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Bahia é o segundo estado com mais mortes em acidentes de moto do país

Mortes em acidentes com moto equivalem a 30% do total de mortes no trânsito na Bahia

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 16 de maio de 2025 às 06:00

Mototáxi
Mototáxi Crédito: Divulgação/Uber

Um professor de 53 anos, identificado como João Vargas Leal Junior, perdeu a vida quando a motocicleta que pilotava bateu de frente com um caminhão, na BR-415, entre Itabuna e Ilhéus, no Sul da Bahia. O caso, ocorrido no dia 8 de dezembro de 2023, se soma a outras 938 mortes em decorrência de acidentes envolvendo moto na Bahia. O estado é o segundo a registrar o maior número de óbitos nessas circunstâncias, conforme aponta o Atlas da Violência, estudo produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Só São Paulo supera a Bahia em número de mortes em acidentes de moto, com 1.719 casos. No entanto, o estado paulista lidera a estatística desde 2013, enquanto a Bahia passou a ocupar a segunda posição de forma inédita, após registrar crescimento de 35,3% no número de ocorrências entre 2013 e 2023.

Para Luide Souza, especialista em trânsito, dois fatores contribuem para a mortalidade em acidentes envolvendo moto. O primeiro deles é o fato de a Bahia ter uma das maiores malhas rodoviárias e a maior frota do país, o que favorece um maior fluxo de veículos maiores e mais pesados nas vias.

O outro fator é a irregularidade dos motociclistas. “A frota de motocicletas é maior do que o número de habilitados nesta categoria, o que sugere que existe grande quantidade de condutores pilotando motos sem ser habilitados. Como consequência, ficam em trânsito pessoas que desconhecem as regras de trânsito”, ressalta Luide.

Ele aponta que, a partir da pandemia, houve um aumento significativo de transportes por aplicativo, levando mais motocicletas às ruas, o que pode ter contribuído para o aumento de mortes. “Estes profissionais trabalham por produtividade, o que implica em desenvolver velocidade para alcançar metas”, pontua.

Em todo o ano de 2023, a Bahia contabilizou 2.747 mortes em ocorrências de trânsito, sendo que 34,2% desses casos corresponderam a acidentes com moto. As estradas baianas foram palco de 177 mortes, conforme dados da Polícia Rodoviária Federal na Bahia (PRF-BA), que naquele ano registrou 1.387 acidentes do tipo.

Fábio Rocha, policial rodoviário e integrante do núcleo de comunicação da entidade, diz que a PRF observa que, nas rodovias federais que cortam a Bahia, a alta incidência de acidentes envolvendo motociclistas também se deve, muitas vezes, ao aumento do número de motos circulando no estado, sendo utilizadas como principal meio de transporte e trabalho em áreas urbanas e rurais.

“Além disso, são frequentes os flagrantes de condutores sem habilitação, o não uso do capacete e o desrespeito às normas de circulação, como ultrapassagens perigosas e excesso de velocidade. A vulnerabilidade estrutural da motocicleta, combinada à imprudência e à baixa proteção em caso de sinistro, agrava os riscos e as consequências desses acidentes”, acrescenta Fábio.

Ele afirma que a PRF tem atuado de forma contínua com ações de fiscalização e educação para o trânsito, mas a reversão desses indicadores exige o engajamento de toda a sociedade e uma articulação mais ampla com os demais entes federativos. “Ainda há uma cultura de desrespeito à legislação de trânsito por parte de alguns condutores, associada à dificuldade de fiscalização em áreas remotas e ao crescimento acelerado da frota”, enfatiza.

A mudança desse cenário, na perspectiva do policial rodoviário, demanda investimento em infraestrutura viária, ampliação da fiscalização, formação de condutores e campanhas permanentes de conscientização. Enquanto isso não consegue ser implementado de forma adequada, os motociclistas são, via de regra, o que mais sofrem, porque são os mais vulneráveis no trânsito.

Essa vulnerabilidade existe porque a própria estrutura da motocicleta oferece pouca proteção ao condutor e ao passageiro. “Em situações de acidente, mesmo em velocidades moderadas, as chances de ferimentos graves ou fatais são significativamente maiores do que em veículos de quatro rodas. Além disso, muitos motociclistas desrespeitam regras básicas de segurança, como o uso do capacete e vestimentas apropriadas, aumentando ainda mais a exposição aos riscos”, diz Fábio Rocha.

Para evitar novos casos e se proteger no trânsito, a recomendação é para que os motociclistas usem corretamente o capacete e os demais equipamentos de segurança, como jaquetas com proteção, calçados fechados e luvas. Também é fundamental o respeito aos limites de velocidade, a manutenção da distância segura de outros veículos e adoção de práticas responsáveis, como evitar ultrapassagens indevidas e estar sempre atento às condições da via. Outro ponto importante é manter a manutenção da moto em dia e estar com a documentação regularizada.