Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Marcelo Gentil
Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Em recente cerimônia realizada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a presidente da entidade, ministra Rosa Weber, afirmou que “a democracia não se resume a escolhas periódicas por voto secreto. É também o exercício constante de diálogo e de tolerância, de mútua compreensão das diferenças”. A oração da ministra reforça a relação entre a Comunicação Social e os Direitos Fundamentais, lastreada na Constituição Federal do Brasil de 1988. Ao mesmo tempo, desafia a solidez do espírito democrático do povo brasileiro e das instituições tripartite de poder.>
Possivelmente, na história política recente do país a comunicação, isto é, o conceito de “tornar comum”, que vem do latim communicare, nunca foi tão decisivo para a retomada da confiança nas instituições - públicas e privadas - e do crescimento sustentável do Brasil. Saímos de uma eleição onde as novas tecnologias praticamente retiraram intermediários da relação eleitor-representante. As mudanças no século 21 são, de fato, “frequentes e desconcertantes”, como diria Yuval Harari em sua mais nova obra literária.>
Heródoto de Halicarnasso, o “Pai da História”, dizia que é preciso “pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”. Se olharmos do século 19 para cá, a comunicação humana experimentou mudanças significativas: telégrafo (1837), telefone (1876), rádio (1893), televisão (1929), satélite (1960), celular (1983), internet (1994). Estamos vivendo a 4ª Revolução Industrial e o que está por vir é, paradoxalmente e com ineditismo, imaginável. O futuro da comunicação é agora e é preciso que ela esteja acima de tudo.>
A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), entidade sem fins lucrativos que representa mais de 560 empresas no país, define que o momento é singular em possibilidades e protagonismo. O advento das novas tecnologias transformou em alta escala de complexidade os desafios da comunicação corporativa, governamental e do terceiro setor. A provocação atual está em como formar profissionais para um ambiente “líquido e cheio de máscaras digitais”.>
De acordo com o Anuário de Comunicação 2018, o faturamento bruto das agências de comunicação no Brasil em 2017 foi de R$ 2,5 bilhões, número que deve voltar a crescer a partir de 2019. Na Bahia, ao longo de 2018, reaquecemos o Capítulo Aberje, reunindo em fóruns e capacitações o ecossistema da comunicação em torno de temas relevantes para o cidadão e as empresas.>
Entretanto, em rápida pesquisa nos sites dos principais cursos de pós-graduação em Compliance e Integridade Corporativa do país, hoje um dos temas mais relevantes para o mercado, é preocupante que a importância da comunicação dentro desse assunto seja tão superficialmente abordada. O caso da evolução empresarial da Odebrecht, multinacional baiana, por exemplo, demonstra o quanto é fundamental uma estratégia de comunicação baseada na verdade e na transparência para uma retomada reputacional.>
É chegado o momento de inaugurarmos uma movimentação local em torno de temas relevantes para a sociedade, afinal, o papel da comunicação é o de fortalecer a compreensão e a paz.>
Marcelo Gentil é diretor do Capítulo Aberje Bahia>
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores>