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Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2021 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
As festas juninas são um momento para a celebração a cultura nordestina, mas também um momento de festa para a agricultura. É quando o cheiro das comidas típicas invade até as cidades grandes e até mesmo a população da cidade volta a sua atenção para a vida no campo. Pelo segundo ano consecutivo, a pandemia impede os arrasta-pés, mas mesmo com todas as dificuldades, o homem do campo tem muito o que comemorar, acredita o produtor rural Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb). >
Humberto Miranda lembra que o momento é de dificuldades para todos porque a pandemia do coronavírus provocou mortes em todos os setores da sociedade e perdas econômicas, entre os produtores de frutas e leite, por exemplo, principalmente entre os de pequeno porte. “Esse problema afetou de fato a vida das pessoas e o negócio rural, mas o setor criou neste momento difícil um slogan, ‘o agro não pode parar’, e a gente realmente não podia parar”, lembrou durante conversa com o jornalista Donaldson Gomes, no Programa Política & Economia, veiculado ontem no Instagram do CORREIO (@correio24horas). >
O produtor continuou, com todos os cuidados, usando máscara, álcool em gel, seguindo todas as orientações da área de saúde, diz. Em 2020, a agropecuária registrou a maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia nos últimos dez anos, destaca. “Mais de 23% do PIB, mais de 23% das exportações do estado foram do setor, alguns produtos se valorizaram”, enumera. Ele lembra que a região Oeste bateu recordes de produção, com mais de 10 milhões de toneladas de grãos. >
“É bom registrar que nem tudo são flores, os custos de produção aumentaram muito porque os insumos de produção são baseados no dólar”, explica. Mesmo produtos locais, como soja e milho registraram alta nos preços, influenciados pelo mercado internacional. “Isso impactou atividades como suinocultura e a avicultura, entre outras”. >
Ele acredita que o sentimento de posse, de amor mesmo, em relação à terra ultrapassa os aspectos econômicos. “Eu mesmo ando por tudo quanto é canto, mas nada se compara com minha roça, ela me energiza. Eu volto de lá pronto para enfrentar a semana”, diz. >
“O São João é parte da nossa cultura, da nossa história e é, inclusive, o momento do reencontro”, destaca Humberto Miranda. Ele é natural de Miguel Calmon e conta que neste período, em situações normais, os festejos costumam atrair conterrâneos dos lugares mais distantes. “A gente entende este momento que o mundo inteiro está passando e que afetou inclusive essa tradição tão importante para nós”. >
Agricultura caminha para outro ano bom A abertura de novos mercados foi um dos principais fatores que explicam o recorde de produção registrado pela agricultura baiana em 2020. Além de ampliar a sua participação da composição do PIB, o setor registrou um aumento no valor da produção, que passou de algo em torno de R$ 60 bilhões para R$ 72,4 bilhões. “Houve um crescimento significativo em números absolutos. Isso se deu por essa abertura de mercado, que ajudou muito, o dólar subiu e, ao mesmo tempo em que elevou custos, valorizou algumas commodities”, explica .>
Mesmo vindo de ano recorde, a Bahia tem tudo para ter em 2021 um outro ano positivo no setor agropecuário, aponta Miranda. “Nossa indústria é a céu aberto e fica exposta a uma série de fatores, então a assertividade do resultado é só quando fecha mesmo o ano, mas se nada mudar os prognósticos são de na pior das hipóteses manter uma posição muito boa”, diz. >
Ele destaca a expectativa de retomada em atividades que se retraíram por conta da covid-19. “Estamos com boas sinalizações para as produções de manga e uva”, exemplifica. >
Entre os gargalos para um ritmo de crescimento maior, ele lembra problemas como a falta de energia elétrica, inclusive no Oeste, um dos principais polos agrícolas do estado. “Tem empresas que deixam de se instalar na região, levando emprego e renda, por falta de uma coisa básica que é energia elétrica”, diz. >
Além disso, há problemas na infraestrutura de escoamento, lembra. “Tem estradas estaduais que são asfaltadas pelos produtores”, diz. Outro problema é a falta de conectividade. “Um grande empresário consegue instalar uma torre em sua propriedade e resolve este problema, mas temos milhares de pequenos produtores que ficam até sem conseguir falar com suas famílias”, diz. “Além disso, a tecnologia vai permitir que ele tenha o acesso à educação, conheça as melhores tecnologias e tenha o conhecimento necessário para desenvolver a sua atividade”, afirma.>
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