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Bandidos aterrorizam veranistas e moradores no Litoral Norte

Desvalorização dos imóveis é uma das consequências da insegurança

  • D
  • Da Redação

Publicado em 28 de fevereiro de 2009 às 13:26

 - Atualizado há 2 anos

Uma casa de quatro quartos, com suítes, piscina e de frente para a Praia de Guarajuba, avaliada em R$ 400 mil, à venda por quase a metade do preço numa corretora da região.

À primeira vista, uma ótima oportunidade para se garantir um imóvel num local paradisíaco. Mas cuidado! Por trás da atraente oferta do mercado imobiliário - a princípio, justificada pela crise econômica -, ronda o perigo.

A ação de bandidos no litoral norte baiano vem tirando o sono de moradores e veranistas da região, que estão vendendo suas casas, algumas delas de luxo, a preços muito menores.

As investidas criminosas vão de pequenos furtos a invasões de residências, onde os moradores são mantidos reféns e até torturados. A audácia das quadrilhas especializadas nesse tipo de ação não tem limite e chega até a “burlar” a segurança de condomínios luxuosos - com câmeras de segurança por todos os lados e muros equipados com cercas elétricas - , a exemplo do Parque Interlagos, um dos mais exclusivos do estado e reduto de milionários.

No fim de janeiro deste ano, um grupo invadiu residências, roubou e espancou moradores, conforme relato de policiais da 26ª Delegacia (Vilas de Abrantes), onde foi instaurado um inquérito.

No início do mês, um assaltante arrombou uma casa, no também luxuoso condomínio Paraíso dos Lagos, em Guarajuba. Na ocasião, ele entrou na casa enquanto todos os moradores dormiam. Depois, fez todos reféns, fugindo com R$ 62 mil em espécie.

A aflição dos moradores e veranistas é a mesma sofrida pelos frequentadores da Ilha de Itaparica, que veio à tona há cerca de um mês, com o assassinato do empresário paraense Abel Harbovsky Aguillar, 36, baleado numa tentativa de assalto em seu barco.

“Em ambas regiões, falta um planejamento da Secretaria de Segurança Pública que seja capaz de atender às necessidades da população. A criminalidade evolui com uma velocidade muito grande”, avaliou o professor Carlos Alberto Costa Gomes, coordenador do Observatório de Segurança Pública da Universidade Salvador (Unifacs).

JAUÁ A situação mais crítica do litoral norte está em Jauá, distrito de Camaçari. Lá, há pelo menos cinco anos, os imóveis estão sendo desvalorizados, segundo o corretor imobiliário Marcos Paulo (nome fictício, a pedido da fonte), que há dez anos atua na região.

“Muitas pessoas estão vendendo suas casas porque suas propriedades foram invadidas diversas vezes. Em algumas situações, chagaram ao ponto de abandonar o local”, contou.

Há cerca de um ano, um casal do Rio Grande do Sul entregou uma casa de dois quartos com dependência em Jauá, onde pagavam o aluguel de R$ 400, após ter sido rendido na porta do imóvel. “Eles ficaram traumatizados e foram para Vilas do Atlântico, onde hoje têm a despesa de R$ 1 mil de aluguel”, relatou Marcos Paulo.

Ainda de acordo com ele, os assaltos vêm causando prejuízo também ao comércio local. “As pessoas ficam sabendo dessas ações e acabam deixando de vir, temendo a insegurança”, analisou.

No caso das invasões a residências, a maioria delas é realizada no período da baixa estação, quando as casas ficam fechadas. Bandidos arrombam os imóveis - alguns deles até em condomínios fechados - e levam tudo o que estiver ao alcance.

As vítimas, em sua totalidade veranistas, só dão conta quando retornam às propriedades, no Verão. Morador de Guarajuba, o policial militar J.S.S., 49, atribui ao tráfico de drogas a causa dos assaltos e arrombamentos. “Sem dinheiro, viciados passam a assaltar para manter a dependência química, principalmente o crack. Quando os traficantes chegaram a Jauá ( há cerca de dez anos), foi uma questão de tempo para o tráfico atingir outras localidades e levar a violência até lá”,destacou.

