Operador da derrubada: Rui Costa é apontado como responsável pela demissão de presidente da Petrobras

Jean Paul Prates foi demitido, nesta semana, do comando da petroleira, que perdeu R$ 68,1 bilhões de valor de mercado

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  • Rodrigo Daniel Silva

Publicado em 18 de maio de 2024 às 05:00

Rui Costa e Jean Paul Prates
Rui Costa e Jean Paul Prates Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Tânia Rêgo/Agência Brasil

A imprensa nacional não tem dúvida: foi o ex-governador da Bahia e ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que operou a derrubada do então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. O resultado? Um clima de instabilidade se instalou no mercado e a petroleira perdeu R$ 68,1 bilhões de valor de mercado após a demissão de Prates. As ações preferenciais (PETR4) acumularam queda de 11,8% e as ordinárias (PETR3) tiveram recuo de 12,6% na semana após o fechamento da bolsa de valores nesta sexta-feira (17).

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Rui Costa montou uma operação na “surdina” na Casa Civil para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), não interviesse em favor da permanência de Prates, como já fizera em abril. Prates foi demitido diante de seus dois desafetos Rui Costa e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e criticou ambos quando deixou o posto.

"Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa", escreveu o agora ex-presidente da Petrobras, em mensagem enviada aos funcionários da estatal pelo WhatsApp.

Rui evitou responder o adversário político. Disse, por meio da assessoria de imprensa, que “não haverá nenhum tipo de comentário sobre a questão”. Segundo a jornalista Roseann Kennedy, do jornal Estado de S. Paulo, Rui quer “avançar seus tentáculos” sobre a Petrobras como uma estratégia para ganhar mais influência e ser o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Posto este que também é disputado por Haddad. “Embora o chefe da equipe econômica não tenha o perfil de entrar em briga do partido para se cacifar como eventual candidato à Presidência, o PT da Bahia e a ala paulista do partido são rivais históricos, e Rui e Haddad têm posições divergentes dentro do governo, o que reforça o componente político da disputa na empresa”, escreveu Kennedy.

Já o jornalista Bruno Boghossian, da Folha de S. Paulo, afirmou que o ex-governador da Bahia agora vai participar da escolha dos novos diretores da empresa e apitará com mais frequência na carteira de investimentos da Petrobras. “Poucos integrantes do governo Lula acumularam tanta antipatia de colegas no primeiro ano de mandato como Rui Costa. O chefe da Casa Civil era descrito por parlamentares e ministros como um político centralizador, ambicioso e ríspido. Os adjetivos talvez permaneçam lá, mas a marca agora é outra. A consolidação do poder de Costa é um dos fenômenos deste segundo ano de governo”, observou.

Nesta sexta-feira, Haddad não quis criar mais conflitos no governo petista. Afirmou que o presidente da Petrobras é “quase um ministro” e que precisa ter uma relação muito próxima com o presidente da República, já que é a maior companhia e estratégica para o Brasil.

Cerca de 30 funcionários em cargos de confiança da Petrobras foram sumariamente desligados após a saída de Prates. A estatal disse que, conforme procedimento padrão da companhia, foram destituídos profissionais cujos contratos de trabalho estavam diretamente vinculados ao mandato do ex-presidente.

Trocas no comando

Desde 2016, as trocas no comando da Petrobras têm sido constantes. Segundo levantamento feito pelo portal Uol, nos últimos oito anos, foram oito trocas.

Magda Chambriand, que sucede Jean Paul Prates, vai ser a oitava presidente da estatal neste período. Foram duas mudanças no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), quatro na gestão de Jair Bolsonaro (PL) e agora são duas na administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A Petrobras volta a ter na chefia uma mulher após nove anos. Antes de Chambriand, Graça Foster presidiu a petroleira durante o governo Dilma Rousseff (PT).

Mudanças no comando da Petrobras
Mudanças no comando da Petrobras Crédito: Reprodução

*Com informações de agências