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Thais Borges
Publicado em 14 de novembro de 2025 às 10:15
Pela primeira vez desde a inauguração do sistema, em 2014, uma mulher está à frente Metrô Bahia. Na concessionária desde o início, a engenheira Juliana Romão foi anunciada no início do mês como a nova diretora da concessionária. Ela tem mais de 24 anos de experiência em sistemas metroviários e, desde 2021, era a gerente executiva de Manutenção do Metrô. >
“Nós temos interesse, claro, em projetos de expansão”, disse Juliana, em entrevista. “A gente acha que, nas nossas estações, podemos ter mais promotores de serviços buscando trazer mais comodidade e conveniência”. Ela conversou com o CORREIO sobre desafios e o futuro da operação. >
Metrô Bahia
Quais são os planos de vocês e os desafios deste momento para o Metrô Bahia? >
Com certeza alguns dos nossos principais desafios são a manutenção e modernização da estrutura, e a extensão da rede também. A gente quer buscar o entendimento da necessidade dos clientes para garantir que está oferecendo um serviço de qualidade e sustentável acima de tudo. >
O metrô vai ser ampliado até o Campo Grande e o consórcio que vai construir já foi anunciado. Vocês podem ou pretendem ter alguma participação? >
A operação é uma obrigação nossa, no entanto a operação da expansão está sendo tratada pelo poder concedente, que é o Estado da Bahia. Mas estamos super animados e preparados para essa operação que vai melhorar ainda mais a mobilidade, trazer mais tecnologia e conforto para esse equipamento importante.>
O que esse trecho vai ter de diferente?>
É uma extensão de mais dois quilômetros que vai atender a toda essa população da região e agregar também melhores serviços. O deslocamento vai ser mais rápido até o Centro da cidade. Em 2021, foi feito um estudo que quantificou não só o impacto do metrô no meio ambiente como o tempo médio de viagem. De Mussurunga até a (Estação da) Lapa, o cliente chega a economizar 18 dias úteis no ano em tempo de mobilidade. >
O sistema tem essa capacidade de transportar muitas pessoas de forma mais rápida e isso devolve o que é mais importante: o tempo da pessoa. Ela pode estudar, ler um livro e usar o tempo dela também no deslocamento. >
Mas há previsão de expansão para outras linhas?>
Nós temos interesse, claro, em projetos de expansão. Estamos sempre à disposição do estado e não tenho dúvida de que é um modelo que traz benefícios para a cidade como um todo. >
Vocês identificam algum trecho do trajeto que é subutilizado e que poderia ser reforçado? >
Subutilizado não. Mas a gente acha que, nas nossas estações, podemos ter mais promotores de serviços buscando trazer mais comodidade e mais conveniência através de serviço e comércio. A gente vem buscando parceiros nesse sentido, bem como também promovendo ações culturais. >
A senhora está no Metrô Bahia desde o começo e é a primeira mulher a ocupar o cargo mais alto. O que sua gestão trará de diferente? >
Para mim, é um grande orgulho e uma responsabilidade grande também. Acredito muito que a diversidade e a inclusão são os pilares fundamentais para o sucesso de qualquer empresa e queremos incentivar outras mulheres a entrar para o setor de transporte. >
Que iniciativas para a igualdade de gênero vocês têm na empresa? >
No dia 17 de outubro tivemos uma formatura inteira de mulheres operadoras de trem. Temos também uma primeira turma de uma parceria com o Senai Dendezeiros para formar manutencistas técnicas mulheres que gostariam de aprender mais, ter uma nova certificação para o seu currículo e têm o desejo de trabalhar no setor metroviário>
Atualmente, somos 32% de mulheres nos cargos de liderança da empresa, mas a meta é obviamente ampliar esse percentual. No total da empresa, também é em torno disso - liderança reflete esse percentual. A gente também desenvolve ações afirmativas para contratação de mulheres, acompanhamentos de colaboradoras grávidas. A gente quer tornar o ambiente cada vez mais saudável e igualitário. >
Você é uma pessoa que cresceu na empresa. Que oportunidades vocês têm hoje abertas para quem quer trabalhar no Metrô Bahia? >
Hoje, temos várias oportunidades disponíveis no nosso site e nos nossos canais de comunicação. Basta os interessados observarem as informações e as características e ter vontade realmente de contribuir e trabalhar com esse setor tão importante. A vontade rompe qualquer barreira. >
Com 11 anos de operação, qual é o impacto do metrô para a mobilidade?>
Eu lembro que o fluxo de veículos era muito complicado (antes da chegada), havia regiões em que, para rodar cinco ou seis quilômetros, você precisava de até uma hora e meia. Na fluidez do trânsito, não tenho dúvida de que o metrô trouxe essa melhoria. Vale destacar a redução das emissões de gases (que causam o efeito estufa). No estudo que fizemos até 2021, identificamos que retiramos o equivalente a mais de 23 mil veículos da rua. O impacto não é só social e econômico, mas também ambiental. >