CORREIO havia feito alerta em abril A insegurança no litoral norte foi denunciada pelo CORREIO na edição de 13 de abril do ano passado, na reportagem Paraíso ameaçado. Na ocasião, homicídios, estupros e assaltos puxaram as estatísticas da escalada criminosa, que leva tensão ao litoral norte baiano.

Temerosos, moradores e comerciantes colocaram à venda suas propriedades, mas poucos conseguiram quem pagasse por elas. “Já fui assaltado várias vezes”, declarou, à época, o proprietário do Mercado e Depósito Fonseca, que tem uma loja no centro de Arembepe e outra no Loteamento Fonte das Águas, do outro lado da Estrada do Coco.

É tanto que uma casa comercial em Jauá, que na primeira reportagem encontrava-se à venda, até ontem não tinha comprador. Procurado pela equipe de reportagem, o proprietário disse apenas que “não há muitos interessados”.

A convivência com a criminalidade crescente tem modificado hábitos marcados pela tranquilidade, em balneários onde predominava um sossego diferente dos tensos espaços urbanos.

O inferno está se aproximando perigosamente do paradisíaco litoral norte. Grades nas janelas, portas fechadas mais cedo, placas de “vende-se” semeadas em jardins de casarões.

Com a escalada da violência, morar ou passar férias no litoral norte já não corresponde à imagem bucólica de um despreocupado descanso na rede, sob a brisa salobra que vemdo mar.

Dicas/Segurança- Não deixar muito tempo sem frequentar o imóvel, ou contratar alguém para tomar conta da casa, no caso de veranistas 

- Os moradores devem ficar atentos à presença de estranhos na região, onde é comum a ação de grupos de fora 

- Qualquer tipo de incidente deve ser comunicado à polícia 

Policiamento na região é considerado precário Titular da 26ª Delegacia desde dezembro último, a delegada Jamila Carvalho Santos reconhece que o problema no litoral norte é crônico e antigo e, com pouco efetivo, o combate à criminalidade torna a tarefa mais árdua.

“Hoje, temos 30 policiais. O ideal seria pelo menos o dobro”, disse a delegada, responsável pela unidade que atende às regiões de Arembepe, Jauá, Barra do Jacuípe, Abrantes e Catu de Abrantes.

“Mesmo com essas dificuldades, temos conseguido êxito em algumas situações”, disse Jamila, fazendo referência à prisão de Wellington Gomes de Assis, autor do assalto ao condomínio Paraíso dos Lagos.

Ele teria tido acesso ao local através de um buraco de uma obra inacabada nos fundos do condomínio. No caso do assalto seguido de agressão em Interlagos, a delegada pouco soube informar do fato.

Isso porque nenhum morador ou representante da segurança do condomínio compareceu à delegacia no dia seguinte para prestar depoimento. “Soubemos do assalto através de terceiros. Enviei uma guarnição até o local, mas os agentes tiveram dificuldade em entrar no condomínio. Como é que pode? Bandido entrar e a polícia não?”, questionou.

Segundo ela, boa parte dos criminosos é de Lauro de Freitas e Salvador. “Já prendemos aqui bandidos da Boca do Rio”, relata.

OSTENSIVO O policiamento ostensivo no litoral norte também é precário.Um soldado da 59ª CIPM (Camaçari) disse que na unidade há 30 policiais e apenas duas viaturas e dois módulos para atender Vila de Abrantes, Arembepe, Barra de Jacuípe, Monte Gordo, Itacimirim e Barra de Pojuca.

“Assim fica impossível até de garantir a nossa própria segurança”, desabafou. Entretanto, o coronel Silvio Santos, responsável pela 59ª CIPM, rebateu a informação e garantiu que são 186 PMs, cinco viaturas e três módulos para atender a região. Ele acrescenta ainda que o número é suficiente para manter a segurança de moradores e veranistas.

(Notícia publicada na edição de 28/02/2009 do CORREIO)