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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 21 de junho de 2025 às 05:00
Este ano marca os 80 anos do fim de uma guerra sangrenta que envolveu todos os continentes do planeta e custou a vida de mais de 60 milhões de pessoas. A 2ª Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, foi um conflito devastador que, durante seis anos, espalhou horrores sem poupar civis de nenhum dos lados. Além das campanhas militares brutais, o período ficou marcado pelo Holocausto: o assassinato sistemático de cerca de seis milhões de judeus pelos nazistas. Oito décadas depois, será que estamos à beira de testemunhar algo tão horrendo novamente? >
O beligerante presidente da Rússia, Vladimir Putin, acredita que sim. Ele disse, inclusive, estar preocupado com o risco real de uma 3ª Guerra Mundial, diante do confronto entre Irã e Israel. Os russos são aliados do Irã. “É preocupante. Estou falando sem ironia, sem brincadeiras. Claro que há muito potencial de conflito, ele está crescendo, e está bem diante de nossos olhos - e nos afeta diretamente”, disse Putin, durante um fórum econômico em São Petersburgo nesta sexta-feira (20).>
Criada após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo principal de mediar conflitos e evitar novas guerras, a Organização das Nações Unidas (ONU) também emitiu um alerta vermelho sobre a possibilidade de o embate entre Irã e Israel tomar proporções internacionais.>
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou nesta sexta que o conflito entre os países pode “acender um fogo que ninguém poderá controlar”. “Nós temos de evitar isso”, disse o português ao comentar a guerra, que entrou em mais uma semana. “Dê uma chance à paz”, acrescentou Guterres, fazendo referência à clássica canção antiguerra de John Lennon, de 1969.>
No Conselho de Segurança da ONU, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, também advertiu nesta sexta que um eventual ataque à usina de Bushehr, no Irã, pode causar uma catástrofe nuclear. “Trata-se da planta nuclear no Irã onde as consequências de um ataque poderiam ser mais graves, já que é uma usina nuclear em funcionamento que abriga milhares de quilogramas de material nuclear”, afirmou.>
Mesmo diante dos alertas e apelos por parte da comunidade internacional, o conflito só se intensifica. As Forças Armadas do Irã lançaram um novo ataque com mísseis balísticos contra Israel na tarde desta sexta. Segundo o Exército israelense, ao menos 35 mísseis foram disparados contra as cidades de Haifa, Bersheeva e Tel-Aviv. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas.>
Os ataques ocorreram em meio a negociações entre diplomatas iranianos e europeus que discutiram o programa nuclear do Irã e o futuro do conflito, em Genebra, na Suíça. Apesar da disposição em negociar, os principais líderes iranianos condicionam o sucesso das conversas ao fim das hostilidades de Israel, que lançou um ataque na semana passada com o objetivo de destruir o programa nuclear iraniano.>
Com o agravamento do cenário no Oriente Médio, Suíça e Reino Unido anunciaram medidas para reduzir temporariamente sua presença diplomática no Irã. O Ministério das Relações Exteriores da Suíça informou que sua embaixada em Teerã foi “temporariamente” fechada, embora o país continue representando os interesses dos Estados Unidos no Irã. Já o governo britânico anunciou a retirada de seus funcionários diplomáticos como medida de precaução diante do agravamento da situação de segurança. Apesar disso, a embaixada britânica continuará operando remotamente, a partir de fora do país.>
O receio de que o conflito ganhe proporções globais também está ligado à possibilidade de envolvimento dos Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, exigiu nesta semana a “rendição incondicional” de Teerã, em uma série de comentários belicosos que, em um primeiro momento, abriram espaço para interpretações de que os EUA poderiam se unir a Israel nos ataques ao Irã.>
“Não vamos liquidá-lo (matá-lo!), pelo menos não por enquanto”, escreveu o presidente. “Não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos”, acrescentou Donald Trump, em publicação nas redes sociais.>
Caso a guerra assuma dimensões mundiais, há risco de que seja ainda mais sangrenta do que as duas guerras anteriores, sobretudo pela presença de armamentos nucleares. Israel, por exemplo, é detentor do 8º maior arsenal nuclear do mundo, entre os nove países com essa capacidade. O número exato de ogivas nucleares em posse de cada nação é um segredo de Estado, por isso as análises se baseiam em estimativas.>
Segundo especialistas, as armas nucleares são projetadas para causar o máximo de devastação. O alcance da destruição depende de diversos fatores, podendo ir desde o aniquilamento de cidades pequenas e médias até a destruição total de grandes metrópoles, como Nova York. Apesar de muitos testes nucleares e do aumento constante em sua complexidade e poder destrutivo, essas armas não são usadas em conflitos armados desde 1945.>
*Com informação das agências>