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Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2021 às 21:23
- Atualizado há 2 anos
Uma conferência online com ideias, concordâncias, discordâncias e muita memória. Essa foi a tônica do bate-papo virtual com o tema Bahia "Tradição e Modernidade", que reuniu, mediados pelo radialista e ex-prefeito de Salvador Mário Kertész, quatro convidados para falar sobre a história e legado de Antônio Carlos Magalhães (1927-2007): o especialista em planejamento urbano, ex-senador e ex-secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia, Waldeck Ornelas; o cientista político, professor, ex-deputado estadual e ex-secretário de educação de Salvador, Paulo Fábio Dantas; o escritor e jornalista Fernando Vita e o sociólogo, jornalista e escritor Gustavo Falcón. >
O evento foi parte da programação da 11ª edição da Semana ACM, que anualmente homenageia o nascimento do senador Antônio Carlos Magalhães, sempre promovendo temas relevantes para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do estado. Nesta edição, transmitida pelo YouTube, o ponto de partida foi o legado do senador nas áreas de cultura, economia, política e administração pública, e como ele orientou as intervenções nesses segmentos, com o ideal de “construir o futuro sem destruir o passado”. Mário Kertész afirmou que ACM tinha uma capacidade enorme de projetar as etapas que queria alcançar. “Era uma característica importante. Estava dentro do planejamento dele ser uma figura política hegemônica na Bahia", disse Kertész. >
Presença histórica - Provocativo, o professor Paulo Fábio Dantas afirmou que ACM não foi alguém que estava acima do bem e do mal, classificando que o ex-prefeito, governador e senador foi consumido pela mundanidade por ter início, meio e fim. Ou seja: ACM foi um homem notável e de extrema visibilidade para a Bahia, mas sua história deve ser analisada como a de um homem e não como um deus. Dantas acredita que, dessa maneira, as discussões sobre o seu legado e trajetória ficam enriquecidas historicamente.>
"ACM é o tipo da memória que vai durar muito mais se for objeto de debate e não de homenagem. Ela vai ter muito mais futuro se provocar discussão, suscitar polêmica. Ele precisava de aclamação quando estava vivo porque era político e buscava aclamação. Agora não. Ele tentava fazer a aclamação parecer unanimidade porque o pluralismo, vamos combinar, nunca foi sua praia. Mas a unanimidade nunca existiu e não há sentido em desperdiçar esse momento em tentar fabricá-la. De onde ele está, acho que até agradeceria", afirmou.>
Fernando Vita disse que fica imaginando a figura do político inquieto, irreverente que ele sempre foi em relação aos seus adversários e até os seus aliados. “Imagino Antônio Carlos vivo no Brasil de agora, deste exato momento de antevéspera do 7 de Setembro diante de personagens completamente aloprados que somos levados forçosamente a conviver".>
Por sua vez, o sociólogo e doutor em História Fernando Vita destacou que não é possível falar da Bahia sem ACM e não é possível falar do político sem o Estado. "São duas histórias ligadas uma na outra, invariavelmente”. Durante as quase 2h de conversa, os cinco participantes analisaram as contradições, gostos e histórias que viveram junto a Antônio Carlos Magalhães, que completaria 94 anos de vida no próximo sábado (4). Ele faleceu aos 79 anos, no ano de 2007.>
"As lembranças que ele deixou formam um legado muito sólido para quem gosta ou quem não gosta", disse Paulo Dantas. No final das contas, a discussão concluiu que ACM era um homem de várias facetas e que possibilitava diversos olhares e pontos de vista sobre o mesmo personagem. Como disse Waldeck Ornelas, era alguém que realizou grandes transformações no Estado, mas ao mesmo tempo gerou - e gera- muita resistência, espaço para debate. Mas nunca sem sair da história do Estado.>
Novidade A edição desse ano marca também a abertura das novas instalações do Instituto, que agora está localizado na rua Professor Aristides Novis, 123, na Federação, com visitações abertas mediante agendamento de segunda a sexta, das 10 h às 12h e das 13H30 às 16h30. Presidente do Conselho de Administração da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior saudou a memória de ACM e destacou que um homem público precisa de três qualidades presentes no ex-senador: amor à terra, espírito público e uma visão de futuro que pouca gente tinha.>
"Essas qualidades fizeram com que ele se tornasse o maior político que essa terra já gerou em todos os tempos. Na administração pública, ele procurou modernizar a economia baiana com industrialização, agronegócio, o turismo que nunca foi bem trabalhado em várias gestões e também na revelação de talentos", afirmou. >
Braço social da Rede Bahia, o Instituto ACM é uma organização social privada, sem fins lucrativos, destituída de vinculação político-partidária, que tem como direcionamento atuar na promoção da cultura contemporânea e no apoio a projetos de preservação do seu patrimônio cultural, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do estado da Bahia. O local foi criado com o intuito de preservar a memória do Senador Antônio Carlos Magalhães e dar continuidade ao seu legado executado ao longo de 55 anos da sua vida pública.>