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Moyses Suzart
Publicado em 21 de junho de 2025 às 08:00
Se você se acha o rei da inteligência artificial gerando imagens para postar no Instagram ou conversando com o ChatGPT, você ainda não sabe nem 5% do potencial desta tecnologia que está mudando o mundo. Empresas de todo mundo estão transformando sua rotina e gerência com a ajuda da IA, que está inserido em toda rotina do negócio, desde o recrutamento de funcionários até a relação com o cliente. Contudo, apesar do avanço acelerado da inteligência artificial (IA) no cenário global, o ambiente corporativo brasileiro ainda caminha a passos lentos quando se trata da adoção estratégica dessa tecnologia. >
É o que revela o estudo “Panorama IA nas empresas brasileiras”, encomendado pela Totvs e realizado pela H2R Insights & Trends. Segundo a pesquisa, que foi apresentada no Universo Totvs 2025, realizado em São Paulo na última semana, 50% das empresas no Brasil ainda não utilizam IA de forma estruturada, e apenas 7% conseguem mensurar retorno sobre o investimento (ROI) com sua aplicação.>
A análise ouviu 194 empresas de diversos setores e portes entre abril e maio de 2025, com ênfase em profissionais de tecnologia. Dentre as que já adotam IA, a maioria (71%) ainda está em estágio inicial, demonstrando que há um longo caminho a percorrer até que a tecnologia se consolide como motor de transformação no país. O recorte da pesquisa não detalha o contexto baiano, mas indica que 18% das empresas pesquisadas foram do Nordeste. >
O estudo também indicou algo que já conseguimos enxergar na prática. Assim como as pessoas físicas, as empresas brasileiras que fizeram parte da pesquisa só utilizam a IA para tarefas simples, exercendo função de apoio a tarefas diárias como a geração de textos e imagens, com o ChatGPT, Canva, entre outros. >
“O uso de IA hoje é majoritariamente voltado para tarefas de apoio, como criação de conteúdo e atendimento via chatbot, o que revela uma visão ainda limitada do potencial estratégico da tecnologia”, avalia Cristiano Nobrega, diretor da Totvs. Segundo o levantamento, 40% das empresas utilizam plataformas de IA conversacional como ChatGPT, enquanto 33% fazem uso de IA integrada a sistemas, muitas vezes sem perceber.>
Mesmo entre empresas que já iniciaram a implementação de IA, apenas 20% veem a tecnologia como altamente estratégica para seus negócios. Para os pesquisadores, essa baixa percepção de valor está diretamente ligada à ausência de métricas de desempenho. “Se as organizações não calculam o impacto da IA, perdem inúmeras oportunidades de otimizar operações e justificar novos investimentos”, pontua Nobrega.>
As principais barreiras para adoção da tecnologia incluem preocupações com segurança (36%), escassez de profissionais qualificados (35%) e dificuldade de medir o Retorno sobre o Investimento (32%). Também pesam a resistência de equipes à mudança, falta de apoio da liderança e desafios de integração com sistemas legados.>
O estudo ainda destaca o potencial dos Agentes de IA – sistemas autônomos ou semi autônomos capazes de executar tarefas e tomar decisões com base no contexto do negócio. Para a Totvs, essa será a próxima grande onda no setor, com impactos significativos na produtividade das organizações. “Os agentes de IA vão ampliar a capacidade humana como nunca antes, mas é preciso infraestrutura moderna e dados organizados para gerar valor real”, conclui o executivo.>
Contudo, esta pesquisa não assusta os entusiastas. “Esta pesquisa é histórica, pois nos mostra o início de tudo. E não tem problema quanto a isso. É um caminho sem volta e estamos na evolução natural. Mas não dá mais para as empresas virarem as costas para a tecnologia que vai mudar tudo. Creio que a tendência é o crescimento destes números. Tenho certeza que, quando a pesquisa for feita novamente daqui a dois anos, teremos um número muito maior”, explica Fábio Fantini, Diretor Executivo da Totvs Leste, Unidade da Bahia.>
Apesar dos entraves, o cenário mostra sinais de mudança. Mesmo entre empresas que ainda não usam IA, 72% já possuem familiaridade média ou alta com o conceito, o que indica uma crescente consciência de sua importância. Para o mercado brasileiro, o estudo aponta um campo fértil para inovação — desde que haja preparo técnico, estratégico e cultural para a transformação digital.>