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A Copa e a COP

  • D
  • Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2022 às 04:59

. Crédito: .

Derrube a última vogal e a Copa vira COP. Na primeira, a queda de um jogador pode ser parte do espetáculo chamado drible; na segunda, o jogo é para evitar a queda de árvores. Nessa dualidade de balés, o ápice se dá, de um lado, com o plantio de árvore (ou a manutenção das existentes), de outro, ocorre com o levantamento da taça de campeão.   Verde-grama, verde-floresta. Se o futebol une nações, por que a preservação do meio ambiente não segue o mesmo “padrão FIFA”?

Sai de campo a 27ª Cúpula do Clima, entra em jogo a Copa do Mundo de 22. Se no futebol apenas um ergue a taça de campeão, não significa que tantos outros não venceram. Na COP, se se pensasse no planeta Terra e seus habitantes como destinatários de um bem comum, o ganha-ganha prevaleceria, ainda que uns contem com jogadores mais habilidosos do que outros.     Mas o conceito de nação como titulares de um jogo, seja na Copa ou na COP, é abstrato o suficiente que nos faz convocar a torcida - nós, pessoas comuns, tomadores de decisões à margem das escalações oficiais.   Quantos países considerados bons não ficam de fora da Copa? Quantos atores necessários ao debate ambiental são mantidos longe das mesas oficiais de negociação climática? A última Conferência do clima - a COP26, em Glasgow, ano passado, revelou isto - negros, mulheres, jovens, indígenas e moradores do sul global tiveram visibilidade em suas reivindicações (pautas como desigualdade social, racismo ambiental e exclusão nas tomadas de decisão), mas ainda tendo como palco as ruas. Foi o resultado do que se convencionou a chamar de justiça climática. 

Se a Copa do Mundo é a oportunidade de pessoas do planeta inteiro torcerem e conhecerem os melhores do mundo no futebol; a democratização do discurso climático deveria seguir o mesmo destino, o que possibilitaria, em nível global, o compartilhamento e a busca de soluções para problemas conhecidos e intensificadores de desigualdades.

A paixão nossa pelo futebol não pode impedir a existência de outras tantas paixões, tal qual a preservação ambiental. Isto perpassa pela educação ambiental, mas também pelas escolhas políticas e pela opção de compra enquanto consumidor consciente.   A luta ambiental pode ser uma paixão, mas deve ser sobretudo um exercício de racionalidade, sob pena de comprometer a própria existência humana. 

Diego Pereira é procurador federal (AGU), mestre em Cidadania e Direitos Humanos pela UnB, é doutorando em Direito Constitucional na mesma instituição. Estuda clima, justiça climática, racismo ambiental e desastres. Autor de Vidas interrompidas pelo mar de lama (Lumen Juris).