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Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A carioca Rosane Santos tem quase um ano de Bamin, nove meses de Salvador, mas diz já se sentir baiana, tal a acolhida que recebeu aqui. Está em casa também profissionalmente falando. Profissional bem sucedida na área financeira, ela conta que em determinado momento sentiu a necessidade de trabalhar mais com gente do que com os números. Hoje Rosane é diretora de ESG, Meio Ambiente, Relações com Comunidades e Comunicação da Bamin – empresa que é responsável pela Mina Pedra de Ferro, o primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul. >
Os três projetos da mineradora devem permitir a produção e o escoamento de 26 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, o que deverá trazer um enorme impacto econômico para o estado da Bahia, especialmente para os municípios diretamente ligados mineração e o escoamento da produção. Mas o trabalho de Rosane é ajudar a Bamin a conseguir entregar o legado sonhado pela empresa: transformar a realidade social de municípios que têm histórias de carências socioeconômicas através da geração de milhares de empregos e oportunidades de renda. >
“Em algum momento da minha vida, eu decidi que queria olhar para as empresas dentro de uma outra perspectiva, foi quando eu comecei a me provocar a respeito das discursões sobre propósito e sobre legado”, lembra. A grande pergunta era, o que fazer em relação ao trabalho, que toma tanto tempo da gente? “Por que não fazer disso algo mais prazeroso? Isso gerou várias inquietações em mim”, lembrou durante a participação no programa Política & Economia ontem, no Instagram do CORREIO (@correio24horas), apresentado pelo jornalista Donaldson Gomes. >
Durante uma pós-graduação fora do Brasil, a executiva conta que teve contato com iniciativas relacionadas à Sustentabilidade muito mais avançadas do que se via por aqui. “Neste processo de transição de carreira, eu entendi que para mim fazia sentido trabalhar com sustentabilidade”, diz. “Antigamente”, em 2016, o conceito de Sustentabilidade estava alguns passos atrás. Na época, Rosane trabalhava numa montadora japonesa e se voluntariou para trabalhar no instituto corporativo da organização. >
Começou cuidando das finanças da organização, até que surgiu a oportunidade de presidir a instituição. Daí foi um pulo até ser convidada para criar a área de sustentabilidade da montadora no Brasil e posteriormente na América Latina. >
Nos últimos anos, com o advento da Agenda ESG, sigla que faz referência ao conjunto de responsabilidades ambientais, sociais e de gestão, trouxe a necessidade de se trabalhar com o gerenciamento de riscos corporativos e o impacto disto para os negócios. “Eu trago muita coisa da minha experiência anterior, eu consigo trazer tudo para a lógica do negócio, mas com um olhar mais positivo”, destaca. >
Para Rosane Santos, historicamente as preocupações das organizações em relação às causas sociais e ambientais vêm numa crescente. “Talvez esta evolução tenha sido um pouco mais lenta e finalmente estejamos percebendo uma preocupação mais genuína, intensa e pragmática agora”, pondera. “A gente está num momento em que não dá para negligenciar discussões. É muito rico, transformador e inédito o momento em que podemos sentar e discutir projetos relacionados a mudanças climáticas numa organização privada”, diz. “Antes isso era apenas para organizações mais maduras e em países ricos. Aqui não se falava com o refino que temos hoje”, compara. >
“Os temas estão em pauta, estão sendo discutidos. Alguns de maneira mais profunda e outros de maneira mais rasa, mas estão entrando na discussão”, pondera. O problema é que há tanta coisa para fazer e ainda não existe um regramento relacionado ao ESG, a agenda acaba “adquirindo a profundidade que a organização quiser”, diz Rosane. “Isso faz com que tenha muita coisa legal, mas também iniciativas que não necessariamente conduzam para resultados práticos, que são aqueles transformacionais”, avalia. >
Uma diferenciação importante defendida pela executiva da Bamin é a que separa Sustentabilidade de ESG. “São conceitos paralelos, um se alimenta do outro, são complementares, mas diferentes”, diz. Sustentabilidade é o que a empresa faz em relação ao Meio Ambiente, às comunidades, seus colaboradores e demais públicos. É a execução em si. Por outro lado, o ESG adquire força a partir da percepção do mercado de capitais. A agenda ESG surge para organizar e padronizar as práticas de responsabilidades. “O ESG fala de métodos, indicadores e padrões internacionais, isso dá ao investidor a possibilidade de mensurar resultados”, destaca. >
O universo da Bamin A mina em Caetité ainda produz um volume pequeno de minério, mas quando operar a plena capacidade deverá atingir uma média anual de produção de 26 milhões de toneladas. O produto que será extraído em Caetité é um material considerado premium, pela sua alta concentração, e tem importância ambiental por conta de uma pegada de carbono mais baixa, explica Rosane. “A gente é sustentável na raiz”, diz. “É um produto que será sustentável para a gente e para nossos clientes”. >
“O primeiro desafio é entender onde a gente está. Este projeto vai colocar a Bahia como o terceiro maior produtor de ferro do país, seguido de Minas Gerais e Pará. A relevância disso é gigante”, acredita. “Não apenas a Bamin, mas as outras mineradoras que têm projetos na região precisam lidar com uma realidade muito séria. As necessidades socioeconômicas são gigantes”, avisa. >
Segundo Rosane, o projeto integrado percorre e impacta cerca de 40 municípios, entre Caetité e Ilhéus. “A gente está levando capacitação, desenvolvimento socioeconômico, desenvolvimento territorial, relacionamento, geração de impostos e outras coisas que existiam sem esta operação”, comenta. “É um projeto grande, de uma magnitude que até hoje me impressiona, tem uma relevância para a geografia muito grande”. >
“Sem a mineração, teríamos um vácuo de desenvolvimento muito grande”, acredita. >