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Larissa Almeida
Publicado em 22 de agosto de 2025 às 06:00
A Bahia subiu no ranking dos estados que mais registraram mortes de mulheres por feminicídio em 2025. Com 57 casos computados de janeiro a julho deste ano, o estado ultrapassou o Rio Grande do Sul e ficou atrás apenas de São Paulo (129) e Minas Gerais (71), segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp).
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Apesar de ter reduzido pela metade a quantidade de mortes de mulheres em relação ao ano passado – em 2024, nesse mesmo período, já tinham sido registradas 111 ocorrências –, a Bahia não apenas teve aumento em proporção de mortes por estado, como também superou a taxa nacional ao contabilizar 0,66 mortes a cada 100 mil habitantes. O Brasil, atualmente, tem taxa de 0,65 mortes a cada 100 mil habitantes. >
De tão recorrente, os crimes cometidos por feminicidas já fizeram mais vítimas em agosto. A morte chocante da contadora Laina Santana Costa Guedes, 37 anos, que foi assassinada a marretadas pelo marido na última terça-feira (19), soma-se à perda da vida de pelo menos outras 62 mulheres na Bahia por feminicídio neste ano, de acordo com dados da Polícia Civil levantados até o dia 20 deste mês. >
Um dos casos mais emblemáticos foi a morte de Catarine de Souza Cerqueira, de 27 anos, que foi assassinada na frente dos filhos de 3 e 7 anos pelo ex-companheiro, identificado como Paulo Sérgio Santos Cerqueira. Ele não aceitava o fim do relacionamento e a matou no dia em que ela ia se divorciar. O caso aconteceu em São João do Cabrito, no Subúrbio de Salvador. >
Para Vanessa Cavalcanti, professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, gênero e feminismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), alguns dos crimes mais chocantes que têm sido vistos têm reforçado a ideia de dominação, o machismo e a potencialidade de modos ultraviolentos dos agressores. >
Ela defende a existência de protocolos, inclusive, para mídias e redes poderem servir de base educativa, assim como maior incentivo aos processos de construção da cidadania e do bem viver. Enquanto isso, admite que ainda é preciso um esforço conjunto para uma análise mais profunda das nuances desses crimes, levando em conta o ambiente em que eles acontecem e as condições relacionais. >
Gabriela Vergolino, pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (PPGNEIM/Ufba, também defende medidas educativas para a sociedade. “É urgente investir em uma educação especializada, com perspectiva de gênero, fundamental na prevenção e combate às violências contra as mulheres, promovendo conscientização sobre o problema, desconstrução de estereótipos e promoção de relações saudáveis e igualitárias. >
Ainda, destaca a importância da denúncia. “Quando se vive o ciclo da violência muitas vezes não se tem consciência de que é possível romper esse ciclo, por isso a importância de rede de apoio e do acesso à informação sobre direitos e garantias conferidas às mulheres são tão importantes. Uma vez identificada a violência, há caminhos aos quais recorrer”, garante. >
Veja onde denunciar casos de violência contra a mulher