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Bruno Wendel
Publicado em 22 de novembro de 2016 às 07:38
- Atualizado há 2 anos
A facção criminosa Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, também está na Bahia. Em reportagem publicada no último dia 27, o CORREIO mostrou que a facção carioca vem apostando no fornecimento de armas e drogas no mercado baiano, até então dominado pela maior facção do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), de origem paulista. A região Sul do estado tem sido a porta de entrada para a quadrilha carioca.>
“Historicamente, existe sempre uma tentativa de entrada do CV, mas ainda não há uma consolidação, porque não há seguidores, diferente do PPC, que é mais organizado”, declarou o promotor Luciano Taques Ghignone, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MP-BA).A morte de mais de 20 pessoas em presídios pelo país, no início do mês passado, é resultado do fim do acordo de paz entre as duas maiores facções do país. Diante disso, a polícia baiana ligou o alerta e agora monitora os grupos. Segundo o promotor, que diz acompanhar a situação com cautela, “o monitoramento específico é realizado dentro das unidades prisionais pela Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) e, fora delas, pela Secretaria da Segurança Pública através da Superintendência de Inteligência (SI)”, comentou ele.“Quando a Seap percebe dentro dos presídios um clima diferente, começa a surgir alguma liderança, paralelo a isso, a SSP detecta o aumento de homicídios numa determinada área, essas informações são passadas ao MP-BA e a gente busca transferências de detentos”, detalhou o promotor.O diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Jorge Figueiredo, afirma que a Bahia nunca foi marcada pela rivalidade entre CV e PCC, mas confirma que a polícia tem acompanhado a movimentação dos grupos.“Aqui, verificamos a presença do PCC apenas como distribuidor (de drogas e armas), independente de qual seja o interessado. Os grupos locais têm mais força, firmando o PCC apenas como aliado no que se refere a fornecimento”, disse o diretor do Draco, ao garantir também que “a repressão vem sendo realizada de forma qualificada, através de análise criminal e dados de inteligência”.Um em cada três presos diz pertencer a facçõesUm levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), órgão do Ministério da Justiça, fez um raio-x do sistema penitenciário brasileiro em 2014, quando o estado possuía a 10ª maior população prisional brasileira, com 15.611 pessoas privadas de liberdade. Diante desse número, segundo o Sinspeb, é possível dizer que cerca de 30% dos presos se declaram, atualmente, membros de facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas.>
As informações em relação aos internos que cumprem penas em presídios foram cedidas ao Depen pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), enquanto os dados sobre custodiados em delegacias foram fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). No estado, em 2014, dos 15.611 referentes à população carcerária, 12.249 estavam em presídios. Deste universo, 11.664 eram homens e 585 mulheres. Já os presos em delegacias somavam 3.362, dos quais 3.284 são homens e 78 mulheres.>
No levantamento, o estado com mais presos é São Paulo, com 220.030, seguido de Minas Gerais, com 61.392, e Rio de Janeiro, com 40.301.>
Segundo o balanço, o número de presos sem condenação na Bahia é de 6.632. Os sem condenação com mais de 90 dias de aprisionamento eram, na época, 1.737. Logo, o percentual de presos sem condenação detidos há mais de 90 dias era de 26%. Com base neste recorte, a Bahia ocupava a 10ª posição – o 9º lugar é dos estados de Roraima e Pernambuco, com 29%, e a primeira posição é dividida pelo Amazonas e Amapá com 44%. >