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Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2023 às 06:59
Seis pessoas em Jitaúna, no centro-sul da Bahia, foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF), devido a fraudes e desvios de recursos de licitações voltadas à contratação de empresas de prestação de serviços médicos para o município.>
As investigações do MPF apontam a participação de gestores, servidores públicos e empresários, que teriam atuado na montagem e direcionamento de procedimentos de dispensa de licitação de contratos realizados em 2017.>
As investigações começaram em março de 2021, após um inquérito policial ter sido instaurado. Segundo o órgão federal, as contratações diretas eram feitas de maneira irregular, com procedimentos abertos e finalizados num único dia, cotações com preços idênticos fornecidos pelas mesmas empresas, aditivos sem justificativa e pagamentos fora do prazo.>
Também foram contratados serviços nas mesmas áreas para as quais o município já dispunha de profissionais pagos diretamente pelos cofres públicos, ou seja, houve pagamentos em duplicidade a profissionais de saúde que figuravam tanto na folha de pagamento da prefeitura como na relação de prestadores de serviços. >
Há evidências, ainda, de que uma das empresas contratadas não possuía estrutura e porte econômico para prestar os serviços pactuados, ou sequer existia de fato.>
Os investigados foram denunciados pelos crimes de dispensa de licitação sem o cumprimento das formalidades legais (art. 89 da Lei 8.666/1993), frustração de procedimento licitatório (art. 90 da Lei 8.666/1993) e desvio de verbas públicas (art. 1º, inciso I, Decreto-Lei 201/1967), na medida de suas participações. >
O Ministério Público Federal pede, também, a decretação da perda de cargo e a inabilitação dos denunciados, pelo prazo de cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública, além da reparação do dano causado ao erário, no valor mínimo de cerca de R$ 289 mil. >
A denúncia foi apresentada na sexta-feira passada (20), em razão de foro por prerrogativa de função, ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Cabe agora ao TRF1 analisar o caso e decidir se aceita a denúncia. Em caso de recebimento, os denunciados passarão à condição de réus. >
Procurada pela reportagem, a Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR1) afirmou que, em razão de o procedimento ainda estar sob sigilo, não tem autorização para fornecer mais informações sobre o caso.>
Município se colocou à disposição da Justiça >
Por meio de nota, a prefeitura de Jitaúna disse estar ciente da denúncia e que, até a emissão do comunicado, “o Município não teve acesso ao teor da denúncia, sendo do nosso conhecimento apenas os exatos termos do quanto está sendo divulgado nas redes sociais e em nota expedida pelo MPF”. >
Além disso, informou que “o Município está à plena disposição dos órgãos de investigação e do Poder Judiciário para contribuição com o andamento processual e elucidação dos fatos”. >
A reportagem também buscou contatar o prefeito à época do ocorrido e deputado estadual recém-eleito, Patrick Lopes (Avante), e o atual gestor, Marcelo Pecorelli (Pros), mas sua assessoria jurídica apenas reforçou o posicionamento do município. “Até o presente momento, não conseguimos ter acesso à denúncia, devido ao sigilo dos autos”, respondeu. >