo sábado, na sede do bloco. O título compreende o reconhimento da mulher negra. 

As candidatas à Deusa do Ébano desta edição quebram os padrões. E se orgulham disso.  Enquanto umas são gordinhas, outras são mais magras. Os cabelos também são diferentes. Uns mais longos, outros curtinhos. Elas se definem como “empoderadas” . “Quando estou no Ilê me sinto uma verdadeira rainha. Nós, mulheres negras, somos lindas. E o bloco reconhece isso. A gente consegue mostrar à sociedade que podemos estar em qualquer lugar”, afirma a candidata

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Teve gente que veio de longe para participar do concurso. Um exemplo é a  americana Sheryland Neal. Confiante, ela disse que pretende ficar na Bahia se vencer o concurso. “Se eu ganhar, vou ficar aqui pra representar o bloco. Gosto muito da dança e da cultura da Bahia. Quero ficar aqui”.

Quem também pegou a estrada, mas não precisou atravessar o continente foi a guia de turismo Ivana Paixão, 26 anos. Ela saiu de Lençóis, na Chapada Diamantina. “Pela primeira vez Salvador vai perder a coroa, porque eu vou levar para casa”, brincou a candidata.  

O título exige uma série de cuidados das candidatas. Tem que se preparar com os figurinos, com a dança e, além de tudo, com a personagem de “realeza”. A candidata Milena Sampaio Nascimento, por exemplo,  idealizou o figurino há cerca de dois meses. “Pensei antes de me inscrever. Esperem a surpresa, porque eu acho que vamos arrasar”, adianta. Ontem à tarde, elas participaram de uma oficina que foi uma preparação para a grande noite promovida pelo Grupo em estudo de danças afro de deusa e rainhas (Gedar). 

A  professora de dança afro Sueli Conceição, que foi eleita Deusa do Ébano em 1999 no ano do jubileu de prata, foi uma das orientadoras que estiveram no local para ajudar as meninas. Uma das principais dicas de Sueli foi com relação à comunicação do corpo.

“Não é só a dança, porque o nosso corpo  também vai se comunicar. Foi um trabalho de introspecção com as candidatas para trabalhar o processo de interpretação, simobolgoia, corporificação a partir de uma memória coporal do histórico de cada candidata. Usamos a técnica de programação neurolinguística para a dança afro", explicou Sueli. A oficina também teve a participação dos professores Sérgio Sales, Agnaldo Fonseca, Daiana Ribeiro e Negrizu (Carlos dos Santos).  Na ocasião, as candidatas fizeram performances, exercícios de respiração e apresentações.