Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

O Brasil precisa de mais santos?

  • Foto do(a) author(a) Jolivaldo Freitas
  • Jolivaldo Freitas

Publicado em 15 de maio de 2019 às 04:30

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Os cristãos são mais de 86% no Brasil. Os católicos, que estão em queda acentuada agora representam menos de 64%. Os evangélicos que dispararam no ranking do IBGE já chegam a mais de 23%. Mas os católicos resistem como podem e estão sempre em busca de entronizar mais um santo em seu corolário. Agora é a vez de Irmã Dulce, o reverenciado “Anjo Bom da Bahia”. Dentro de alguns meses, conforme vontade do papa ela será proclamada santa. O decreto de canonização foi assinado no Vaticano no dia 13, ela que nasceu em 1914 e foi beatificada em 2011.

Sem querer desrespeitar a santa que conheci, entrevistei, gostava muito e respeitava seu trabalho, fico a pensar qual é mesmo sua função, hoje, neste momento em que quase ninguém vai à igreja, as procissões se mostram vazias, a Igreja Católica numa crise sem precedentes e não se sabe mais  rezar. Quem sabe rezar pede saúde e emprego, mas o SUS está abarrotado e sem estrutura e o número de desempregados sobe, já alcançando mais de 13 milhões. Qual seria, então, a função dos santos brasileiros?

Ainda somos a maior nação católica do mundo, embora na última década a Igreja sofresse redução de quase 2 milhões de fiéis. Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já dizia que a expansão das correntes evangélicas era certa e que não demora católicos e evangélicos estariam empatados. Enquanto isso os milagres, se acontecem, incidem para poucos privilegiados. O último santo a fazer um milagre no Brasil em larga escala foi o padroeiro da Cidade do Salvador São Francisco Xavier, que em 1686 livrou a população da peste.

O Brasil, muita gente não sabe, nem os católicos fervorosos, tem alguns santos que por falta de grandes milagres não são mais “influenciers”. Uns nascidos aqui e outros emprestados. Exemplos são os mártires do Rio Grande do Sul: São Roque González de Santa Cruz que é visto como mártir gaúcho, mas é paraguaio e foi morto pelos guaranis quando catequizava e declarado santo em 1988 por obra e graça de João Paulo II.

São Afonso Rodrigues, que eu não ouvi falar e duvido que o senhor e a senhora conheçam, é santo brasileiro nascido na Espanha. Também é mártir do Rio Grande do Sul. Jesuíta que também foi canonizado na mesma época de São Roque pelo mesmo papa. São João de Castilho é outro do Sul, também vindo da Espanha e morto pelos índios. Hoje a mais conhecida no Brasil é a santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus (Madre Paulina), de família italiana e a primeira santa nacional que João Paulo II também canonizou em 2002.

Mais recente e verdadeiramente brasileiro é santo Antônio de Sant’Ana Galvão (Frei Galvão). Paulistano foi canonizado em 2007 pelo papa Bento XVI e que tem fiéis mais centrados em sua região de nascença. O santo mais conhecido, mas que não se sabe qual o tipo de apelo a ser feito para ele é José de Anchieta, espanhol que fundou a cidade de São Paulo e está mais nos livros de história do que nos catecismos. O chamado “Apóstolo do Brasil” foi quem trouxe a catequização de forma mais profissional para o Brasil e até escreveu uma gramática em Tupi, tendo sizo declarado santo pelo papa Francisco em 2014. Pois, que seja bem-vindo o título, a qualificação e o grau de santa para Irmã Dulce, pois parece mesmo que o Brasil precisa cada vez mais de santo, pois beira-se e parecemos o quinto dos infernos. Quanto mais milagres melhor.

 Jolivaldo Freitas é  escritor e jornalista

Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores